Casais com filhos são menos felizes❓

Por , em 25.02.2019

Pergunte para qualquer pai ou mãe dos Estados Unidos se eles são mais felizes depois de ter filhos e eles provavelmente vão dizer que sim. Mas uma pesquisa publicada na American Journal of Society em setembro de 2016 mostra que isso provavelmente não é verdade.

Os pesquisadores Jennifer Glass, da Universidade de Texas (EUA), Robin Simon, da Universidade Wake Forest (EUA) e Matthew Anderson, da Universidade Baylor (EUA) analisaram um grande banco de dados de 22 países desenvolvidos para averiguar o nível de felicidade de pais e mães quando comparados a adultos sem filhos.

O resultado foi que em 14 países os pais e mães eram mais infelizes que pessoas sem filhos, entre eles os EUA. Apenas oito países da lista mostraram pessoas com filhos tão ou mais felizes quanto pessoas sem filhos: Portugal, Hungria, Espanha, Noruega, Suécia, Finlândia, França e Rússia.

O grande destaque foi Portugal, onde os pais são 8% mais felizes do que adultos sem filhos. O segundo lugar foi da Hungria, com 4,7% mais felicidade nessa parcela da população e o terceiro lugar foi a Espanha, com 3,1%.

Os países com maior infelicidade de pais foram EUA, com 12%, Irlanda, com 9,5% e Grécia, com 8,3%.

“As histórias culturais sobre ser pais dizem que isso é incrível, que as crianças são ótimas, que é a melhor coisa que pode acontecer com a gente. Então por que vemos essas lacunas? Foi isso que motivou nossa pesquisa”, diz Glass.

Os pesquisadores examinaram as diferenças entre os países para descobrir o que pode estar causando esta lacuna de felicidade entre os pais de diferentes regiões. A conclusão foi que políticas americanas podem ser a causa principal do aumento do estresse relacionado aos filhos. Por lá, cuidados na primeira infância são extremamente caros, já que a educação pública começa apenas aos cinco anos de idade e muitas mães voltam ao trabalho poucas semanas depois do parto.

Já nos países em que há mais felicidade entre os pais há creches pagas pelo governo ou uma cultura de envolvimento de avós e tios nos cuidados da criança. Em países onde a felicidade é menor, os pais normalmente não podem contar com o apoio da família estendida porque existe uma cultura mais individualista.

Em 2012, uma pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA estimou que uma família de classe média gasta, em média, US$234.900 para criar um filho nascido em 2011 até ele completar 17 anos. Se esse filho for para a universidade nos EUA, essa quantia pode dobrar.

Por outro lado, na Noruega, Suécia, Finlândia e França há uma rede de segurança social e políticas familiares que aliviam muito os custos para as famílias, como ótimas licenças maternidade e paternidade. Na Rússia e Hungria ainda existe programas sociais herdados da União Soviética que cuidam de famílias. Já na Espanha e em Portugal este alívio vem da ajuda dos parentes dos pais das crianças.

Casais com filhos x casais sem filhos


Outro estudo de 2011 pelo pesquisador norueguês Thomas Hansen comparou a ideia que temos de pessoas com filhos e de pessoas sem filhos. A maioria das pessoas acredita que “a vida das pessoas sem filhos é mais vazia, menos recompensadora e mais solitária do que quem tem filhos”. Mas a pesquisa mostrou que pais que têm filhos em casa têm pior qualidade de vida do que as pessoas sem filhos.

Nível de satisfação com o relacionamento


Uma metanálise do Conselho Nacional de Relações Familiares dos EUA examinou os níveis de satisfação em relação ao relacionamento de casais com e sem filhos. O resultado foi que casais sem filhos relataram maior felicidade por conta do romancismo da relação.As mães ficam menos satisfeitas com o relacionamento durante os primeiros meses de vida dos filhos, mas depois esta satisfação volta a aumentar. Já os pais têm uma insatisfação constante que independe da idade da criança.
[Bigthink, Independent]

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