O ecstasy foi nomeado e popularizado por um padre

Por , em 18.09.2013

O metilenodioximetanfetamina (MDMA), ingrediente ativo da droga sintética ecstasy, está entre nós há quase 100 anos. Era comumente recomendado como tratamento por terapeutas nos anos 1970, mas foi considerado ilegal em 1985, depois de uma tentativa fervorosa de seu maior defensor de levá-lo até as massas: o sacerdote católico Michael Clegg.

Durante os 50 anos após o MDMA ter sido sintetizado pela primeira vez pela empresa farmacêutica alemã Merck, ninguém tinha ideia do que fazer com a substância estruturalmente semelhante à adrenalina. Foram realizados experimentos em animais, sem resultados conclusivos.

A CIA decidiu usar o MDMA para testar a tarefa de controlar mentes, no experimento MKULTRA (nome do código dado a um programa ilegal e clandestino de experiências em seres humanos), nos anos 1950 e 1960. Ali, porém, a droga também não vingou.

Curioso, o químico estadunidense Alexander Shulgin pegou um lote para si no ano de 1965. Em seguida, a caixa repousou em sua prateleira por alguns anos, mais especificamente até 1967, quando ele decidiu ingerir a substância. Nem é preciso dizer que Shulgin ficou muito surpreso com o efeito.

Dez anos após a experiência de Shulgin, ele deu alguns exemplares a um amigo psicólogo, que imaginou inúmeras aplicações da substância para a psicologia (o amigo, Leo Zeff, estava se preparando para se aposentar, mas depois de experimentar MDMA, mudou de ideia).

Lentamente, ao longo dos anos seguintes, criou-se uma rede de psiquiatras – cerca de 4 mil deles – que usavam a droga regularmente em suas consultórios. Eles descobriram que ela era incrivelmente eficaz na remoção de barreiras emocionais, e alguns chegaram a chamá-la de “penicilina para a alma”. Uns profissionais a utilizavam em sessões de aconselhamento matrimonial; outros, para tratar transtorno de estresse pós-traumático.

A propagação do MDMA em ambientes clínicos passou completamente despercebida pela lei até 1984. Enquanto isso, alguns comprimidos vazavam para as ruas ou eram encontrados em circulação limitada como uma droga para festas. Foi assim que o ecstasy caiu nas mãos do seminarista Michael Clegg no final dos anos 1970, para quem o efeito da droga se assimilou a “ouvir Moisés na montanha”.

Ansioso para que outros pudessem compartilhar a experiência, ele começou a distribuir as pílulas aos seus amigos. Na sequência, começou a vender a droga para cobrir seus custos e, de repente, estava lucrando com a venda do MDMA. Segundo Clegg, a sigla, entretanto, parecia muito clínica. Por isso, resolveu batizá-la com um nome comercial: ecstasy. A essa altura, Clegg já era padre católico.

Até 1984, Clegg transportava toneladas da droga para casas noturnas locais e tinha até mesmo um serviço de entrega 0800 – o ecstasy havia feito dele um milionário. Isso até as autoridades finalmente agirem. No ano seguinte, o MDMA foi considerado ilegal e classificado como substância narcótica. Por definição, isso significa que a droga não possui qualquer valor medicinal ou terapêutico – apesar de já ter sido usada para esse fim um dia. [KnowledgeNuts]

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