Mineral exótico nunca antes documentado por cientistas é descoberto em vulcão russo
Os vulcões estão entre os fenômenos mais destrutivos e impressionantes do planeta. Mas essas aberturas de fumacentas fazem muito mais do que apenas destruir. Elas também criam.
Em um novo estudo, pesquisadores na Rússia relataram a descoberta de uma dessas criações, um mineral incomum nunca antes documentado por cientistas: uma substância cristalizada atraente e vibrante azul e verde que a equipe chamou de petrovita.
O mineral foi encontrado na região vulcânica do extremo leste da Rússia, no topo do vulcão Tolbachik, na Península de Kamchatka.
O histórico de erupções de Tolbachik remonta a milhares de anos, mas, nos últimos tempos, dois eventos notáveis se destacam: a ‘Grande Erupção da Fissura de Tolbachik’ de 1975–1976 e um segundo menor que ocorreu entre 2012–2013.
A força das erupções durante o primeiro evento rasgou numerosos cones de cinzas no complexo vulcânico, abrindo terreno rochoso que desde então foi descoberto ser um rico filão de depósitos de fumarolas e minerais desconhecidos nunca vistos em nenhum outro lugar.
No total, o vulcão Tolbachik possui 130 tipos de minerais locais que foram identificados ali pela primeira vez, o último dos quais é a petrovita, um mineral de sulfato que tem forma de agregados globulares azuis de cristais tabulares, muitos contendo inclusões gasosas.
A amostra estudada aqui foi descoberta em 2000, perto do segundo cone de cinzas associado à erupção de 1975, e foi armazenado para análise posterior. Pode ter demorado muito, mas a análise agora revela que esse mineral de um azul vibrante exibe características moleculares peculiares raramente vistas antes.
O átomo de cobre na estrutura cristalina da petrovita tem uma coordenação incomum e muito rara de sete átomos de oxigênio”, explica o pesquisador e cristalógrafo Stanislav Filatov, da Universidade de São Petersburgo.
“Essa coordenação é característica de apenas alguns compostos, bem como do saranchinaita.”
saranchinaita, identificada alguns anos atrás por outra equipe de São Petersburgo, também foi descoberto em Tolbachik e, como a petrovita, é surpreendentemente colorido.
No caso da petrovita, o mineral, que se acredita cristalizar por precipitação direta de gases vulcânicos, assume a forma de crostas criptocristalinas azuis envolvendo um material piroclástico fino.
No nível químico, a petrovita representa um novo tipo de estrutura cristalina, embora tenha semelhanças com a saranchinaita, da qual pode ser produzida, hipoteticamente falando.
Notavelmente, a estrutura molecular da petrovita — consistindo de átomos de oxigênio, enxofre de sódio e cobre — é efetivamente porosa por natureza, demonstrando caminhos interconectados que podem permitir que íons de sódio migrem através da estrutura.
Devido a esse comportamento — e se pudermos replicar a estrutura em laboratório — a equipe acredita que isso pode levar a aplicações importantes na ciência de materiais, potencialmente possibilitando novas formas de desenvolver cátodos para uso em baterias e dispositivos elétricos.
Os resultados são relatados na Mineralogical Magazine.
1 comentário
Por essa beleza ímpar logo, logo será classificado como precioso…