A Suécia quer esfregar na cara dos outros países o quão melhor ela é

Por , em 30.09.2015

Como se já não tivéssemos motivos suficientes para admirar a Suécia (para começar, está entre os dez países com maior IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – do mundo), recentemente essa nação escandinava nos deu mais duas incríveis razões para querermos nos mudar para lá.

Depois de anunciar que quer se tornar o primeiro país livre de combustíveis fósseis da Terra (e o único a fim de realmente fazer alguma coisa para parar a mudança climática), agora a Suécia também acha que não é legal esgotar seus trabalhadores, e que seria melhor ter um dia de trabalho de apenas seis horas, ao invés das tradicionais oito.

Oito horas incomodam muita gente

A ciência acha a semana de trabalho de 50 horas uma péssima ideia. O capitalismo não concorda. Mesmo que isso tenha consequências sobre a saúde das pessoas.

Por exemplo, um estudo publicado na revista The Lancet mês passado analisou dados de 25 estudos que monitoraram a saúde de mais de 600.000 pessoas nos EUA, Europa e Austrália por até 8,5 anos, e descobriu que as que trabalhavam 55 horas por semana tinham 33% mais riscos de ter um acidente vascular cerebral do que as que trabalhavam de 35 a 40 horas.

Além disso, os que trabalhavam mais tinham 13% mais riscos de desenvolver doença coronária, enquanto um estudo separado descobriu que semanas de 49 horas de trabalho são associadas com saúde mental inferior, particularmente em mulheres.

Com isto em mente, a Suécia está se movendo em direção a um dia de trabalho de seis horas padrão, com empresas em todo o país já implementando a mudança. Uma delas vai até embarcar em um experimento de um ano para comparar os custos e benefícios de um dia de trabalho mais curto.

Suécia é muito para a frente

“Acho que a jornada de trabalho de oito horas não é tão eficaz quanto se poderia pensar. Ficar focado em uma tarefa específica por oito horas é um enorme desafio. A fim de lidar, nós misturamos as coisas e fazemos pausas para tornar o dia de trabalho mais suportável. Ao mesmo tempo, temos dificuldades em gerir a nossa vida privada fora do trabalho”, explica Linus Feldt, CEO da empresa desenvolvedora de aplicativos Filimundus.

A Filimundus mudou para as seis horas padrão no ano passado. Os funcionários adoraram, pois queriam passar mais tempo com suas famílias, aprender coisas novas e se exercitar mais.

Para lidar com a redução significativa do tempo de trabalho, Feldt diz que os empregados são convidados a não ficar em mídias sociais ou se engajar em outras distrações durante o serviço, e as reuniões são mantidos a um mínimo.

“Minha impressão é que agora é mais fácil se concentrar mais intensamente sobre o trabalho que precisa ser feito, e você tem a energia para fazê-lo e ainda aproveitar a vida quando sair do escritório”, conta. Feldt relata que a produtividade permaneceu a mesma e há menos conflitos pessoais, porque os funcionários estão mais felizes e descansados.

Tendência

A Filimundus seguiu uma tendência que não é muito nova na Suécia. Por exemplo, os vários centros de serviço da Toyota em Gotemburgo mudaram para um dia de seis horas há muito tempo – 13 anos atrás.

Desde então, relatam funcionários mais contentes. “Eles têm um menor tempo de viagem para o trabalho, há um uso mais eficiente das máquinas e menores custos de capital – todo mundo está feliz”, disse o diretor-gerente Martin Banck ao jornal The Guardian, acrescentando que os lucros subiram 25%. OUVIRAM, CHEFES?

Ou seja, essa realmente pode ser uma solução excelente não só para a saúde da população, mas para a economia e qualidade do trabalho.

O experimento que pode comprovar isso

Em fevereiro, o lar de idosos Svartedalens, em Gotemburgo, implementou um dia de trabalho de seis horas para seus enfermeiros, com nenhuma alteração salarial.

Eles irão executar esse experimento até 2016 para descobrir se o alto custo de contratação de 14 novos funcionários para cobrir as horas perdidas compensará em melhorias para o atendimento a pacientes e moral dos funcionários.

O experimento Svartedalens está inspirando outras pessoas ao redor da Suécia: no Hospital Universitário Sahlgrenska de Gotemburgo, a cirurgia ortopédica mudou para um dia de trabalho de seis horas, assim como os médicos e enfermeiros em dois departamentos de um hospital em Umeå, no norte do país.

Enquanto o resto do mundo faz um papelão perto da Suécia, vamos aguardar ansiosamente os resultados para planejar nossa mudança em seguida. [ScienceAlert]

8 comentários

  • Neto Schwartz:

    A produção precisa compensar, ou seja, caso o empregador não continue com os mesmos lucros demitirá, é simples.

  • Hugo Rodriguez Barba:

    Nao da para comparar. O Brasil é um dos paises com menor produtividade e grande informalidade…

  • Bros Cch:

    O nome disso é preguiça. E se preguiça for uma coisa boa, o título está correto.

    • Marcelo Ribeiro:

      O nome disso é avanço social. A não ser que você queira voltar no tempo em que era obrigatório trabalhar 16 horas por dia como possivelmente ainda ocorre em alguns cantos do planeta.

  • Cesar Grossmann:

    Fazendo as malas em …

  • Jussara Gonzo:

    Se reencarnação existe, então as pessoas mais bondosas da humanidade devem estar nascendo na Suécia neste exato momento.

  • Genioso Irreligioso:

    Ah tá; agora vai contar isso aí pro seu patrão!

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