Hubble captura o cometa Atlas se pulverizando

Por , em 1.05.2020

O Telescópio Espacial Hubble nos ofereceu uma visão em detalhes do desmantelamento do cometa C/2019 Y4 (ATLAS).

O instrumento fotografou 30 fragmentos do cometa em 20 de abril, e 25 fragmentos em 23 de abril.

Na última observação do telescópio, o cometa estava localizado dentro da órbita de Marte, a uma distância de cerca de 145 milhões de quilômetros de nós.

O objeto espacial fará sua passagem mais próxima à Terra no dia 23 de maio, a uma distância de aproximadamente 115 milhões de quilômetros.

Atlas

O cometa foi descoberto em dezembro de 2019 pelo sistema de pesquisa astronômica robótica ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), no Havaí (EUA).

O objeto pareceu brilhar até metade de março, até que começou a se apagar de repente, levando os astrônomos a especular que seu núcleo de gelo estava se fragmentando.

Isso ficou comprovado em 11 de abril, quando o astrônomo amador José de Queiroz fotografou três “pedaços” do cometa.

Imagens nítidas

Os novos cliques do Hubble oferecem mais evidências de que a fragmentação de cometas é provavelmente comum e pode ser até o mecanismo dominante pelo qual cometas de núcleos gelados sólidos morrem. Entretanto, é bastante complicado visualizar esse processo.

“A aparência deles muda substancialmente entre dois dias, tanto que é bastante difícil conectar os pontos. Não sei se isso ocorre porque as peças individuais piscam quando refletem a luz do sol, agindo como luzes cintilantes em uma árvore de Natal ou porque fragmentos diferentes aparecem em dias diferentes”, explica David Jewitt, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), líder de uma das duas equipes que fotografou o cometa com o Hubble.

Uma vez que essa fragmentação ocorre muito rápida e imprevisivelmente, observações confiáveis são raras e os cientistas não têm muitas certezas sobre suas possíveis causas.

Uma hipótese é de que o núcleo original do cometa gira até se quebrar em pedaços por causa da sublimação causada pela ação de jatos transformando o gelo em gases. Como essa ventilação provavelmente não é uniformemente dispersa pelo cometa, ela aumenta a ruptura.

Mais estudos

As imagens nítidas do Hubble podem dar aos cientistas novas pistas sobre esse processo de fragmentação.

O telescópio distinguiu pedaços do cometa tão pequenos quanto o tamanho de uma casa. Antes do seu rompimento, todo o seu núcleo não passava do comprimento de dois campos de futebol.

“Uma análise mais aprofundada dos dados do Hubble pode mostrar se esse mecanismo [o da sublimação] é ou não responsável. Independentemente disso, é muito especial dar uma olhada neste cometa moribundo”, concluiu Jewitt. [Phys]

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