Você não está sozinho nunca. Descubra por quê

Por , em 24.09.2015

Onde quer que você vá, está cercado por uma aura de microrganismos. Eles vão para debaixo do seu cabelo quando você coça a cabeça, voam para fora sua mão quando você acena para um amigo e vazam para fora da sua boca quando você fala. É inevitável.

Mesmo quando você fica sem fazer nada, você está sentado em sua própria bolha microbiana pessoal.

O que os olhos não veem…

Composta de milhões, bilhões, trilhões de bactérias, leveduras, células e pedaços de células, esta bolha pessoal é como uma nuvem de microrganismos exclusiva – a composição de cada pessoa é única.

Inclusive, estudar essas nuvens pode ser útil para ajudar os médicos a rastrearem surtos de doenças, por exemplo. Ou policiais forenses a rastrearem criminosos. O negócio é realmente abrangente e complexo.

Enquanto você já deve ter ouvido falar do microbioma intestinal, a coleção de microrganismos que vivem dentro de você para ajudar o seu organismo a decompor alimentos, combater doenças e controlar a sua fome, agora os pesquisadores estão descobrindo que seu corpo externo tem seu próprio microbioma, também.

Seu corpo é coberto por pele, que inclusive é o maior órgão humano, e a pele é como uma vasta savana povoada com milhões de bichos exóticos. Eles se alimentam dos óleos que escoam de sua pele, células mortas, pedaços de matéria orgânica e de outros micróbios.

De acordo com James Prado, pesquisador da Universidade de Oregon (nos Estados Unidos) e coautor de uma pesquisa sobre o assunto, em um único centímetro de pele, você pode encontrar milhares de bactérias.

Se algum cientista sádico moesse um ser humano e sequenciasse todo o seu DNA de todas as células em seu corpo, apenas cerca de 2% do material genético seria humano. O grosso seria de microrganismos.

Deu nojinho?

Nem pense nisso. Até porque, se a gente resolvesse limpar todos os micróbios do nosso corpo, não sobraria muito de nós para contar qual é a sensação.

Sua nuvem microbiana

Sua nuvem microbiótica é o que acontece quando seu corpo libera estes microrganismos. Se você coçar a cabeça, por exemplo, milhares de células da pele e fragmentos de células, bactérias e fungos vão se descolar e ficar “voando” em volta de você.

Quando você coça seu nariz, arrota o alfabeto ou responde o oi que não foi para você, mais e mais microrganismos se juntam a nuvem. E, desculpe se você estiver comendo, mas os peidos também são um meio de fazer com que todos os micróbios vivam em você. É isso. O mundo está coberto de uma fina pátina de fezes.

Esta nuvem de microrganismos é detectável?

Prado e seus coautores queriam saber se esta nuvem de bactérias era detectável, e se a sua assinatura de DNA variava significativamente entre os indivíduos. Eles fizeram duas experiências, ambas com pessoas sentadas em salas esterilizadas.

No primeiro, cada uma das pessoas se sentaram durante quatro horas e jogaram em um laptop, enquanto um círculo de filtros de ar capturavam suas nuvens bacterianas, e bandejas no chão capturavam o que caía sobre elas.

Depois que viram a quantidade de dados que tinham coletado no primeiro experimento, os cientistas decidiram repetir a situação com mais voluntários, mas usando apenas bandejas no chão. Este experimento foi exatamente igual ao primeiro, exceto que os voluntários só ficaram 90 minutos na sala.

Os pesquisadores notaram que as bactérias facilmente se agitam pelas correntes e redemoinhos criados ao redor de uma pessoa. Se você está perto o suficiente para apertar a mão de alguém, por exemplo, você está na nuvem microbiana desta pessoa. Veja que é preciso muito menos espaço para, na prática, invadir o espaço de alguém.

De acordo com Prado, quando alguém passa e você sente a brisa causada pelo movimento daquela pessoa, você automaticamente está recebendo as bactérias desta pessoa. Isso significa que você compartilha micróbios com seus colegas de trabalho, membros de sua família e pessoas com quem você pega o ônibus.

Então, quão diferentes poderiam estas nuvens microbianas realmente ser de pessoa para pessoa?

Os dois estudos demonstraram que, pelo menos nas 11 participantes observados, as nuvens microbianas variam significativamente de pessoa para pessoa. Os pesquisadores também descobriram que pessoas diferentes lançam micróbios em diferentes taxas.

Segundo Jack Gilbert, microbiologista no Laboratório Nacional Argonne, nos EUA, cada pessoa tem um perfil de microbioma único que é compartilhado com o ambiente dela.

Mas este estudo foi o primeiro a confirmar que esta singularidade chega a um nível genético. [wired.]

1 comentário

  • Renan Altair Nardi:

    Bem, se esses microrganismos são parte de meu corpo, sejam bem vindos. Não quero perder qualquer parte do corpo que a natureza construiu.

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