Cérebro de pessoas com depressão é “resetado” com cogumelo mágico

Por , em 17.10.2017

A psilocibina, substância alteradora da consciência encontrada em cogumelos alucinógenos, pode ajudar a resetar a atividade neuronal do cérebro de pessoas que sofrem com depressão.

Defensores do uso do cogumelo alucinógeno acreditam que a substância não seja apenas uma droga recreativa, mas que ela também pode ser usada como medicamento. Estudos recentes comprovam que a psilocibina realmente afeta áreas do cérebro que ficam excessivamente ativas na depressão.

Sintomas reduzidos

Um desses estudos é de 2016, da Imperial College London (Inglaterra). Nele, Robin Carhart-Harris e sua equipe conduziram o primeiro teste clínico com psilocibina para tratar depressão, e os resultados foram encorajadores. O teste envolveu 12 pessoas, sem grupo controle, e os pesquisadores observaram que apenas duas sessões de psicoterapia unida ao uso de psilocibina foram suficientes para reduzir sintomas em todos os voluntários.

Melhora por até cinco semanas

Em 2017, a mesma equipe realizou outro estudo em que mostra que a psilocibina parece causar mudanças no cérebro das pessoas com depressão. O estudo envolveu 19 pessoas com depressão que não apresentaram melhora com os tratamentos tradicionais.

Cada voluntário recebeu doses de 10mg e 25mg com sete dias de intervalo. Exames de ressonância magnética mostraram que depois de usar a substância, a atividade em algumas regiões do cérebro reduziram. Uma dessas áreas é a amigdala, que exerce importante papel no processamento de medo e estresse. Os participantes relataram imediata melhora no humor que durou até cinco semanas.

“Mostramos pela primeira vez mudanças claras na atividade cerebral em pessoas deprimidas tratadas com psilocibina que não respondiam aos tratamentos convencionais. Vários de nossos pacientes descreveram sentir um ‘reset’ depois do tratamento”, afirma Charhart-Harris.

“Isso traz maiores evidências que a psilocibina pode ser eficaz para o tipo mais persistente de depressão. Desenvolvimentos nessa área são uma prioridade na psiquiatria. Algumas pessoas podem passar por anos de sofrimento que resiste às terapias tradicionais”, aponta Paul Morrison.

A equipe de pesquisadores alerta que as pessoas não devem tentar automedicação com substâncias psicodélicas. [Newscientist, Scientific Reports]

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