Por que sua cadeira está te matando e como evitar isto

Por , em 30.12.2013

Depois que Darwin inventou a cadeira de escritório elas foram rapidamente incorporadas ao local de trabalho, graças a Henry Ford. No início de 1900, Ford achava que os trabalhadores da linha de produção poderiam executar melhor as tarefas repetitivas se eles se mantivessem parados em um só lugar.

“A revolução industrial significava que você poderia quebrar o trabalho de todos em pequenas partes”, contou Galen Cranz, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), e autor do livro “The Chair: Rethinking Culture, Body, and Design”, à revista Quartz. “Todo mundo ficava sentado em uma fábrica realizando o mesmo movimento repetitivo por vezes consecutivas. No início aquilo foi bom. Você estava tirando uma carga de seus pés”.

Contudo, um século mais tarde, o que antes nos trouxe conforto está lentamente nos matando. Um estudo divulgado no meio do ano descobriu que ficar sentado por mais de três horas por dia pode reduzir a expectativa de vida em dois anos. Já outro recente estudo da Universidade de Leicester concluiu que ficar sentado por longos períodos de tempo aumenta o risco de diabetes e doenças cardíacas. Enquanto isso, a Associação Médica Americana adotou uma política de reconhecer os riscos potenciais à saúde de ficar sentado “encorajando os empregadores […] a pensarem em alternativas disponíveis à sentar-se, como estações de trabalho em pé”.

De acordo com Cranz, as pessoas não foram acostumadas a ficar sentadas em cadeiras por tanto tempo. Por milhares de anos, os seres humanos trabalhavam em pé, realizando tarefas complexas de “corpo inteiro”, que exigiam andar, correr, inclinar-se e ficar de cócoras. Cinquenta anos atrás, mais da metade dos empregos nos Estados Unidos exigia atividade física, porém, desde então, este número diminuiu para menos de 20%. Agora, há um movimento para retornar a um ambiente de trabalho que é mais natural e replica a atividade “de corpo inteiro” executada no passado.

Fabricantes de móveis responderam com espaços de trabalho que são mais ergonômicos, nos quais o equipamento de escritório é feito para maximizar a produtividade e minimizar o desconforto. Aqui está um guia para as estações de trabalho ergonômicas feitas para ficarmos em pé na era da economia da informação:

Mesa para ficar em pé

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Pensando em redatores e arquitetos do mundo, a “mesa para ficar em pé” omite a cadeira, que, descobriu-se, é ruim para a postura, para as costas e para a saúde do pescoço. Mesas deste model, como a NextDesk Air, forçam os trabalhadores a ficarem em pé o dia todo, incentivando o movimento e minimizando o tempo que passam sentados. O único problema é que as pessoas podem levar dias para se adaptarem a elas e, quando tentam usá-las, ficam com os pés doridos inicialmente, o que às vezes as leva de volta ao uso da cadeira.

Mesa de esteira

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Conheça a mesa de esteira: uma estação de trabalho ativo que exige constante movimento. Mas, não imagine que uma peça como esta, da TrekDesk, poderia substituir o seu regime de malhação. A maioria das pessoas que usa mesas de esteira acham que não trabalham em pé o dia todo. Em vez disso, tendem a subir no aparelho, fazer algum trabalho, e descer. De qualquer forma, o exercício regular não vai anular os efeitos negativos que ficar sentado durante oito horas seguidas causam à saúde. Mas mudar de posição durante a jornada de trabalho vai.

Sit-stand: As estações de trabalho híbridas

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Nossa relação ainda inclui os espaços de trabalho “sit-stand”, ativos e verticais, que colocam as pessoas em posições intermediárias, não muito sentadas, mas também não totalmente em pé. As estações de trabalho sit-stand, como a mesa ajustável WorkFit, da Ergotron, e a cadeira Gesture, da Steelcase, são projetadas de modo que os funcionários possam revezar periodicamente entre sentado e em pé usando sempre a mesma cadeira, suporte de computador ou mesa. No entanto, uma mesa como a WorkFit pode ser difícil de configurar e pode lotar o espaço de trabalho, já que as prateleiras do monitor e teclado ocupam espaço extra e contribuem para a confusão de fios do computador.
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Estações de trabalho verticais como a Locus, patenteada pela Focal, exigem que você se sente em uma postura inclinada, ao invés de uma posição tradicional sentada ou em pé. Isso força as pernas a trabalharem, quase tanto quanto fazemos quando estamos em pé. O projeto expande o corpo na altura dos quadris, aproximando-se o ângulo ideal de 135 graus, que é melhor para as costas. Cranz explica que as configurações de estações de trabalho não sentadas podem “enganar” o corpo, imitando um metabolismo mais ativo e menos sedentário.

Se você está preocupado com o fato de ficar sentado durante todo o dia, mas o seu escritório não vai desembolsar a verba para uma alternativa mais ergonômica, há sempre a “ergonomia de guerrilha”, que Cranz se refere como incorporar mais atividade e movimento durante o dia. A ginástica laboral também pode ajudá-lo nisso.

Outra opção é definir a sua cadeira na altura máxima e, em seguida, sentar-se na borda do assento, com as pernas estendidas, para chegar o mais próximo da curva ideal da cintura, de 135 graus. Como as outras opções, você provavelmente vai ficar um pouco incomodado e chamará atenção, mas pelo menos não vai prejudicar as suas costas – e talvez nem a sua produtividade. [Quartz]

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