Terapia com vírus traz esperança para concertar fígados falhando

Por , em 6.06.2016

De acordo com um novo estudo publicado na revista Cell, um vírus modificado pode reparar fígados doentes, transformando células ruins em saudáveis.

O tratamento poderia um dia oferecer salvação para milhares de pessoas com insuficiência hepática.

Fibrose hepática

A terapia viral alveja fibrose do fígado, uma cicatriz progressiva que leva à falência do órgão.

Insuficiência hepática ocorre quando células saudáveis chamadas hepatócitos são danificadas por álcool ou doenças.

As lacunas deixadas por essas células ficam cheias de miofibroblastos, que geram tecido cicatrizado de colágeno. O fígado não pode gerar novos hepatócitos rápido o suficiente para compensar os danos causados pelo tecido cicatrizado, e o órgão eventualmente falha.

Testes com ratos

Holger Willenbring, da Universidade da Califórnia em San Francisco (EUA), e seus colegas desenvolveram um modo de transformar os miofibroblastos em hepatócitos saudáveis utilizando um coquetel de genes do fígado chamados de fatores de transcrição.

O problema era levar estes fatores de transcrição ao fígado cheio de cicatrizes. É aí que o vírus entra.

Eles utilizaram o chamado vírus adeno-associado, ou AAV, relacionado ao vírus do resfriado, que foi recheado com os fatores de transcrição. Em seguida, infectaram os miofibroblastos em ratos com fígados danificados.

Uma vez dentro dos miofibroblastos, o vírus faz o “download” dos fatores de transcrição, que transformam as células doentes em hepatócitos saudáveis.

Resultados

O tratamento aumentou o número de células saudáveis no fígado nos ratos, bem como reduziu o teor de colágeno de seus órgãos por um terço, em média.

“A combinação de fazer mais hepatócitos e reduzir o colágeno é a abordagem mais promissora para o tratamento de fibrose hepática, nós acreditamos”, disse Willenbring ao portal New Scientist.

Vai demorar

Os resultados são promissores, e o AAV é um vírus que já foi utilizado em abordagens parecidas anteriormente.

No entanto, Willenbring afirma que são necessários mais estudos para otimizar o tratamento, por isso pode levar ainda cinco anos até que ele possa ser testado em pessoas. [NewScientist]

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