Pele de sapo pode um dia curar o câncer

Por , em 7.06.2011

Cientistas irlandeses descobriram que proteínas presentes na pele de sapos possuem diversas propriedades curativas. Dentre as doenças tratáveis estão o diabetes, o derrame e até mesmo o câncer. Pacientes que acabaram de passar por cirurgia de transplante também podem ser beneficiados já que as proteínas regulam o crescimento de vasos sanguíneos.

As proteínas são encontradas em secreções na pele da espécie Phyllomedusa sauvagii e do gênero Bombina. Os cientistas capturam os animais e delicadamente extraem as secreções antes de liberá-los de volta à vida selvagem. Os sapos não são prejudicados de alguma forma durante este processo.

A pesquisa liderada pelo professor Chris Shaw identificou duas proteínas, ou “peptídeos”, que podem ser usadas de forma controlada e orientada para regular ‘angiogênese’ – o processo pelo qual os vasos sanguíneos crescem no corpo. A descoberta tem potencial para desenvolver novos tratamentos para mais de setenta das principais doenças que existem atualmente, que afetam mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo.

Shaw conta que as proteínas descobertas possuem a habilidade de tanto estimular quanto inibir o crescimento de vasos sanguíneos. “Ao ‘desligar’ a angiogênese, uma proteína dos Phyllomedusa sauvagii têm o potencial para matar tumores”, afirma. Ele explica que a maioria dos tumores chegam a um ponto em que necessitam que novos vasos sanguíneos lhe forneçam oxigênio e nutrientes vitais. “Impedir o crescimento dos vasos faz com que o tumor tenha menor probabilidade de disseminação e pode eventualmente matá-lo”, diz. “Isso tem o potencial de transformar o câncer de uma doença terminal em uma condição crônica”.

Por outro lado, uma proteína encontrada no gênero Bombina, segundo Shaw, tem o poder de estimular o crescimento dos vasos sanguíneos. “Isto pode ser usado para tratar uma variedade de doenças que exigem a reparação rápida de vasos sanguíneos, como cicatrização de feridas, transplantes de órgãos, úlceras diabéticas, e danos causados ​​por derrames cerebrais ou doenças do coração”, elenca.

Por causa do seu enorme potencial, a angiogênese tem sido um dos principais objetos de pesquisas e desenvolvimento de drogas ao longo dos últimos quarenta anos. Porém, apesar de um investimento acumulado já estimado em cerca de 4 a 5 bilhões de dólares, cientistas e empresas farmacêuticas de todo o mundo ainda procuram desenvolver uma droga que pode efetivamente acertar o alvo de controlar e regular o crescimento de vasos sanguíneos.

“Estamos absolutamente convencidos de que o mundo natural tem as soluções para muitos dos nossos problemas, só precisamos fazer as perguntas certas para encontrá-las”, acredita Shaw. “Seria uma grande vergonha ter algo na natureza que é potencialmente a droga milagrosa no tratamento contra o câncer e não fazermos tudo que é possível para conseguir usá-la em nosso benefício”.[ScienceDaily]

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