Veja fotos de calçados egípcios de 2 mil anos

Por , em 28.02.2013

Arqueólogos descobriram sete sapatos que parecem ser feitos de couro bovino, dentro de um frasco (foto acima) em um templo egípcio.

Mais de 2.000 anos atrás, numa época em que o Egito era governado por uma dinastia de reis de ascendência grega, alguém, talvez um grupo de pessoas, escondeu alguns dos bens mais valiosos que tinha: seus sapatos. Eles foram depositados em um frasco em um templo egípcio em Luxor – três pares e um sapato isolado.

Dois pares foram originalmente usados por crianças e tinham apenas cerca de 18 centímetros de comprimento. Usando corda de fibra de palmeira, os sapatos infantis foram amarrados dentro de um sapato adulto isolado e colocados no pote (foto abaixo).

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Outro par de sapatos, com mais de 24 centímetros de comprimento, que havia sido usado por um adulto que mancava, também foi inserido na jarra.

Em 2004, uma expedição arqueológica liderada pelo italiano Angelo Sesana descobriu os artefatos. “O frasco de sapatos, junto com outros dois frascos, tinha sido deliberadamente colocado em um pequeno espaço entre duas paredes de tijolos”, disse o arqueólogo.

“O achado é extraordinário. Os sapatos estavam em bom estado e ainda flexíveis após a descoberta”, comentou André Veldmeijer, especialista em vestuário egípcio. “Infelizmente, depois de terem sido descobertos, os itens tornaram-se extremamente frágeis”, acrescentou.

Sapato e saúde

Os sapatos forneceram uma visão sobre a saúde das pessoas que os usaram. No caso do sapato isolado, Veldmeijer encontrou uma “área semicircular saliente”, que poderia ser um sinal de uma condição chamada de hálux valgo, mais popularmente conhecida como joanete.

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“Nesta condição, o dedão do pé começa a desviar na direção dos outros dedos”, explica Veldmeijer. “Embora hereditária, também pode desenvolver-se como resultado de usar sapatos apertados, embora estudiosos contestem esta ideia”.

Outra descoberta curiosa veio de um par de sapatos adultos. Veldmeijer notou que o sapato esquerdo tinha mais evidências de reparo e uso que o sapato direito. “O par de sapatos foi exposto à pressão desigual”, disse, “o que mostra que a pessoa que o usou mancava, caso contrário, o desgaste teria sido muito mais igual”.

Apesar de seus problemas médicos, as pessoas que usavam os sapatos tiveram o cuidado de mantê-los e repará-los, ao invés de simplesmente jogá-los fora como tendemos a fazer hoje com tênis velhos. “Estes sapatos foram altamente valorizados”, conclui Veldmeijer.

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Qualidade x status

A análise de Veldmeijer sugere que os sapatos podem ter tido fabricação estrangeira e sido “relativamente caros”.

Sandálias eram o calçado mais comum no Egito, e o estilo e a qualidade destes sete sapatos é tal que “todo mundo devia olhar” para eles, dando um bom status aos seus donos.

Veldmeijer afirma que as pessoas que usavam os sete sapatos os amarravam usando tiras de couro na parte superior do calçado, que formavam nós e eram passadas através das aberturas para fechar os sapatos. Depois que eram fechados, uma longa tira de couro pendia, decorativa, em ambos os lados.

Concepção artística de como os sapatos teriam parecido na época

Concepção artística de como os sapatos teriam parecido na época

O mais surpreendente foi que o sapato adulto isolado tinha um dispositivo que até agora os pesquisadores pensavam que tinha sido usado pela primeira vez na Europa medieval: uma tira de couro dobrada que ia da sola do sapato até sua parte superior, reforçando a costura, já que a parte superior era muito propensa a rasgar.

O dispositivo é útil em clima úmido e terreno enlameado, já que torna a costura muito mais resistente à água. No clima seco e geralmente não barrento do antigo Egito, é uma inovação inesperada e parece indicar que os sapatos foram feitos em algum lugar no exterior.

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Mistérios

A data dos calçados foi baseada no frasco onde foram encontrados e nos outros dois frascos próximos, assim como na estratigrafia, ou formação de camadas de sedimentos, da área na qual foram descobertos. Pode ser possível, no futuro, datação de carbono para confirmar sua idade.

Por que eles foram deixados no templo ainda é um mistério. “Não há nenhuma razão para armazená-los sem ter a intenção de pegá-los de volta em algum ponto”, opina Veldmeijer, sugerindo que algum problema ou confusão obrigou os proprietários a abandonar os sapatos e fugir apressadamente.

O próprio templo no qual foram achados antecede os sapatos por mais de 1.000 anos, e foi construído originalmente para o faraó Amenhotep II (1424 – 1398 aC).[LiveScience 1 e 2]

3 comentários

  • jodeja:

    Naturalmente só os egípcios da classe nobre usavam sapatos. A maioria de trabalhadores andava descalça. Até hoje é assim. Nas grandes cidades, os pobres usam tamancos,sandálias ou chinelos, mas no interior do país a turma anda é com o pé no chão mesmo, digo isso porque quando calcei uma botina pela primeira vez, já estava com 11 anos.

  • Roberto Marques de Oliveira:

    impressionate o design dos egpcios, estes sapatos parecem ter sido tirados de uma vitrine de uma loja de grife

  • Rener Web:

    Tudo indica que os Egipcianos gostavam de moda.
    Kkkkkk

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