Cientistas descobrem ligação direta entre o sistema imunológico e o cérebro

Por , em 20.07.2016

Cientistas descobriram uma nova série de vasos linfáticos no corpo que ligam o cérebro ao sistema imunológico – uma conexão que ninguém pensou anteriormente que existia.

Isso pode levar a uma reescrita dos livros de anatomia, além de uma nova compreensão de como nosso sistema imunológico influencia o nosso cérebro e nosso comportamento, o que pode gerar novos tratamentos para condições que afetam ambos.

Nos ratos

Os novos vasos linfáticos foram anunciados pela primeira vez no ano passado, na revista Nature.

No entanto, fizeram manchetes novamente na semana passada quando a equipe de Jonathan Kipnis, da Universidade da Virgínia, nos EUA, mostrou que o sistema imunológico poderia controlar nosso comportamento social através destes vasos.

O sistema linfático é composto de vasos que transportam glóbulos brancos e outras células do sistema imunológico por todo o corpo. Ele serve como uma ligação entre tecidos e corrente sanguínea, e ajuda a remover células sanguíneas mortas e outros resíduos.

Porém, durante décadas, os cientistas estavam convencidos de que o cérebro não possuía nenhum vaso linfático, e não tinha uma conexão direta com o sistema imunológico.

Agora, descobriram que os vasos linfáticos estavam simplesmente escondendo-se nas meninges – a camada de tecido que cobre o cérebro.

A confirmação da ligação

Para determinar isso, os pesquisadores estudaram meninges inteiras de ratos, ao invés de cortá-las, que é o que eles normalmente fazem.

Quando as observaram como um todo sob o microscópio, os cientistas notaram que havia células imunes espalhadas pela amostra em padrões de vasos. Mais testes revelaram que eram de fato vasos linfáticos.

A equipe então injetou corante nos ratos anestesiados para que pudessem identificar como os vasos transportavam fluido e células imunológicas a partir do líquido cefalorraquidiano, ao longo de veias nos seios nasais e linfonodos cervicais, uma conexão direta entre o sistema imunológico e o cérebro.

Nos humanos

A equipe também descobriu vasos semelhantes em autópsias de cérebros humanos, mas ainda precisa mostrar exatamente como eles são organizados e qual a sua função. Descobrir isso poderia ser a chave para o tratamento de uma ampla gama de doenças, de esquizofrenia à doença de Alzheimer.

“Na doença de Alzheimer, existem grandes acúmulos de proteína no cérebro”, disse Kipnis. “Achamos que elas podem estar se acumulando porque não estão sendo eficientemente removidas por esses vasos”.

Pesquisas mais recentes da equipe também indicam que desligar uma molécula do sistema imunológico dos ratos pode impactar significativamente o comportamento dos animais, impedindo-os de socializar com outros ratos. Isso sugere um papel entre o sistema imunológico e as condições sociais, como o autismo.

“Acreditamos que para cada doença neurológica que tem um componente imunológico, estes vasos podem desempenhar um papel importante”, acrescentou Kipnis.

Ou seja, enquanto muito mais estudo é necessário para entendermos melhor como esses vasos funcionam, é emocionante saber que podemos ter uma forma totalmente nova de abordar condições do sistema nervoso central. [ScienceAlert]

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