Estudo: primata paralisado anda novamente usando “Wi-Fi cerebral”

Por , em 15.11.2016

Em um estudo do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, pesquisadores criaram um implante que irradia instruções do cérebro para o corpo. O “Wi-Fi cerebral” ajudou a restaurar o movimento em primatas paralisados.

Os macacos rhesus não podiam mexer uma perna devido a uma lesão medular. A equipe conseguiu “ignorar” a lesão enviando as instruções diretamente do cérebro para os nervos, a fim de controlar o movimento das pernas.

Especialistas disseram que a tecnologia pode estar pronta para testes em seres humanos dentro de uma década.

Como funciona

As lesões medulares bloqueiam o fluxo de sinais elétricos do cérebro para o resto do corpo, resultando em paralisia. Raramente tem cura, mas uma solução potencial é usar a tecnologia para contorná-la.

No estudo suíço, um chip foi implantado na parte do cérebro dos macacos que controla o movimento. Seu trabalho era ler os picos de atividade elétrica que são as instruções para mover as pernas, e enviá-las para um computador próximo.

O computador decifrou as mensagens e enviou instruções para um implante na espinha do macaco, com o objetivo de estimular eletricamente os nervos apropriados.

macaco-wifi-cerebral-2

O processo ocorre em tempo real.

Sucesso

Os resultados, publicados na revista Nature, mostraram que os macacos recuperaram algum controle de sua perna paralisada dentro de seis dias, caminhando em linha reta em uma esteira.

Falando à BBC, um dos pesquisadores do estudo, Dr. Gregoire Courtine, afirmou que “esta é a primeira vez que uma neurotecnologia restaurou a locomoção em primatas. O movimento estava próximo do normal para o padrão básico de caminhada”.

Em um estudo do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, pesquisadores criaram um implante que irradia instruções do cérebro para o corpo. O “Wi-Fi cerebral” ajudou a restaurar o movimento em primatas paralisados.

Até agora, porém, os cientistas não conseguiram testar a capacidade de virar ou tomar diferentes direções.

Mais um avanço

Enquanto é possível que a ideia seja aplicada a humanos, a maneira como andamos é diferente dos primatas. Somos bípedes, o que exige formas mais sofisticadas de estimular o músculo.

macaco-wifi-cerebral-3

A locomoção útil também requer controle de equilíbrio, direção e prevenção de obstáculos, que não foram abordados.

Isso não está tão longe de acontecer, no entanto, pois a tecnologia para superar a paralisia é um campo em rápido desenvolvimento, com muitos avanços. Por exemplo, ondas cerebrais já foram usadas para controlar um braço robótico, a estimulação elétrica da medula espinhal ajudou quatro pessoas paralisadas a ficar em pé novamente e um implante permitiu que um homem paralítico jogasse videogame.

Uma outra abordagem para o tratamento da paralisia envolve o transplante de células da cavidade nasal para a medula espinhal para tentar reparar biologicamente a lesão. Após esse tratamento, Darek Fidyka, paralisado do peito para baixo em 2010, agora pode andar usando uma estrutura de apoio.

Nenhuma das duas terapias está pronta para uso rotineiro, ainda. [BBC]

1 comentário

Deixe seu comentário!