O material mais antigo na Terra foi descoberto

Por , em 14.01.2020

Um novo estudo do Museu Field de História Natural e da Universidade de Chicago (EUA) descobriu o material mais antigo conhecido na Terra dentro de um meteorito que caiu na Austrália nos anos 1960. 

Enquanto os grãos de poeira mais antigos do meteorito possuem até 7,5 bilhões de anos, nosso sol tem “apenas” 4,6 bilhões de anos, o que significa que esse material é mais velho que o próprio sistema solar. 

Grãos pré-solares 

Quando as estrelas morrem, partículas formadas dentro delas são lançadas no espaço. Estes “grãos pré-solares” podem ser incorporados a novas estrelas, planetas, luas ou meteoritos. 

“São amostras sólidas de estrelas, poeira estelar real”, disse o principal autor do novo estudo, Philipp Heck, curador do Museu Field e professor da Universidade de Chicago. 

Apesar disso, é raro que meteoritos contenham tais grãos, além de eles serem muito difíceis de identificar devido ao seu tamanho minúsculo. Logo, o estudo do meteorito de Murchison é realmente um achado.  

Com 100 quilos, a rocha espacial explodiu no céu sob Murchison em setembro de 1969, espalhando fragmentos por todos os lados. O Museu Field adquiriu 52 quilos dessa rocha, e passou anos examinando-a. 

Carboneto de silício superantigo 

Em 1990, os pesquisadores descobriram que boa parte dos grãos do meteorito eram de um mineral chamado carboneto de silício identificado como interestelar, ou seja, de fora do nosso sistema solar. 

Recentemente, uma equipe de cientistas dos EUA e da Suíça analisou 40 desses grãos esmagando-os e separando-os com ácido.  

Para descobrir quantos anos eles tinham, os pesquisadores mediram por quanto tempo foram expostos aos raios cósmicos no espaço – estes podem penetrar em materiais sólidos como meteoritos e deixar uma marca – utilizando microscopia eletrônica de varredura, espectrometria de massa de íons secundários e espectrometria de massa de gases nobres. 

Os cientistas descobriram que a maioria dos grãos tinha entre 4,6 e 4,9 bilhões de anos, mas alguns eram mais velhos do que 5,5 bilhões de anos. 

Período fértil de formação de estrelas 

Os resultados revelaram uma surpresa sobre a história da Via Láctea: “nossa hipótese é que a maioria desses grãos de 4,9 a 4,6 bilhões de anos se formou em um episódio de maior formação estelar. Houve um tempo antes do início do sistema solar em que mais estrelas se formaram do que o normal”, argumentou Heck.  

Existe hoje um debate sobre tal período de formação estelar, que teria ocorrido cerca de 7 bilhões de anos atrás. A ideia é que, conforme as estrelas alcançavam estágios mais avançados de evolução, seus grãos teriam se condensado e sido liberados no espaço para serem absorvidos e incorporados ao que se tornaria o meteorito de Murchison. 

“Algumas pessoas pensam que a taxa de formação estelar da galáxia é constante. Mas, graças a esses grãos, agora temos evidências diretas de um período de formação estelar aprimorado em nossa galáxia. Essa é uma das principais conclusões de nosso estudo”, destacou Heck.  

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica PNAS. [BBC, ScienceAlert]

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