Substância incomum é descoberta pela primeira vez

Por , em 24.09.2019

Um único grão de rocha preso em um diamante contém um novo mineral nunca antes observado.

A substância pode revelar reações químicas incomuns que ocorrem nas profundezas do manto terrestre, a camada que fica entre a crosta e o núcleo externo do planeta.

Os cientistas descobriram o mineral singular em uma área vulcânica na África do Sul conhecida como tubo de Koffiefontein. Diamantes brilhantes aparecem sobre a rocha ígnea escura que reveste o tubo, e os próprios diamantes possuem pequenos traços de outros minerais originados a centenas de quilômetros sob da superfície terrestre. No interior de uma dessas pequeninas rochas brilhantes, os pesquisadores encontraram o novo mineral verde escuro e opaco que, estimam eles, deve ter sido forjado a 170 km de profundidade.

Eles batizaram o novo mineral “goldschmidtite” (goldschmidtita, em tradução livre) em homenagem ao famoso geoquímico Victor Moritz Goldschmidt. O estudo foi publicado em 1º de setembro na revista American Mineralogist.

O novo mineral, chamado goldschmidtita, foi retirado de dentro de um diamante sul-africano. (Crédito da imagem: Nicole Meyer / Universidade de Alberta)

O manto da Terra tem cerca 2.900 km de espessura, de acordo com a National Geographic, o que dificulta que os pesquisadores possam estudar as regiões mais profundas. A imensa pressão e calor do manto superior da Terra transformam singelos depósitos de carbono em brilhantes diamantes; estas rochas abarcam outros minerais gerados no manto dentro de suas estruturas e podem ser jogadas para a superfície por erupções vulcânicas subterrâneas. Ao analisar estas inclusões minerais nos diamantes, os cientistas podem descobrir alguns dos processos químicos que se passam muito abaixo da crosta.

Os cientistas do estudo mencionaram que, para um mineral originado no manto, a goldschmidtita possui uma composição química singular.

“A goldschmidtita tem grandes concentrações de nióbio, potássio e os elementos raros, cério e lantânio mesmo que o restante do manto seja dominado por outros elementos, como magnésio e ferro”, afirmou a co-autora do estudo Nicole Meyer, doutoranda na Universidade de Alberta, no Canadá. Nióbio e potássio formam a maior parte do novo mineral, o que quer dizer que os elementos mais raros foram reunidos de alguma maneira e concentrados para formar a singular substância.

“Goldschmidtita é altamente incomum para uma inclusão capturada por diamantes e nos fornece uma imagem de processos fluidos que afetam as raízes profundas dos continentes durante a formação de diamantes”, afirmou o geoquímico do manto terrestre Graham Pearson, co-supervisor de Meyer. O mineral singular está no Museu Real de Ontário, em Toronto, disse Meyer ao portal Live Science.

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