Mamografias não salvam vidas, de acordo com estudo que durou 25 anos

Por , em 13.02.2014

Um dos maiores e mais meticulosos estudos sobre mamografia já feitos, envolvendo 90.000 participantes e com duração de 25 anos, acrescentou grandes dúvidas sobre o valor do exame para mulheres de qualquer idade.

O estudo descobriu que as taxas de mortalidade por câncer de mama e por todas as causas foram as mesmas em mulheres canadenses que fizeram ou não mamografias.

Pior, o exame teve danos: um em cada cinco tumores encontrados com mamografia e tratados não era na verdade uma ameaça para a saúde da mulher e não precisava de quimioterapia, cirurgia ou radioterapia.

Os pesquisadores queriam determinar se havia alguma vantagem em encontrar cânceres de mama no seu início. Eles concluíram que não.

No entanto, os resultados não devem levar a qualquer mudança imediata nas diretrizes de saúde em relação a mamografia. Muitos especialistas também irão quase certamente contestar a ideia de que as mamografias são inúteis ou mesmo prejudiciais.

O Dr. Richard C. Wender, da Sociedade Americana do Câncer, disse que depois de convocar um painel de especialistas para rever todos os estudos sobre mamografia, incluindo os do Canadá, a Sociedade vai revisar suas orientações ainda este ano.

Ele afirmou que os dados combinados de ensaios clínicos mostram que o exame reduz a taxa de mortalidade por câncer de mama em pelo menos 15% para as mulheres na faixa dos 40 anos e em pelo menos 20% em mulheres mais velhas.

Isso significa que uma mulher a cada 1.000 que começar a fazer mamografias aos 40 anos, duas que começarem na faixa dos 50 e três que começarem na faixa dos 60 irão evitar uma morte por câncer de mama.

Um editorial que acompanha a nova pesquisa canadense reconhece que estudos anteriores concluíram que mamografias ajudam as mulheres, mas alerta que estes estudos foram feitos antes do uso rotineiro de drogas como tamoxifeno, que reduz drasticamente a taxa de mortalidade do câncer de mama. Além disso, muitos estudos não usaram métodos consagrados de ensaios clínicos, atribuindo aleatoriamente mulheres para fazer o exame ou não, o que nem sempre leva a resultados satisfatórios.

Mudar ou não mudar, eis a questão

Hoje em dia, os cientistas sabem que muitos tipos de câncer crescem lentamente, ou nem crescem, e não necessitam de tratamento. Alguns chegam a diminuir ou desaparecer por conta própria. Mas uma vez que o câncer é detectado, é impossível saber se ele é perigoso, por isso os médicos tratam todos.

De acordo com o estudo, o excesso de diagnósticos falsos leva a cirurgias, incluindo a mastectomia (ou retirada da mama), desnecessárias.

Mas, apesar dos benefícios da mamografia serem muito debatidos, nenhuma nação exceto a Suíça têm sugerido que o exame não seja feito. Em um relatório recente, o Conselho Médico da Suíça, um painel de especialistas estabelecido pelos ministros de saúde pública do país, aconselhou que nenhum novo programa de mamografia suíço seja iniciado, e que os já existentes sejam limitados.

O Dr. Peter Juni, membro do Conselho Médico Suíço até recentemente, disse que uma das preocupações era de que a mamografia não estava reduzindo a taxa de mortalidade global da doença, mas estava aumentando diagnósticos e levando a falsos positivos e biópsias dispensáveis. “A história da mamografia não é uma história fácil”, disse Juni, epidemiologista clínico na Universidade de Berna. [NYTimes]

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