Não se sinta culpado se acabou de ter filhos e estiver infeliz

Por , em 13.08.2015

Um novo estudo feito na Alemanha afirmou que ter um bebê pode ser pior para o bem-estar mental de uma pessoa do que o divórcio ou a morte de um parceiro.

Parece horrível, não é mesmo? Como assim ter um filho é deprimente?

Bom, é cedo para tirar quaisquer conclusões do estudo, que precisa ser replicado para ser corroborado. Mas os resultados são intrigantes e podem servir como base para refletirmos sobre a fenômeno de formação de famílias no mundo atual.

Cada vez menos filhos

O principal objetivo do estudo, publicado na revista Demography, era explorar por que a taxa de natalidade em muitos países desenvolvidos caiu e manteve-se baixa. Além disso, a pesquisa queria descobrir porque muitas vezes há uma disparidade entre o número de filhos que as pessoas dizem que querem ter, e quantos elas realmente têm.

Os pesquisadores acompanharam 2.016 casais alemães sem filhos do nascimento de seu primeiro bebê até cerca de dois anos depois. Eles tiveram que responder repetidamente a pergunta “Quão satisfeito você está com sua vida, considerando todas as coisas?”, sendo que a resposta ia de 0 (totalmente insatisfeito) a 10 (totalmente satisfeito).

Os casais estavam em geral satisfeitos antes do nascimento de seu bebê, com a felicidade crescendo em antecipação à gravidez. No entanto, após o nascimento da criança, apenas 30% dos pais relataram os mesmos ou maiores níveis de satisfação. O resto – 70% – disse que a sua felicidade tinha diminuído.

Entre as novas mães e pais que ficaram menos felizes, 37% (742) reportaram uma queda de uma unidade, 19% (383) uma queda de duas unidades, e 17% (341) uma queda de três unidades. Isso é considerado muito grave.

Por que tão triste?

Por que ter um recém-nascido vem com tanto descontentamento? Provavelmente, porque esses primeiros anos são difíceis, repletos de noites sem dormir e desafios anteriormente desconhecidos.

Aliás, outro estudo de 2011 publicado no Population and Development Review mostrou que ter filhos vem com uma queda de felicidade nos primeiros anos, mas com um aumento na felicidade geral bem mais tarde, quando eles já não dependem mais dos pais (e param de sugar toda a alegria de suas almas).

No novo estudo alemão, os desafios da paternidade foram divididos em três categorias que afetaram o desejo de reproduzir de novo: primeiro foram considerados problemas de saúde na gravidez (sentidos por ambos os sexos), e depois complicações durante o parto. O terceiro era o desafio contínuo da educação dos filhos. Os pais relataram cansaço devido a problemas amamentação, privação do sono, depressão, isolamento doméstico e piora do relacionamento conjugal.

Pior que divórcio e morte

Outra descoberta surpreende da nova pesquisa é que a queda de felicidade vista foi extrema em comparação a outros estudos que utilizaram as mesmas medidas. O divórcio foi medido com uma queda de 0,6 na felicidade, por exemplo, e a morte de um cônjuge ou parceiro a 1,0.

Já ter um bebê levou a uma queda média de 1,4 na felicidade das pessoas, e muitos pais que haviam indicado o desejo de ter mais filhos pararam depois do primeiro. A associação de negatividade foi particularmente elevada para pais mais velhos e aqueles com níveis mais elevados de educação.

A conclusão da pesquisa é de que os casais devem considerar a mudança que sua vida sofrerá antes de tomar a decisão de ter um filho. Expectativas um pouco mais realistas podem evitar uma queda tão grande em felicidade.

Os autores da pesquisa, Rachel Margolis e Mikko Myrskylä, possuem filiações com o Departamento de Sociologia da Universidade de Western Ontario, no Canadá, com o Laboratório de Fertilidade e Bem-estar do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, na Alemanha, com o Departamento de Política Social da London School of Economics and Political Science, no Reino Unido, e com o Departamento de Pesquisa Social da Universidade de Helsinki, na Finlândia. [Gizmodo]

1 comentário

  • Adriano Cunha Santana:

    Ao ler este trecho “precisa ser replicado para ser corroborado”, realmente não consegui levar a sério (ainda)…

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