Telescópio do tamanho do nosso planeta fotografa jato de buraco negro pela primeira vez

Por , em 8.04.2020

O Telescópio de Horizonte de Eventos fez uma imagem incrível de um blazar, um jato de radiação associado a um buraco negro supermassivo a bilhões de anos-luz de distância de nós.

Telescópio de Horizonte de Evento

A colaboração do Telescópio de Horizonte de Eventos é uma rede de oito telescópios do tamanho do nosso planeta que fez a primeira fotografia de um buraco negro da história, aquele que fica no centro da galáxia M87.

Mas não parou por aí, claro; durante a rodada de observações em 2017, a rede capturou outras imagens interessantes também, como a dessa fonte de radiação compacta e violeta em alta resolução.

Compreender como esses jatos associados a buracos negros se formam é um tema importante para a astrofísica.

Uma das maneiras de estudá-los é através de um método chamado de “very long baseline interferometry” (VLBI, ou interferometria de base muito longa) que combina observações de radiotelescópios ao redor do mundo, exatamente como o Telescópio de Horizonte de Eventos. Cada objeto da rede registra a radiação de uma fonte, e em seguida algoritmos de computador focam todos esses dados em uma fotografia de alta resolução.

3C 279

A famosa foto do buraco negro de M87, embora tenha ajudado os cientistas a entender um pouco melhor a formação de jatos, não ligou o buraco negro diretamente a seu jato.

Felizmente, a rede observou outros alvos também, incluindo uma fonte de rádio luminosa, o blazar 3C 279, a bilhões de anos-luz de distância.

Cientistas do Instituto Max Planck de Radioastronomia (Alemanha) analisaram a imagem resultante, composta de observações realizadas pelo Telescópio de Horizonte de Eventos entre 5 e 11 de abril de 2017, e divulgaram seus resultados recentemente.

O blazar

As observações registraram o jato com resolução de meio ano-luz. A estrutura parecia torcida em sua base e tinha componentes subestruturais menores movendo-se perpendicularmente ao campo de visão dos cientistas. Além disso, o blazar mudou ao longo dos poucos dias em que foi observado.

Dois dos componentes do jato pareciam estar se movendo mais rápido que a velocidade da luz, entre 15 e 20 vezes. Eles não estavam realmente se movendo mais rápido que a velocidade da luz; apenas pareciam estar fazendo isso no céu.

Em conjunto, os dados sugerem que o jato poderia ser uma emissão “curvada” ou rotativa de ondas de choque produzidas por instabilidades em seu plasma.

Novas observações

Esse jato representa apenas um exemplo de uma família de objetos que mostram uma variação imensa. Logo, os resultados não podem ser generalizados para outras fontes galácticas ativas, ou outros blazares.

Mesmo assim, representa um avanço na nossa compreensão de como esses jatos se formam.

Por enquanto, os cientistas continuam analisando as informações coletadas pela rede de telescópios em 2017 e 2018. A pandemia de COVID-19 suspendeu a rodada de observações marcada para este ano.

Por fim, uma nova rodada expandida com 11 observatórios está programada para março de 2021.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Astronomy and Astrophysics. [Gizmodo]

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