Evolução: a fofoca pode ter um papel protetor

Por , em 24.05.2011

Dizem por aí que ninguém gosta de ser alvo das histórias (verdadeiras ou não) que se espalham como fogo no celeiro: as famosas fofocas. Porém, um novo estudo sugere que a famigerada fofoca pode ter um ponto positivo. Segundo os pesquisadores, elas ajudam as pessoas distinguir seus amigos de seus inimigos.

”Chegamos à conclusão de que se trata de uma função protetora”, diz Eliza Bliss-Moreau, pesquisadora com pós-doutorado em Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade da Califórnia. “A fofoca nos ajuda a prever quem é nosso amigo ou inimigo sem experiência direta com essas pessoas”, completa.

Bliss-Moreau e seus colegas estudaram o impacto visual da fofoca. Os pesquisadores descobriram que nós prestamos mais atenção no rosto das pessoas sobre as quais ouvimos coisas negativas do que no rosto das pessoas sobre as quais ouvimos coisas positivas ou neutras.

“A partir da constatação, a ideia seria observar mais atentamente esses indivíduos de que ouvimos falar mal para podermos reunir mais informações sobre eles”, explica Bliss-Moreau. “Esse pode ser um mecanismo da nossa evolução para nos proteger de mentirosos e trapaceiros em potencial, pessoas à nossa volta que pode nos fazer mal”, adiciona.

A pesquisa sugere que a observação dos possíveis desordeiros por um longo período pode nos dar pistas se eles realmente são uma ameaça.

Os pesquisadores realizaram o estudo em torno de um fenômeno conhecido como rivalidade binocular. Isso acontece quando possuímos duas coisas distintas para olhar, o que cria uma rivalidade de atenção no nosso cérebro. A quantidade de tempo que você olha para cada imagem não é sempre controlada pelo seu consciente.

Para o estudo, os pesquisadores mostraram fotos de rostos aleatórios aos participantes enquanto descreviam coisas positivas, negativas ou neutras sobre a tal pessoa da foto.

Os comentários negativos incluíam informações como “jogou uma cadeira em seu colega de turma”. Os positivos seguiam a linha de “ajudou uma mulher idosa com suas compras”, enquanto os neutros não continham nenhuma informação relevante, como por exemplo “ultrapassou um homem na rua”.

Os participantes observaram duas imagens por vez: o rosto de uma das pessoas mencionadas anteriormente ou apenas a foto de uma casa. Só era possível olhar para uma das imagens de cada vez. Os cientistas perceberam que a maioria dos olhares se fixaram nos rostos associados às fofocas negativas.

Os resultados mostram que informações obtidas através de uma fofoca influenciam até a nossa visão. O que sabemos sobre alguém não só influencia como nos sentimos em relação à pessoa e o que pensamos sobre ela, como também direciona o nosso olhar.

“Se você ouvir boatos negativos sobre alguém e logo depois encontrar essa pessoa, é muito provável que você preste mais atenção ao seu comportamento”, exemplificam os pesquisadores. Fazemos isso porque após olharmos para o alvo da fofoca por um longo tempo e observar o seu comportamento, podemos descobrir se precisamos realmente nos proteger da pessoa ou não. [WebMD]

11 comentários

  • amoretudo:

    Muito interessante a ciência ratificar o que sabemos na prática. Claro que todos em algum momento fazem uma fofoca, mas creio q o caso da matéria é para os crônicos, os maldosos de plantão, que incansavelmente estão reparando qualquer movimento de sua “vítima” para tirar uma “conclusão” e espalhar como verdades. E embora pareça óbvio q estes são nossos inimigos, conheço pessoas que são inocentes e não atinam que os fofoqueiros são potenciais inimigos e que devemos relacionar com eles com cuidado.

  • gloria:

    Aqueles q dizem odiar fofocas, é q são os maiores fofoqueiros!Mostre-me alguém q nunca fez uma fofoquinha, e direi “achei um santo!”, do pau ôco, é claro.

    • ShadowsAV:

      Aham, quem diz que odeia fofoca é quem mais fofoca? E o que eu posso concluir com esse comentário que assume gostar de fofoca? Que você não é fofoqueira? Nada a vê, pelo seu comentário tá na cara que você só faz isso o dia todo, aposto que conto pra meia dúzia sobre essa matéria, deu opinião e ainda críticou quem diz não ser fofoqueiro.

    • rai:

      todos alguma vez ja falaram demais,mas a pessoa só faz fofoca quando lhe falta uma louça para lavar e um chão para varrer.Ve se pessoas que tem ocupação perdem o valioso tempo delas pra falar mau da vida alheia.Fofoca é a pior coisa que existe,porque as pessoas que a fazem nunca conhecem direito suas “vitimas”

  • Chessmaster_17:

    Poucas pessoas teriam sensibilidade consciente p/ detectar essas sutilezas de comportamento sujeridas pelos pesquisadores…

    Eu particularmente detesto fofocas, vejo como desvio de caráter. Quem propõe este tipo de conversa, no meu entendimento, está quase sempre mal intencionado.

    Existem muitas pessoas que se especializam em promover a destruição social de seus desafetos, espalhando mentiras, suposições, etc…o objetivo é muito claro, atrair p/ esta vítima, o máximo de inimigos possível…

  • Elizabeth:

    Não gosto de fofocas, mas foi graças a uma vizinha que falava mal da sua amiga, que resolvi me distanciar da vizinha fofoqueira. E foi ela mesma, com suas fofocas, que me deu o alerta de que não era boa pessoa.
    De fato, vendo por este ângulo, a fofoca teve seu lado bom.

  • gloria:

    Fofoca é uma coisa e calunia e mentiras, é outra coisa! Fazer fofocas é coisa de humanos amigos!Sempre falamos algo pelas costas de quem somos amigos , muitas verdades q ñ temos coragem de dizer na lata,e quando ficamos sabendo de tais falas perdoamos pois é tudo verdade ainda q doa um pouco , mas vamos perder nossa amizade p\ tão pouco!Como diz Maluf”Falem mal de mim , mas, falem de mim , ñ me deixem esquecido relegado a um canto qualquer”!

    • @AtomicBlue:

      Descordo, Gloria.
      Fazer fofoca não é coisa de “humanos amigos”, mas de gente que ainda não consegue enxergar o mundo e seu papel nele, e acaba se ocupando com o outro.

      Como estudante graduando, posso te dizer que, nesse mundo, temos bem mais a fazer do que pensar na vida dos outros, na atitude dos outros, em como são ou como vivem suas vidas.

  • Criancinha:

    Não de nome aos bois. Fofocas não são necessárias, apenas conselhos.

  • Alguém:

    Parabéns, ciência. Você “descobriu” mais uma coisa da qual todo mundo já sabia.

  • Ze da Feira:

    A evolução explica tudo.

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