Risco de esquizofrenia aumenta quando a pessoa teve gatos na infância

Por , em 13.12.2023

Ter um gato durante os anos de formação tem sido associado, mais uma vez, a distúrbios psicológicos, indicando um papel preocupante para nossos companheiros felinos nessa questão.

Em um estudo recente publicado na revista “Schizophrenia Bulletin”, um grupo de pesquisadores australianos examinou 17 pesquisas conduzidas entre 1980 e 2023. Esses estudos sugerem uma ligação entre a convivência com gatos na infância e transtornos ligados à esquizofrenia. Esta seleção foi feita a partir de uma lista extensa de 1.915 estudos que abordavam o tema de gatos ao longo desses 43 anos.

Para aqueles que acompanham a relação entre felinos e saúde mental, é sabido que o parasita Toxoplasma gondii, encontrado em fezes de gato e em carne vermelha malcozida, está associado a uma variedade de desfechos inesperados. Isso vai desde problemas de saúde mental até um interesse por BDSM ou uma tendência a se envolver em acidentes de trânsito. Toxoplasmose, a infecção resultante da exposição ao T. gondii, tem sido vista como um risco significativo há anos, levando profissionais da saúde a aconselhar gestantes a evitar limpar caixas de areia de gatos e comer carne malcozida.

Especificamente, a toxoplasmose tem sido relacionada a esquizofrenia e distúrbios similares, caracterizados por alucinações, delírios e pensamento e comportamento desorganizados. É importante ressaltar que a causa exata da esquizofrenia ainda é desconhecida. Contudo, a área psiquiátrica sugere que ela pode ser devida a uma combinação de fatores genéticos, interrupções no desenvolvimento cerebral e influências ambientais. A exposição ao T. gondii através de gatos durante o desenvolvimento cerebral parece ser um fator ambiental significativo, conforme indicado por diversos estudos.

Os pesquisadores do Queensland Centre for Mental Health Research, na Austrália, utilizando várias bases de dados, descobriram uma correlação forte entre ter gatos na infância e o desenvolvimento de distúrbios relacionados à esquizofrenia, com uma proporção de 2,24. Isso significa que, baseado em suas pesquisas abrangentes, indivíduos que tiveram gatos na infância podem ser mais de duas vezes mais propensos a desenvolver esses distúrbios em comparação com aqueles que não tiveram.

Apesar de ser um dado significativo, os pesquisadores enfatizaram a necessidade de mais estudos para determinar as idades mais vulneráveis, já que os estudos existentes variavam consideravelmente.

Os pesquisadores destacaram em sua publicação que são necessárias mais pesquisas de alta qualidade, focando em amostras grandes e diversificadas, para entender melhor o papel da convivência com gatos na modificação do risco de distúrbios mentais.

Em resumo, mais investigações são necessárias para compreender os aspectos específicos da toxoplasmose que podem contribuir para riscos à saúde mental. Enquanto isso, é provável que essas correlações incomuns continuem a aparecer.

Além disso, é relevante considerar o impacto dessas descobertas no entendimento público sobre a relação entre animais de estimação e saúde mental. Embora os estudos apontem para uma conexão entre a posse de gatos na infância e certos distúrbios mentais, é crucial abordar essas informações com cautela e equilíbrio. Não se deve criar um estigma em torno dos gatos como animais de estimação, mas sim promover uma compreensão mais profunda sobre os fatores ambientais que podem influenciar a saúde mental.

A complexidade do cérebro humano e as inúmeras variáveis envolvidas em seu desenvolvimento tornam essas descobertas particularmente desafiadoras. Estudos futuros deverão explorar mais detalhadamente como a interação com animais de estimação, em particular gatos, durante os anos formativos pode influenciar o desenvolvimento neurológico e psicológico. Essa pesquisa é essencial não apenas para entender melhor a esquizofrenia e distúrbios relacionados, mas também para ampliar nossa compreensão geral sobre como o ambiente em que crescemos molda nossa saúde mental ao longo da vida.

A colaboração entre especialistas em saúde mental, veterinários e epidemiologistas pode fornecer insights valiosos nesse campo de estudo. Combinando diferentes áreas de expertise, é possível abordar a questão de maneira holística, considerando tanto a saúde dos animais quanto a dos seres humanos. Este é um campo de pesquisa em expansão, com potencial para revelar novas perspectivas sobre a interação entre humanos e animais e seu impacto na saúde mental. [Futurism]

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