Este é o mais novo órgão descoberto; ele pode explicar como o câncer se espalha
Uma recém-descoberta rede de fluidos que funciona como pequenos canais no corpo humano pode ser o mais novo órgão humano classificado. O mais interessante sobre esta rede é que ela pode ser a chave para entender como as células cancerosas viajam pelo corpo.
Esta descoberta foi feita por acidente, em exames endoscópicos, um procedimento em que uma pequena câmera é inserida no trato gastrointestinal do paciente. Novas técnicas permitem que médicos usem este procedimento para ter uma visão microscópica do tecido do estômago do paciente, e isso trouxe resultados inesperados.
Uma equipe de pesquisadores que usaram o exame em seu trabalho esperavam que o duto da bile fosse cercado por uma parede densa e dura de tecido, mas eles encontraram padrões estranhos. Os resultados foram então levados a Neil Theise, patologista da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.
Absorção de choque
Quando Theise usou o mesmo equipamento de endoscopia para analisar a pele de seu próprio nariz, ele viu um resultado parecido. A análise de outros órgãos também mostrou a mesma coisa. Havia um padrão de um tipo de fluido movimentando-se por canais que estão em toda a parte do corpo.
Theise acredita que todo tecido no corpo pode ser cercado por uma rede desses canais, o que essencialmente constituiria um novo órgão. A equipe estima que o órgão contenha 20% de todo o volume de fluido do corpo humano. “Achamos que ele absorve o choque”, diz Theise.
Este órgão nunca foi visto antes porque técnicas tradicionais de visualização de tecidos humanos fazem com que os canais sequem, e as fibras de colágeno que dão estrutura a eles entra em colapso. Isso poderia fazer com que esses canais pareçam uma parede dura e densa de tecido protetor, ao invés de um pequeno colchão de água.
Transporte de câncer
Além de proteger os órgãos, essa rede também pode ajudar na metástase do câncer. Quando a equipe de Theise analisou amostras tiradas de pessoas com câncer, foram encontradas evidências de que as células cancerosas viajaram de seus tecidos originais através desses canais, que as carregaram diretamente para o sistema linfático. “Quando elas entram ali, estão em um toboágua. Temos uma nova janela para o mecanismo que espalha tumores”, diz ele.
Theise e seus colegas estão investigando se um novo exame que analisa o fluido desses canais poderia trazer um diagnóstico mais precoce do câncer. O órgão também pode estar envolvido em outros problemas, como o edema, uma doença rara de fígado, e outros problemas inflamatórios. [New Scientist]