Cientistas japoneses descobrem método ultra simples que pode selecionar sexo do bebê poderia ter profundas consequências na sociedade: estudo

Por , em 15.08.2019

Pesquisadores japoneses encontraram acidentalmente uma forma de separar os espermatozoides que carregam o cromossomo Y dos que carregam o cromossomo X. Esta descoberta foi publicada na revista PLOS Biology e alerta para possíveis problemas para a humanidade se a técnica for disponibilizada para a população.

Os pesquisadores conseguiram separar o esperma de ratos enquanto estudavam a diferença na composição de espermatozoides masculinos e femininos. Eles conseguiram identificar uma diferença de genes ativos entre os dois tipos de espermatozoides: os X carregam cerca de 500 genes que não são ativos nos Y.

Entre todos esses genes, 18 codificam proteínas que ficam na superfície da célula reprodutora. Essas proteínas se alojaram em dois receptores em particular, o receptor 7 e 8 da superfície do espermatozoide com cromossomo X.

Usando uma substância chamada resiquimod para se ligar aos receptores, os pesquisadores conseguiram reduzir a velocidade de movimentação do esperma que carrega o cromossomo X, ou seja, os que podem gerar meninas.

Ninhada de machos e ninhada de fêmeas

Quando eles utilizaram resiquimod no esperma dos ratos e usaram os nadadores mais rápidos para fertilizar ratas, os filhotes acabaram sendo 90% do sexo masculino; já quando os nadadores mais lentos eram usados, os filhotes eram 81% feminino.

Com estes resultados é possível perceber que o método não é infalível, mas ele interfere radicalmente na criação de filhotes do sexo masculino ou feminino.

Estudo importante para a pecuária

“A diferente expressão de genes receptores pelos dois cromossomos sexuais traz a base para um método novo e potencialmente bastante útil para separar espermatozoides X e Y, e já conseguimos selecionar com sucesso a produção de bezerros e leitões masculinos ou femininos com este método”, afirmou um dos pesquisadores, Masayuki Shimada, da Universidade de Hiroshima (Japão). 

Conseguir criar mais vacas e galinhas fêmeas pode ser importante na pecuária, já que bois não produzem leite e galos não produzem ovos. Conseguir limitar a concepção de machos nessas situações pode resultar em uma agropecuária mais ética do que a atual, em que filhotes machos são mortos.

Perigo para humanos

Mas se esta técnica fosse usada em humanos, coisa que ainda é puramente especulativa e não se sabe se realmente funcionaria, poderia atrapalhar o equilíbrio de homens-mulheres no mundo.

Atualmente as mulheres são 49,6% das pessoas no mundo, mas em algumas regiões os casais têm preferência por crianças do sexo masculino. A prática de selecionar o sexo da criança já resultou em situações alarmantes nesses países, que trazem consequências sociais e econômicas negativas.

Por isso existe a preocupação relacionada ao avanço desta pesquisa na reprodução humana e na produção e liberação de um tipo de gel ou produto que poderia ser comprado por qualquer pessoa e utilizado em casa sem nenhum tipo de controle. [Science Alert, PLOS Biology]

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