Hubble registra nova ocorrência de “gêiser” gigante em lua de Júpiter

Por , em 15.04.2017

Na última quinta-feira, dia 13, a Nasa convocou uma coletiva de imprensa para revelar novidades sobre seu projeto de “mundos oceânicos”, que busca por sinais de vida em gigantes congelados do Universo. Além da descoberta de ingredientes para a formação da vida terem sido encontrados em Encélado, outra lua do Sistema Solar também fez parte do anúncio: Europa, a menor lua galileana de Júpiter.

Os cientistas da Nasa registraram, através do telescópio Hubble, uma nova ocorrência do que aparenta ser um gêiser gigante expelindo uma pluma (em hidrodinâmica, pluma é uma coluna de fluido se movendo dentro ou ao redor de outro) de vapor d’água perto do Equador do satélite. O fenômeno tinha sido registrado pela primeira vez em março de 2014 e esta recorrência é importante para reforçar a confiança de que ele é real, e não algum erro do sistema.

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A nova pluma atingiu 100 quilômetros de altura e foi avistada em fevereiro de 2016 no mesmo lugar em que um suposto jato menor tinha sido visto antes. A localização está bem no meio de uma parte incomumente quente da superfície de Europa identificada pela sonda Galileo no final dos anos 90.

Esses resultados são altamente sugestivos, mas não chegam ao nível de uma confirmação definitiva da pluma, relata o portal Space.com. “Não é completamente inequívoco, mas, para mim, o pêndulo passou da cautela ao otimismo”, declarou o líder do projeto, William Sparks, do Instituto de Astrobiologia da Nasa, durante a coletiva. “Europa é enorme, por isso deve requerer uma enorme quantidade de energia para que possamos observar este possível jato de água”.

A busca pelas plumas

Um enorme oceano de água líquida se esconde sob a concha gelada de Europa, tornando a lua de 3100 quilômetros de largura uma das melhores apostas para hospedar vida alienígena no Sistema Solar – muitos astrobiólogos classificam Europa e Encélado como as duas melhores candidatas.

Um grupo de pesquisa diferente detectou pela primeira vez uma aparente pluma na região polar sul de Europa no final de 2012, também usando o Hubble. Os astrônomos tentaram repetidamente confirmar o fenômeno, mas só no início de 2014, quando Sparks e sua equipe detectaram uma perto do equador da lua, é que houve algum progresso.

A detecção de março de 2014 (que os pesquisadores anunciaram em setembro passado) e a recém-anunciada foram feitas usando a “técnica de trânsito”. Enquanto Europa passava na frente de Júpiter da perspectiva do Hubble, as supostas plumas bloquearam um pouco da luz ultravioleta emitida pelo planeta gigante.

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“O fato de que temos uma repetição diz que, em um sentido estatístico formal, [o fenômeno] não pode acontecer por acaso”, disse Sparks.

O local onde ocorreram as plumas de 2014 e 2016 (destacado na imagem à esquerda) coincide com uma zona de calor na superfície de Europa (à direita). Imagem: Nasa

A imagem térmica realizada pela Galileo há duas décadas reforça essa interpretação, mostrando que as ocorrências de 2014 e 2016 aconteceram sobre uma região aquecida de Europa. Se a anomalia térmica e as plumas estão de fato causalmente ligadas, há duas possíveis explicações, disseram os pesquisadores. O escape de água através de rachaduras no gelo de Europa poderia aquecer a superfície ou a água da pluma pode estar caindo de volta neste ponto aquecido, mudando a estrutura fina da superfície e permitindo que ela segure calor mais tempo.

Vendo Europa de perto

A detecção destes candidatos a plumas está influenciando o planejamento da missão da Europa Clipper, projeto de US$ 2 bilhões da Nasa, que a agência pretende lançar no início da década de 2020.

A sonda Europa Clipper vai orbitar em torno de Júpiter e executar de 40 a 45 voos por Europa ao longo de vários anos. A sonda movida a energia solar usará vários instrumentos diferentes para estudar a camada de gelo da lua e o oceano subjacente, reunindo dados que devem ajudar os cientistas a avaliar a capacidade de Europa de abrigar a vida como a conhecemos.

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Segundo Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária da Nasa, a Clipper também vai procurar pelas plumas de Europa e, se possível, voar através delas, como a sonda Cassini fez com as poderosas e constantes plumas de Enceladus. Esses mergulhos através das plumas permitiriam à Clipper colher amostras do vasto e oculto oceano de Europa sem sequer precisar pousar na superfície do satélite.

“Se houver plumas na Europa, como agora fortemente suspeito, com a Europa Clipper estaremos prontos para elas”, afirmou Green em um comunicado. [Space.com, Nasa]

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