Garoto de 17 anos recusou US$ 8 milhões para manter seu rastreador de coronavírus sem anúncios

Por , em 16.05.2020

Você já deve ter visto algum site que rastreia a disseminação do coronavírus em todo o mundo. Aqui no Hype, já compartilhamos a página da Universidade Johns Hopkins (EUA) dedicada a isso.

Um dos rastreadores mais visitados globalmente, no entanto, é de autoria de um estudante de 17 anos: Avi Schiffmann.

Quando criou a plataforma, o garoto provavelmente não sabia do trabalho que teria – ela agora toma 100% de seu tempo livre (e às vezes de seu tempo de escola também).

O sucesso foi tanto que ele estima já perdido US$ 30 milhões em possíveis negócios que recusou até agora. Já pensou?

O desenvolvimento do site

A página criada por Schiffmann reúne toda a informação que uma pessoa possa querer sobre a atual pandemia de Covid-19, incluindo estatísticas do mundo todo (você pode selecionar um país ou região especifica), mortes e recuperações, taxas de mudança da transmissão adquiridas junto a autoridades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) etc.

A plataforma possui ainda ferramentas como uma “Wiki” com dados confiáveis sobre o vírus (por exemplo, lista de sintomas e dicas de higienização das mãos) e uma “calculadora de risco” que estima seu risco de morrer de Covid-19.

Essas informações estão em inglês, mas cidadãos do globo inteiro visitam o site. O painel é muito popular: tem cerca de 30 milhões de visitantes por dia, e já obteve 700 milhões de visitas no total, por enquanto.

Logo, não é surpreendente que Schiffmann tenha recebido ofertas para colocar anúncios no site.

Recusando US$ 8 milhões

Schiffmann já recusou diversas propostas, mas uma oferta em particular teria o obrigado a manter o site por US$ 8 milhões, coisa que ele rejeitou para manter sua plataforma livre de pop-ups de propaganda.

“Tenho apenas 17 anos, não preciso de US$ 8 milhões… não quero ser um aproveitador”, disse ao portal Business Insider.

O estudante estima que poderia já ter feito US$ 30 milhões até agora se tivesse concordado em anunciar na plataforma, mas esta não é a meta do site.

Ele explicou seu raciocínio da seguinte forma: pop-ups arruinariam a interface do usuário, o que seria algo fora de controle se ele vendesse o site. Além disso, ele não quer se sentir contratualmente obrigado a manter a plataforma ou fazer alterações nela com as quais não concorda.

Especificamente, muitos de seus visitantes não possuem conexões de internet muito rápidas, de forma que adicionar anúncios poderia deixar a plataforma muito lenta e talvez impossível de usar para muitas pessoas ao redor do mundo.

Dito isto, há um botão de doação no site, que claramente não chega nem perto de US$ 30 milhões.

“Não quero que isso manche as coisas. As pessoas acham que vou me arrepender dessa decisão, mas pretendo fazer muitas coisas no futuro”, complementou.

E que futuro

No momento, o site é uma grande responsabilidade para Schiffmann. Ele já perdeu duas semanas de Ensino Médio e passou noites inteiras consertando erros na plataforma. “[O site] tomou conta da minha vida”, afirmou, embora tenha sido rápido em acrescentar que “assume a pressão com prazer”.

A pandemia não deve acabar tão cedo, de forma que Schiffmann planeja continuar rastreando-a até o fim. Uma vez que terminar com segurança, ele pensa em transformar o site em uma espécie de documento histórico, talvez comparando a Covid-19 com a SARS e a gripe espanhola.

Vale notar que, enquanto Schiffmann se orgulha do trabalho que fez, não quer ser utilizado como modelo de como se tornar conhecido durante uma pandemia. “No futuro, espero que haja pressão sobre a OMS para criar uma ferramenta como essa”, disse. “A responsabilidade não deve ser de uma criança aleatória, mas é óbvio que as pessoas querem conhecer as estatísticas”.

Apesar de ter deixado de ganhar milhões agora, Schiffmann é apenas um adolescente de 17 anos com um futuro brilhante pela frente. Ele já recebeu diversas propostas de trabalho – incluindo da Microsoft -, mas não está interessado em aceitá-las agora, uma vez que deseja perseguir seus próprios projetos.

Além do mais, o jovem está muito feliz com os contatos que fez graças ao rastreador. “Agora eu conheço uma tonelada de empreendedores e investidores…. Se eu abrisse uma empresa amanhã, eles pelo menos leriam meu plano de negócios”, afirmou.

Uma das melhores conexões que Schiffmann já fez até agora foi com a empresa de segurança Cloudflare, que ele usa para proteger o site contra ataques DDOS. O CEO Matthew Prince mencionou o garoto no Twitter e enviou camisetas da companhia para ele.

A conexão dos sonhos de Schiffmann, porém, seria Bill Gates. O garoto diz ser especialmente interessado na interseção entre tecnologia e saúde pública. Tomara que ele consiga todos os seus objetivos, não é mesmo? [ScienceAlert]

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