O que há por trás do problema da pirataria online?

Por , em 13.05.2012

De uma hora para outra, tornou-se um dos assuntos mais comentados do mundo. Justamente porque mexe, a princípio, com estruturas básicas do funcionamento da internet atual. Os projetos de lei SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect IP Act), que estavam em discussão no Congresso dos EUA e foram arquivados, sugeriam uma série de restrições a usuários e empresas para basicamente combater um problema: a pirataria online. Mas por que a situação chegou a esse ponto?

Muitos defendem que estes projetos de lei são exagerados. Embora não houvesse nenhuma evidência de que a sociedade americana e mundial estivesse sofrendo danos muito grandes devido ao sistema com o qual hoje se fazem downloads, tais leis, se colocadas em vigor, devem limitar em muito a possibilidade de baixar arquivos na rede mundial.

Os defensores das leis alegam que o modo como a pirataria online acontece hoje fere economicamente os detentores de direitos autorais. Cada download não autorizado, segundo eles, representa uma venda a menos de sua propriedade intelectual. Isso nem sempre é verdade, já que geralmente o preço do produto original é abusivo devido a impostos, e o consumidor não o compraria de qualquer maneira.

Matthew Yglesia, autor de um artigo para o New Scientist, vai ainda mais longe: ele explica que a pirataria primariamente ilegal é benéfica, porque obriga a indústria do entretenimento a encontrar opções legais e mais justas para a população.

Ele dá o exemplo da rede de TV britânica BBC, que produz o programa Sherlock e não o disponibiliza a um preço razoável para clientes dos EUA. Logo, eles são forçados a baixar de maneira ilegal. Essa concorrência entre o download ilegal e a compra legal, segundo ele, forçou a indústria a criar opções como o iTunes e o Hulu: dentro da legalidade, mas sem desrespeitar os direitos do consumidor.

Por fim, o colunista explica que não propõe que a pirataria online, ilegal, seja feita sem punições aos infratores. Mas ele acredita que o modo como a indústria do entretenimento atua, hoje em dia, não visa nem aos interesses nem aos dos consumidores, e sim aos seus próprios interesses. Esta lógica, segundo ele, precisa mudar para que haja justiça envolvendo toda essa questão. [New Scientist]

10 comentários

  • ladywallo:

    Muitos acham essas leis contra a pirataria uma droga. Mas a gente tem que ver também pelo lado dos produtores de filmes, jogos, cds, pois eles gastam milhões produzindo suas obras. O cara que produziu o filme Avatar msm ele gastou pacas com o filme, ele trabalhou naquele filme durante 10 anos, ai vem um cara e vende por R$2,00 na pirataria….Ai é não saber valorizar o trabalho dos outros, e esse é o grande mal do brasileiro: não saber valorizar o trabalho alheio.

  • Renato Almeida:

    Primeiro eu baixo o jogo ilegal “pirata” se eu gostar eu compro o original se eu nao gostar eu excluo , comprei o MW3 original do xbox 360 gostei e até hj jogo ele online valew apena compra-lo original

  • Danilo Oliveira:

    ” Cada download não autorizado, segundo eles, representa uma venda a menos de sua propriedade intelectual”
    Indique a incoerência da oração acima.

  • Gustavo:

    Eu costumo baixar alguns jogos que julgo interessantes, mas quase nunca os jogo, porque acabam não me agradando. O problema é que a maioria não possui versão “demo” para avaliarmos se vamos gostar. Imagina se tivesse comprado? Se dependesse de mim, a teoria de que “cada download ilegal feito é uma venda perdida” não funcionaria, pois se não tivesse a possibilidade de baixar, eu não iria comprar também sem antes pesquisar muito se o software vai agradar. Mas como existe a possibilidade do download ilegal, acabamos baixando direto, sem pesquisar, para “avaliar” o jogo. O problema é que se gostarmos, acabamos jogando o pirata mesmo rsrs. Mas tenho certeza que o impacto da pirataria é muito menor do que alegam.

  • Luiz Fernando Pegorer:

    O problema é mesmo o preço. Digo preços, pois são vários softwares que utilizamos. Eu comprei o Windows 7, mas comprei um Office alternativo da Ashampoo e outros programas alternativos.
    Os preços são tão exorbitantes quanto a ganância da maior fortuna do planeta.

  • Germano:

    é a velha máfia

  • Eduardo:

    Que tradução mal feita é essa, Stephanie?

  • CMagalha:

    O problema é encontrar um meio-termo entre certos preços abusivos e os downloads ilegais.

    Além de software (sistemas operacionais e aplicativos), há músicas, mapas para GPS, etc.

    A tecnologia “torrent” faz um “by-pass” no processo tradicional de download, evitando os websites de armazenamento (boa parte fechada ou restrita) e tornando cada microcomputador um servidor, facilitando a troca de dados.

  • Cristiano M. G.:

    O fato é que a indústria do entretenimento se acomodou e não quer procurar inovações na forma de distribuição de seu conteúdo.

    Vamos a um exemplo: séries pirateadas.

    1 – Um dos motivos maiores da pirataria é o atraso com que as séries chegam em outros países. Tem série que chega com atraso de um ano no Brasil, mesmo em TV a cabo. Se as produtoras fizessem um lançamento simultâneo dos episódios em todo o mundo, já diminuiria a pirataria.

    2 – A falta de visão empresarial. Vários sites de TVs americanas disponibilizam ao vivo em streaming seus episódios, mas bloqueiam ips que não são dos EUA. Ou quando não bloqueiam, o espectador estrangeiro acaba assistindo o mesmo conteúdo que o americano, com os comerciais locais. Se fossem mais espertos, disponibilizariam para o mundo todo o streaming, e fariam parcerias regionais para transmitirem comerciais daqueles respectivos países. Quanta receita desperdiçada…

    3 – Só a desculpa dos impostos não cola mais… O preço de DVDs, Bluerays, etc são abusivos SIM. Note-se que em meados de 2004 um CD de música custava 35, 40 reais, e com o advento do DVD, encontrava-se facilmente o DVD da mesma trilha sonora, com vídeo e áudio 5.1, por cerca de 20, 25 reais… O custo final de um DVD é de 1,80 para a produtora… Outro problema são os intermediários… Entra a indústria, a produtora, a distribuidora, o revendedor final, etc… Por isso que venda digital seria mais atraente.

    4 – A indústria do entretenimento tem que acordar para o fato que a TV está morrendo. Ninguém tem mais paciência pra esperar o horário de um certo filme começar. As pessoas querem assistir na hora que puderem, e com qualidade maior que a dos canais de TV, em seus home theaters 5.1.

    5 – A falta de disponibilidade de filmes e músicas antigas. Quantas vezes a gente já procurou obter um determinado filme, mas nunca encontrou para vender? Nem em distribuição estrangeira, pois a produtora não se interessou em lançar o DVD. Mas no torrent encontra-se o mencionado filme…

    6 – Se as maiores produtoras fizessem um pool reunindo a maioria delas em um site estilo Megaupload, em algo bem mais abrangente que o itunes, com assinatura mensal a preços razoáveis, diminuiria 70% da pirataria. Muita gente pagaria para assistir filmes e ouvir músicas na hora que quisesse, com qualidade, com velocidade boa de download, em um site que encontrasse quase tudo que procurasse, e com lançamentos atualizados de filmes e séries.

    • Gustavo:

      Corretíssimo… Quantas vezes já imaginei um site que vendesse filmes de forma tão facil quanto o itunes vende músicas, com preço acessível, qualidade proporcional ao preço (versões em full HD para quem quiser pagar mais), download rápido e claro, nada de exigir apenas cartão internacional, tem que se adaptar a cada país e facilitar o pagamento. Pra combater a pirataria, tem que oferecer um serviço barato, que seja mais facil de usar que ficar procurando torrents. Isso a apple já provou que dá certo com o itunes, mas ainda peca por não disponibilizar todo seu conteúdo na Apple store Brasil, não restando alternativa a não ser piratear.

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