Por que é difícil para uma mulher ter filhos depois dos 40?

Por , em 12.09.2013

A idade certamente afeta a fertilidade masculina (a qualidade do esperma diminui com os anos), mas os homens geram novos espermatozoides durante a maior parte de suas vidas. Todo mundo sabe que o mesmo não acontece com a mulher: a idade pode atrapalhar bastante na hora de ter um filho. Por quê?

A mulher carrega um número finito de oócitos (óvulos), que começam a se desenvolver logo após ela ser concebida.

Ao nascer, a menina tem cerca de um milhão de óvulos, mas, com o atrito celular natural, ela atinge a puberdade com apenas cerca de 400 mil. Estes óvulos permanecem em um estágio de repouso, adormecidos, até o início da puberdade.

Em resposta ao pico de hormônios, em média um óvulo passa para as etapas finais de crescimento e é ovulado aproximadamente a cada 28 dias durante quatro a cinco décadas.

O óvulo é a maior célula do corpo e não pode ser regenerada. No momento em que está pronto para ser fertilizado, terá pelo menos um par de décadas de idade. Um óvulo aguardando a fertilização pode ter até 40 anos de idade.

No pico de fertilidade (entre as idades de 17 e 25 anos), uma mulher sexualmente ativa tem 20% a 25% de chances de engravidar por mês. Aos 32 anos, a sua fertilidade começa a diminuir e, aos 40, cai pela metade. Nessa idade, ela também tem um maior risco de aborto espontâneo, complicações na gravidez, diabetes gestacional e defeitos de nascimento.

O que está acontecendo?

Cada pessoa tem 46 cromossomos, com cada um dos pais contribuindo com 23. Para esta herança ocorrer sem problemas, óvulos e espermatozoides precisam conter metade do número de cromossomos que as células normais.

Se o esperma e os óvulos tivessem um conjunto completo de cromossomas (46) no momento da fertilização, o embrião resultante conteria 92 cromossomos. Então, nas fases finais do crescimento, antes da ovulação, o óvulo é submetido a um processo chamado meiose. O principal objetivo da meiose é cortar pela metade o número de cromossomos (de 46 a 23). Para que a meiose ocorra corretamente, os cromossomos são movidos na célula em “andaimes” chamado fusos.

Conforme as mulheres envelhecem, os componentes da meiose deterioram-se. Isso resulta em aumento do número de óvulos com números incorretos de cromossomos (isso é chamado de aneuploidia).

Enquanto a maioria das aneuploidias resulta em falha de implantação (incapacidade do embrião de se incorporar na parede uterina) ou aborto, nem todas são letais para o embrião. Números incorretos de cromossomos também resultam em Síndrome de Down, condição na qual a criança tem um cromossomo 21 extra.

Estudos em ratos revelaram que a taxa de erros em alinhamentos cromossômicos aumenta de 15% nas ratas jovens (de seis a oito semanas de idade, que é o seu pico de fertilidade) para 50% em ratas idosas (12 meses de idade).

A qualidade dos próprios cromossomos também é comprometida pela idade.

Os telômeros são estruturas que protegem os cromossomos de danos. Seu encurtamento está associado com o envelhecimento celular em todo o corpo, incluindo óvulos. Óvulos com décadas de inatividade têm telômeros mais curtos. Em comparação, o comprimento dos telômeros dos espermas não é afetado, porque células produtoras de esperma contêm altos níveis de telomerase, as enzimas envolvidas na reparação de telômeros.

A capacidade dos óvulos de produzir energia também diminui com a idade. Todas as células contêm organelas chamadas mitocôndrias, que produzem energia. Comparações entre ratas idosas e jovens mostram que o envelhecimento resulta em redução de 40% nos níveis de energia, em 44% menos DNA mitocondrial, e em alterações significativas na estrutura mitocondrial dentro do óvulo.

A combinação destes e de outros fatores, bem como a diminuição natural de óvulos conforme as mulheres envelhecem, contribuem para o declínio da sua fertilidade. Enquanto isso, a introdução da pílula anticoncepcional, o aumento da educação e de oportunidades de carreira para as mulheres têm contribuído para o aumento da idade das mães. [MedicalXpress]

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