Por que as calorias que você pensa que os alimentos possuem estão erradas

Por , em 20.02.2013

Se você escolhe seus alimentos com base nos valores calóricos listados na embalagem, cuidado: de acordo com o primatologista Richard Wrangham, da Universidade de Harvard (EUA), a variação entre esses valores e os “reais” pode ser de até 30%.

Atualmente, o método usado para calcular a quantidade de calorias de um alimento se baseia em um sistema desenvolvido há mais de um século pelo químico Wilbur Olin Atwater. Ele estabeleceu que um grama de carboidrato ou de proteína teria 4 kcal e que um grama de gordura teria 9 kcal.

“A Convenção de Atwater oferece valores realistas para comidas altamente digeríveis, como pão branco”, reconhece Wrangham. Mas por considerar que fibras seriam passadas “direto” pelo sistema digestivo, Atwater desconsiderou valores calóricos para elas e, segundo Wrangham, isso gera uma imprecisão em relação a certos tipos de alimentos, uma vez que as fibras são, ao menos até certo ponto, digeridas.

Além disso, Wrangham aponta que a Convenção não considera a energia que o corpo gasta para digerir diferentes tipos de comidas – alimentos crus, por exemplo, demandam mais energia. “Há duas razões básicas pelas quais alimentos crus fornecem menos calorias do que cozidos – são menos digeríveis e os pedaços que podem ser digeridos demandam mais energia para serem quebrados. Estamos falando de uma diferença de 10 a 30%”, aponta. “Assim, comer alimentos crus é uma boa maneira de perder peso, mas você precisa ter cuidado quanto a isso a longo prazo, e não é uma prática recomendada para crianças”.

Embora Wrangham ressalte a importância de se desenvolver sistemas mais precisos, a solução não seria facilmente implantada. “Não podemos chegar a uma situação em que os produtores de alimentos poderão usar evidências como a digestibilidade de seus produtos para determinar precisamente o efeito em nosso consumo de calorias, já que há uma variante psicológica, e seria impossível recomendar, por exemplo, uma meta diária de calorias com base nessa premissa”, aponta Catherine Collins, nutricionista-chefe da St George’s Hospital Medical School em Londres (Inglaterra).

Além disso, o alto custo para se desenvolver e aplicar um sistema mais preciso de cálculo de valores calóricos acaba dificultando a iniciativa. Seja como for, é importante que o consumidor esteja atento a essa diferença entre os valores calóricos anunciados e os “reais”.[Medical Xpress] [Science Magazine] [The Guardian]

2 comentários

  • David:

    Minha trisavó comia bolachas do tipo água e sal com manteiga todos os dias e morreu aos 99 anos. Ela passou este hábito para a minha bisavó. Por sua vez, repassou-o à minha avó, e assim isto chegou até a minha mãe. Quando falei para a vovó que a manteiga possui alto teor de gordura saturada e, em alguns produtos, transgênica, ela riu e me disse uma das coisas mais sábias que já ouvi:

    “Quem come sem culpa, não engorda e vive mais.”

    Claro, devemos manerar a ingestão diária de alimentos gordurosos, porém acredito que o nosso estado de espírito interefere poderosamente no impacto dos alimentos no nosso organismo.

    • Guilherme Euripedes:

      Talvez você esteja certo, ou melhor, suas avós e afins, mas é sempre bom colocar uma dose de genética ai no meio né? 🙂

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