Estranho ‘apito deslizante’ de rajada rápida de rádio captado por telescópio caçador de alienígenas desafia explicação

Por , em 20.12.2023

Astrônomos observaram 35 explosões extraordinárias de uma “rajada rápida de rádio” (FRB, na sigla em inglês) que se repetia, caracterizada por uma variação de frequência semelhante a um “apito deslizante cósmico”, revelando um padrão intrigante e inédito.

As FRBs são lampejos de luz de curta duração, medindo apenas milissegundos, originários de fora da Via Láctea. Elas são capazes de emitir em poucos segundos uma quantidade de energia equivalente à produzida pelo Sol durante um ano inteiro. Acredita-se que esses fenômenos surjam de estrelas de nêutrons com campos magnéticos intensos, conhecidas como magnetars, ou de eventos cósmicos significativos, como colisões estelares ou a transformação de estrelas de nêutrons em buracos negros. Uma característica notável é que algumas FRBs são “repetidoras”, ou seja, emitem múltiplas explosões a partir do mesmo ponto no céu, diferentemente da maioria das FRBs, que aparecem uma única vez e depois desaparecem.

Nesta pesquisa específica, o grupo de cientistas utilizou o Allen Telescope Array (ATA) do Instituto SETI para estudar uma FRB repetidora altamente ativa, identificada como FRB 20220912A. Durante 541 horas, aproximadamente 23 dias, eles observaram que os surtos de radiação da FRB abrangiam um amplo espectro de frequências na região de ondas de rádio do espectro eletromagnético, formando eventualmente um padrão fascinante nunca antes visto.

Esses novos dados podem ser cruciais para desvendar o mistério da origem das FRBs no espaço profundo e por que apenas uma pequena minoria desses intensos e rápidos surtos de radiação se repete.

Sofia Sheikh, autora principal do estudo e pesquisadora pós-doutoranda no Instituto SETI, manifestou seu entusiasmo em uma declaração, salientando que a pesquisa confirmou características já conhecidas das FRBs e também revelou novas. “Estamos cada vez mais próximos de identificar a fonte das FRBs, possivelmente objetos extremos como magnetars, mas nenhum modelo existente consegue explicar todas as propriedades observadas até agora”, disse ela.

Os resultados foram aceitos para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e estão disponíveis para consulta no site arXiv.org.

Durante a observação, Sheikh e sua equipe perceberam que os surtos de radiação da FRB 20220912A diminuíam em frequência. Ao converter essas mudanças de frequência em notas musicais, elas soavam como o tom descendente de um apito deslizante, um comportamento nunca antes visto em FRBs. Essa análise também permitiu aos pesquisadores estabelecer um limite para a intensidade dos surtos dessa FRB, indicando sua contribuição para a taxa total de sinais cósmicos.

A equipe observou um padrão claro na frequência dos surtos da FRB, mas não encontrou um padrão consistente na duração dos surtos ou nos intervalos entre eles, ressaltando a imprevisibilidade inerente às FRBs repetidoras.

Além disso, o estudo demonstrou a importância do ATA do SETI, inicialmente projetado para procurar sinais de rádio de inteligências extraterrestres, para o avanço do entendimento das FRBs, contribuindo assim para o estudo de alguns dos eventos e objetos mais extremos do universo.

Sheikh comentou sobre a importância desta pesquisa com o ATA, afirmando: “Tem sido uma experiência notável participar da primeira pesquisa de FRB realizada com o ATA. Isso mostra que novos telescópios com características únicas, como o ATA, podem oferecer perspectivas inéditas sobre mistérios persistentes na ciência das FRBs.”

[Live Science]

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