Quando a dor ajuda o crescimento muscular (e quando não ajuda)
Lyle McDonald é um fisiologista e autor que passou mais de uma década tentando unir investigação científica a nutrição esportiva, perda de gordura e crescimento muscular.
Recentemente, ele escreveu no site Body Recomposition sobre dor muscular tardia (DMT), um tipo de mialgia, e crescimento muscular, um tópico certamente polêmico. A opinião do especialista é clara, no entanto: se você acha que precisa sentir dor para ter um treino de sucesso, economize uma viagem à academia e se acerte com um martelo.
O que é DMT
Como o nome sugere, a DMT se refere à dor muscular que ocorre após o treinamento. É frequentemente vista em iniciantes e após treinamentos excêntricos de vários tipos.
“Por excêntrico quero dizer contrações alongadas, como quando seus músculos estão alongando sob o peso de cargas. Abaixar um peso que você acabou de levantar é um tipo, mas existem outros”, explica McDonald.
A DMT normalmente não ocorre até 24 horas após o treinamento, sendo que o pico é 36 horas depois.
Alguns ainda acreditam que o ácido láctico é a causa da dor, mas qualquer ácido produzido durante o exercício se dissipa cerca de 30 minutos após o treino. De maneira nenhuma poderia ser relevante 36 horas depois. Sabemos disso desde o início dos anos 90, de forma que é surpreendente (para não usar outra palavra) que as pessoas ainda se apeguem a essa ideia.
No Pain, Yes Gain
Estudos descobriram que a DMT parecia estar relacionada com um certo dano ao músculo. O treinamento excêntrico é conhecido por causar algum grau de lesão muscular e crescimento, de forma que a implicação foi de que “ficar forte” estava relacionado com dor muscular tardia.
Esse pode ou não ser o caso.
Maratonistas novatos muitas vezes exibem as piores DMTs, levando até seis semanas para se recuperar completamente. Então, se você quer crescimento muscular, deve correr uma maratona e descansar por seis semanas? Claro que não.
Nos últimos anos, a DMT vem sendo reconceitualizada como mais uma coisa de “remodelação” do que lesão. A noção de que a dor muscular pode estar relacionada com a remodelação de um músculo ainda parece implicar na resposta de crescimento, mas algumas observações do mundo real parecem na verdade indicar que a DMT não tem nada a ver com seu progresso na academia.
Por exemplo, ela é normalmente pior quando iniciamos um novo ciclo de exercícios, mas um aumento do crescimento geralmente ocorre no final desse ciclo, quando a DMT não está mais presente. Também, alguns músculos, como os deltoides, muito raramente ficam doloridos, mas crescem muito bem. Além disso, pessoas que treinam raramente sempre têm dores, mas não crescem muitos músculos, enquanto as que treinam com frequência relatam menos dor muscular tardia, e mais crescimento.
Conclusão
Embora algum grau de lesão do músculo e/ou inflamação possa ser necessário para estimular a remodelação e o crescimento do músculo, isso não é sempre associado com DMT. Ou seja, não é preciso sentir dor para crescer os músculos, muito menos a dor tardia, mas isso pode ocorrer às vezes.
Segundo McDonald, dor demasiada, que necessita de uma semana ou mais para passar, pode ser tão grave que tem o potencial de causar morte celular. Ou seja, pode fazer mais mal do que bem. De forma geral, fica a dica: muito dano é pior, não melhor.
Em resumo, algumas pessoas têm dor muscular tardia, outras não – há uma grande diferença individual. Mas perseguir a DMT só pelo gosto de sentir a dor é masoquista e nada mais. O objetivo do treinamento é progresso, não se sentir cansado ou dolorido. [BodyRecomposition]