Teste inovador pode diagnosticar Síndrome da Fadiga Crônica com 91% de precisão

Por , em 11.09.2023

Pessoas que sofrem de Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) frequentemente enfrentam uma jornada prolongada e frustrante para receber um diagnóstico oficial, com uma parcela significativa permanecendo sem diagnóstico nos Estados Unidos, de acordo com especialistas. A SFC, uma condição caracterizada por fadiga severa, comprometimento cognitivo e uma qualidade de vida diminuída, afeta inúmeras pessoas sem acesso ao devido suporte médico.

No entanto, um possível raio de esperança pode estar no horizonte na forma de um teste de diagnóstico recentemente desenvolvido. Um grupo de pesquisadores liderado pela Universidade de Oxford revelou descobertas preliminares sobre um teste baseado em células sanguíneas capaz de distinguir entre indivíduos não afetados pela SFC e aqueles com a condição (também conhecida como encefalomielite miálgica ou ME/CFS) com uma impressionante taxa de precisão de 91%.

A importância de tal teste não pode ser subestimada, pois o diagnóstico precoce tem o potencial de capacitar os pacientes a gerenciar suas condições de forma mais eficaz. Além disso, poderia abrir caminho para avanços na compreensão das vias da doença e no desenvolvimento de tratamentos, especialmente se o teste puder revelar mudanças nos pacientes ao longo do tempo.

Esse inovador teste sanguíneo baseia-se na diferenciação das células mononucleares do sangue periférico (PBMCs), um tipo de célula sanguínea, entre indivíduos com e sem SFC. O método emprega a espectroscopia Raman, uma técnica usada para analisar as vibrações moleculares em células individuais, em conjunto com a tecnologia de inteligência artificial (IA).

Pesquisas anteriores sugerem que PBMCs de indivíduos com SFC apresentam uma função energética reduzida, alinhando-se com a teoria emergente de que a condição tem suas raízes na produção de energia comprometida.

Baseando-se em seu estudo piloto inicial e nos dados indicando perturbações das PBMCs na SFC, os pesquisadores expandiram sua abordagem diagnóstica para incluir quase 100 participantes. Este grupo era composto por 61 indivíduos com SFC, 16 controles saudáveis e 21 pessoas com esclerose múltipla, uma doença autoimune que compartilha vários sintomas com a SFC.

A análise envolveu o perfil de mais de 2.000 células em 98 amostras de pacientes, concentrando-se nas vibrações moleculares das células individuais. Os espectros resultantes, semelhantes aos usados na astronomia para determinar a composição química das estrelas, revelaram mudanças nos níveis de metabólitos intracelulares produzidos durante o metabolismo celular.

As descobertas foram convincentes, com Xu e seus colegas observando variações metabólicas distintas entre os pacientes com SFC e os dois grupos de controle. Utilizando o algoritmo de IA, o teste identificou com precisão 91% dos pacientes e até mesmo diferenciou entre aqueles com SFC leve, moderada e grave com 84% de precisão.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para validar esses resultados em grupos maiores. Os pesquisadores esperam que seu método supere os desafios enfrentados por outras equipes no processamento de amostras. No entanto, é importante observar que a espectroscopia Raman de células individuais não está prontamente disponível em laboratórios de diagnóstico certificados.

Testes semelhantes baseados em células sanguíneas usando técnicas analíticas diferentes têm mostrado promessa no passado. Em 2019, cientistas da Universidade de Stanford conduziram um estudo piloto analisando PBMCs, embora não tenha havido atualizações sobre seu progresso desde então. (Membros da equipe de Stanford continuam seus estudos sobre a SFC.)

Enquanto isso, muitas pessoas que vivem com SFC ainda aguardam um diagnóstico e acesso a opções de tratamento com base em evidências. A condição frequentemente enfrenta ceticismo de alguns profissionais de saúde, e tratamentos eficazes e uma compreensão clara de sua patologia subjacente permanecem ilusórios.

Esperamos que estudos como este, que apontam para mudanças biológicas detectáveis associadas a essa condição limitadora de energia e que altera a vida, contribuam para um futuro mais promissor para aqueles afetados pela SFC. [Science Alert]

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