Uma Pitada de Pó de Ouro Pode Ajudar a Reverter Sintomas da Doença de Parkinson

Por , em 22.02.2024

Pesquisadores estão desenvolvendo um medicamento inovador, contendo nanopartículas de ouro, para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e esclerose múltipla.

O medicamento, chamado CNM-Au8, mostrou recentemente resultados promissores ao melhorar o metabolismo cerebral em ensaios clínicos de fase II.

Estudos continuam para avaliar a segurança e eficácia do medicamento, que apresenta nanopartículas de ouro capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e potencializar a energia neuronal, combatendo sua degeneração.

O neurologista Peter Sguigna, da Universidade do Texas Southwestern, expressou um otimismo cauteloso: “Estamos cautelosamente otimistas de que poderemos prevenir ou até reverter algumas incapacidades neurológicas com esta estratégia”.

Doenças como Parkinson e esclerose múltipla se caracterizam pela redução do metabolismo cerebral, o que pode levar à privação de energia dos neurônios e ao acúmulo de substâncias nocivas e radicais livres que danificam as células.

O CNM-Au8 foi desenvolvido para funcionar como um estabilizador de energia cerebral.

Embora sua composição possa parecer extravagante, as nanopartículas de ouro são bastante distintas do ouro utilizado em joias. Essas pequenas partículas de cor vermelho-dourado são economicamente viáveis para produção e podem ser adaptadas para penetrar eficientemente nas células ou atravessar a barreira hematoencefálica para a entrega de medicamentos, tornando-as ideais para uso farmacêutico.

As possíveis adaptações e aplicações desses medicamentos no tratamento de doenças neurodegenerativas são amplas, embora a pesquisa atual se concentre principalmente em estudos com animais.

O CNM-Au8 é um dos poucos medicamentos dessa categoria a alcançar ensaios clínicos em humanos. Ele é especificamente projetado para fornecer ao cérebro uma coenzima essencial para o metabolismo energético e a produção de ATP.

Esta coenzima existe em dois estados: oxidado (NAD+) e reduzido (NADH). A manutenção do equilíbrio entre esses estados é crucial para o equilíbrio metabólico.

Em pacientes com Parkinson e esclerose múltipla, a razão NAD+/NADH é anormalmente baixa, refletindo a gravidade da doença.

Entretanto, em ensaios clínicos recentes, quando 13 pacientes com Parkinson e 11 com esclerose múltipla tomaram CNM-Au8 diariamente durante 12 ou mais semanas, sua razão NAD+/NADH aumentou em média 10,4%. Esse aumento é significativo, considerando que a média de declínio da razão NAD+/NADH por década em uma pessoa é de cerca de 0,5%.

Os pesquisadores acreditam que essa melhoria pode potencialmente reverter, e não apenas interromper, a progressão de doenças neurodegenerativas.

Os participantes do estudo também relataram uma “melhoria nas experiências motoras do cotidiano” enquanto tomavam o medicamento.

Ainda não se sabe exatamente como o CNM-Au8 atua, mas estudos pré-clínicos sugerem que ele atravessa a barreira hematoencefálica e aumenta a produção de ATP.

Em modelos animais, o CNM-Au8 também parece combater alguns sintomas da esclerose múltipla, como a reparação de bainhas que envolvem os neurônios, permitindo que eles transmitam mensagens mais eficientemente.

A equipe da UT Southwestern destaca: “Até onde sabemos, o CNM-Au8 é a única suspensão de nanocristais de ouro com alta atividade catalítica e baixa toxicidade que está sendo desenvolvida como um agente modificador de doenças neurodegenerativas”.

Diante dos resultados promissores obtidos na fase II dos ensaios clínicos, a equipe está se preparando para a fase III. [Science Alert]

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