Estranho: esta estrela pisca a cada 2 minutos
Astrônomos acreditam ter finalmente solucionado um mistério estelar que tem dado muita dor de cabeça aos pesquisadores nos últimos 40 anos: por que uma estrela chamada AR Scorpii pisca a cada dois minutos? Novas observações mostram que o sistema em que a AR Scorpii está inserida é muito diferente dos outros.
Ela está a 380 anos-luz de distância da Terra, na constelação Scorpius, e foi observada pela primeira vez na década de 1970. Logo depois de sua descoberta, pesquisadores a classificaram como uma estrela variável solitária, e assim justificaram o seu brilho intermitente. Em 2015, porém, um grupo internacional de astrônomos amadores percebeu que o sistema parecia estar agindo de forma nunca antes vista pelos cientistas.
Usando vários telescópios como o Hubble e o Very Large Telescope, os pesquisadores amadores perceberam que a AR Scorpii não é apenas uma, mas duas estrelas. O mais curioso sobre as duas estrelas é que elas estão envolvidas em um tipo de dança em que elas se cruzam a cada 3,6 horas.
A dupla é composta por uma estrela anã branca do tamanho da Terra – mas com massa 200 mil vezes maior – e por uma anã vermelha que tem o tamanho de um terço do nosso Sol.
A luz piscante que é vista da Terra provavelmente acontece porque a anã branca gira tão rápido que seus elétrons ganham energia com a velocidade da luz. Essa energia toda atinge sua parceira vermelha, que libera um enorme pulso de radiação eletromagnética a cada 1,97 minutos – ou quase 2 minutos. Por isso, ela pisca. O pulso de radiação da anã vermelha vai do ultravioleta até a radiofrequência.
“A força do pulso não tem precedentes”, diz o pesquisador Thomas Marsh, da Universidade de Warwick (Reino Unido). Para se ter uma noção, esse tipo de energia é observado em estrelas de nêutrons, que são formadas pelo colapso de uma estrela depois que ela explode.
Apesar de alguns já terem previsto que a anã branca poderia mostrar comportamento semelhante, ninguém esperava ver isto vindo de um sistema binário tão incomum. Pior ainda, astrônomos não conseguem explicar de onde esses elétrons supercarregados estão vindo. Eles podem estar associados tanto com o giro acelerado da anã branca como podem estar vindo da anã vermelha, que tem menos calor.
“Esses elétrons são muito incomuns. Há apenas outro sistema como esse, e elétrons relativísticos são difíceis de entender quando estão relacionados às anãs brancas, que normalmente não exibem um fenômeno de alta energia”, diz Marsh. “O que me empolga mais é que podemos estar vendo uma nova forma de acelerador cósmico de partículas”, afirma ele.
O trabalho foi publicado na revista Nature. Os pesquisadores vão continuar monitorando o sistema para tentar descobrir de onde os elétrons supercarregados estão sendo originados. [Science Alert]
2 comentários
Esse pisca pisca estelar podia muito bem ser um meio de comunicação extraterrestre, mas o céticos de plantão não deixariam acontecer rsrs…
Malditos céticos, sempre encontrando uma explicação envolvendo um fenômeno natural, em vez de saírem gritando “homenzinhos verdes!” porta afora…