Cientistas dizem que a foto histórica do buraco negro de M87 “revela a luz de todo o universo”

Por , em 31.03.2020

Você conhece toda a história por trás da primeira foto histórica de um buraco negro? Já ouviu falar do Telescópio de Horizonte de Eventos? Sabe o que mais podemos descobrir ao observar esses intrigantes objetos massivos?

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M87

O primeiro buraco negro fotografado foi o que fica no centro da galáxia M87. Ele tem o tamanho de nosso sistema solar e a massa de seis bilhões e meio de sóis.

Observações feitas em julho de 2018 com o Telescópio Muito Grande da Agência Espacial Europeia (ESO) revelaram que a galáxia elíptica gigante M87 havia engolido uma galáxia de tamanho médio nos últimos bilhões de anos.

Isso levou os astrônomos a teorizar que o buraco negro de M87 havia crescido e se tornado massivo ao se fundir com vários outros buracos negros.

Como M87 é a maior e mais massiva galáxia do universo próximo, tal tamanho grande e relativa proximidade fizeram os cientistas pensarem que seu primeiro buraco negro era o primeiro que poderíamos “ver”.

Telescópio de Horizonte de Eventos

A foto histórica foi finalmente tirada em 10 de abril de 2019, utilizando o Telescópio de Horizonte de Eventos (no original em inglês, “Event Horizon Telescope” ou EHT).

“Compreender os detalhes intrincados dessa observação experimental histórica forçou teóricos como eu a pensar sobre os buracos negros de uma nova maneira”, disse Andrew Strominger, professor de física e diretor assistente de teoria do Instituto do Buraco Negro na Universidade de Harvard (EUA).

A existência de tal objeto era prevista há 100 anos. “O fato de levarmos cem anos para obter uma imagem clara não é uma medida de quão preguiçosos e lentos são os cientistas. É uma medida de quão grande é o problema e com que precisão e profundidade estamos entendendo o universo ao nosso redor. É algo no qual eu tenho pensado toda a minha vida científica”, complementou Strominger.

A imagem foi um marco de anos de trabalho realizado por uma equipe de 200 cientistas em 59 institutos em 18 países. O projeto utilizou dados coletados por oito telescópios posicionados por todo o planeta, criando o equivalente a uma lente do tamanho da Terra – algo 4.000 vezes mais poderoso que o Telescópio Espacial Hubble.

Luz de todo o universo

De acordo com os pesquisadores, a imagem icônica do buraco negro de M87 capturou a luz de todo o universo em uma série de anéis que ficam em torno do objeto – embora ainda não possamos estudar bem esses anéis.

“A imagem de um buraco negro na verdade contém uma série aninhada de anéis”, disse Michael Johnson, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, em um estudo publicado na edição de 18 de março da revista Science Advances.

“Ao olharmos para esses anéis, estamos olhando a luz de todo o universo visível, estamos vendo cada vez mais longe no passado, como um filme, por assim dizer, da história do universo visível”, explicou Peter Galison, da Universidade de Harvard, um colaborador do EHT.

Essa é uma visualização de tais anéis de fótons individuais que comporiam a primeira imagem do buraco negro supermassivo da galáxia M87.

“O que realmente nos surpreendeu foi que, enquanto as subcategorias aninhadas são quase imperceptíveis a olho nu nas imagens – mesmo imagens perfeitas – são sinais fortes e claros para conjuntos de telescópios chamados interferômetros. Embora a captura de imagens de buracos negros normalmente exija muitos telescópios distribuídos, as subposições são perfeitas para estudar usando apenas dois telescópios muito distantes. Adicionar um telescópio espacial ao EHT seria suficiente [para capturá-las]”, afirmou Johnson.

Muito mais por vir

Os cientistas dizem que muitas novas descobertas ainda estão por vir.

“Existem algumas perguntas reais sobre destruição, o que está dentro de um buraco negro, e assim por diante, que podemos investigar com o EHT”, concluiu Strominger. [DailyGalaxy]

2 comentários

  • silviojbmaia:

    Dissociada da paranormalidade nossa ciência continua a dizer asneiras.
    Em hipótese alguma se pode falar em “todo o universo”, porque todo pressupõe limites, medidas, e a infinitude não as pode ter.
    Pode ser que algum cientificista considere que isso não tem importância mas na verdade tem importância fundamental, para o correto processamento discernente da realidade.

    • Cesar Grossmann:

      Escreve uma tese, publica em um jornal científico de peso, modifique a humanidade para sempre, e coleta o teu Nobel.

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