5 histórias de amor e ódio que me deram arrepios

Por , em 4.08.2015

Para a maioria das pessoas, a história de como conheceram seu melhor amigo não tem grandes emoções. Cerca de 90% das amizades no mundo provavelmente foram determinadas pelo lugar que cada um ficava na sala de aula.

Agora, as histórias de “como eu conheci o meu pior inimigo” costumam ser muito melhores. E são ainda mais interessantes quando o posto de pior inimigo e melhor amigo é ocupado pela mesma pessoa.

Aqui estão cinco amizades que nasceram quando as pessoas superaram coisas terríveis como tortura, racismo e assassinato, provando que realmente o amor e ódio estão mais perto do que a gente imagina.

5. Ao invés de se vingar de seu torturador, esse cara acabou ficando amigo dele

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Durante a Segunda Guerra Mundial, o oficial do Exército britânico Eric Lomax se tornou um prisioneiro de guerra em um lugar conhecido como “Death Railway”.

Isso soa como um cenário perfeito para o próximo filme Mad Max, mas era algo ainda mais louco: uma estrada de ferro entre a Birmânia e Tailândia que o Japão construiu usando o suor e o sangue de milhares de prisioneiros de guerra e civis.

As condições eram tão horríveis que cerca de 83.000 pessoas morreram durante a construção.

Um caminho diferente

Foi lá que Lomax conheceu um homem que acabaria (muito eventualmente) tornando-se um amigo querido: Nagase Takashi, um de seus torturadores.

Só de estar trabalhando naquele inferno já podemos considerar uma violação dos direitos humanos, mas Lomax foi ainda mais torturado, e pela mais idiota das razões: ele irritou as autoridades japonesas pegando um receptor de rádio das sucatas.

Convencidos de que ele foi o cérebro de uma revolta, funcionários japoneses passaram um ano tentando arrancar uma confissão dele. No processo, quebraram seus braços e quadril e o afogando por enfiar água na sua garganta.

Para ajudar a facilitar estes interrogatórios, Nagase, um intérprete, foi convocado para acompanhar as sessões de tortura. Rápida e naturalmente, Nagase subiu para o topo da lista de inimigos de Lomax, devido a suas provocações cruéis e psicológicas.

Depois da guerra, um Lomax traumatizado ajudou a caçar seus torturadores, mas Nagase escapou. Lomax, então, passou as próximas cinco décadas sonhando com uma vingança dolorida e procurando um meio de localizar seu velho opositor, sem sucesso.

Então, em 1993, ele finalmente encontrou Nagase. E o que houve? O ex-torturador, profundamente abalado, desencadeou uma torrente de lágrimas e desculpas. E foi tudo muito sincero.

Após a guerra, Nagase foi atormentado pela culpa e ajudou os aliados a encontrar valas ao longo da estrada de ferro. A partir de então, dedicou sua vida à caridade.

Um final feliz

Lomax e Nagase descobriram, então, que foram ambos assombrados pelos horrores do passado de forma semelhante. Eles ainda tinham os mesmos passatempos, como a escrita, e tinham pesadelos induzidos por aquelas experiências horríveis.

Isso fez com que Lomax e Nagase se tornassem bons amigos nos 18 anos restantes de suas vidas, e sua história inspirou um filme chamado “Uma Longa Viagem”, com Colin Firth e Nicole Kidman atuando como Lomax e sua esposa.

4. Pais de luto orientaram o motorista bêbado que matou seu filho

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Na véspera do Natal de 1982, Tommy Pigage estava dirigindo enquanto seu cérebro marinava em quase três vezes o limite legal de álcool. Totalmente embriagado, ele bateu com tudo no veículo do jovem Ted Morris, que morreu.

Os pais de Ted, Frank e Elizabeth Morris, ficaram obviamente devastados, mas sua dor evoluiu para uma raiva latente quando descobriram que Pigage foi condenado a apenas cinco anos de liberdade condicional ao invés de ir para a prisão. Para eles, isto era uma pena muito leve para alguém que tinha destruído uma família feliz.

Como deram a volta por cima

Compreensivelmente, a primeira impressão de Pigage sobre os pais de Ted foi que eles iriam querer alguma vingança. Eles ansiavam por sua morte, mas acabaram encontrando um caminho muito mais agradável para todo mundo.

Como parte da pena, Pigage tinha que passar duas noites por mês atrás das grades. Elizabeth fazia questão de ir até a prisão nessas noites, para se certificar de que ele não perdesse tal compromisso.

Ironicamente, esses momentos fizeram os pais de Ted e seu assassino desenvolverem um laço.

Outra parte da pena exigia que, em seu tempo de liberdade condicional, Pigage contasse seu crime para estudantes do ensino médio durante palestras organizadas por um grupo de mães que alertava sobre os perigos de beber e dirigir.

Uma extremamente louca Elizabeth participou da primeira conversa. Mas, ao contrário de suas expectativas, Pigage não fugiu da responsabilidade pela morte de seu filho. Ele se confessou um assassino que teve pouca punição.

Esse momento fez com que os pais de Ted ficassem com pena de Pigage. Então, começaram a visitá-lo na cadeia.

Em pouco tempo, pediram ao tribunal permissão para levá-lo à igreja e fazer outras atividades fora da prisão. Com todo este apoio, Pigage foi capaz de mudar de vida.

Ao mesmo tempo, os pais de Ted perceberam que ajudá-lo também estava fazendo bem a eles, uma vez que odiar alguém ativamente todos os dias não é exatamente a melhor maneira de ficar de luto, independentemente do que os filmes de vingança nos ensinam.

3. Ativista negra fica amiga de um membro da KKK enviado para sabotar seu trabalho

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Em 1971, as pessoas de Durham, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, não estavam sabendo lidar muito bem com suas novas escolas racialmente integradas.

Então, a ativista negra de direitos civis Ann Atwater foi convidada para presidir uma reunião de 10 dias para lutar contra o racismo e garantir uma educação segura e de qualidade na cidade.

Mas algo lhe dizia que nem todo mundo estava junto nesta missão.

E este algo foi o fato de que a Ku Klux Klan nomeou P. Ellis como seu copresidente, só para começar uma revolta.

Sim, revolta

Ellis levou uma metralhadora para a primeira reunião. Atwater ficou furiosa e o esfaqueou. E esse foi o início de uma bela amizade.

Eles foram forçados a passar 12 horas juntos por dia. Ao invés de se odiarem ainda mais, os dois na verdade acabaram se conhecendo melhor e desenvolvendo uma surpreendente amizade.

O primeiro passo deste novo capítulo na vida dos dois ex-inimigos aconteceu quando Ellis entrou em uma igreja e começou a bater palmas no ritmo errado. Por algum motivo, ele nunca tinha ido a uma “igreja negra” antes e não sabia como acompanhar o coral gospel.

Atwater, então, pegou suas mãos e o ensinou a bater palmas.

Além disso, Ellis começou a questionar a coisa toda do preconceito cego.

Eventualmente, ambos reconheceram que a animosidade entre eles estava arruinando qualquer chance que tinham de ajudar crianças pretas ou brancas. Desanimados com esse comportamento, eles choraram juntos e, finalmente, enterraram o machado de guerra.

Ellis se desvencilhou da KKK e, ao longo das décadas seguintes, se reuniu periodicamente com sua nova melhor amiga para combater a injustiça social em todas as suas formas. No funeral de Ellis, em 2005, Atwater sentou-se ao lado da sua família, pois passou a considera-lo um irmão.

2. Um homem acaba consolando o cara que o sequestrou na infância em seu leito de morte

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Em 1974, Chris tinha 10 anos e desapareceu misteriosamente. Um homem chamado David McAllister o havia sequestrado, depois de ser demitido.

McAllister queimou o menino com cigarros, o esfaqueou várias vezes com um picador de gelo, e atirou na sua cabeça antes de deixá-lo abandonado para morrer.

Contra todas as expectativas, Chris sobreviveu a tudo isso.

Milagrosamente, a bala o deixou apenas cego de um olho, mas não causou danos cerebrais. As facadas foram todas superficiais. Seis dias depois, ele foi encontrado. Mais tarde, descreveu todo o calvário como um “passeio no parque” – e agora estamos oficialmente com mais medo dele do que do sequestrador.

McAllister sabia que acabaria sendo pego mais cedo ou mais tarde. Quando os policiais apareceram em sua casa, ele até perguntou porque haviam demorado tanto. O detalhe dessa história é que não havia nenhuma evidência incriminadora contra ele.

Apenas em 1996, muito tempo depois do crime, McAllister confessou o sequestro. Logo, Chris se tornou seu único amigo no mundo.

Nesse ponto, McAllister tinha 77 anos de idade, estava cego e definhando em uma casa de repouso, sem amigos ou família. Ninguém teria protestado se alguém tivesse cuspido em seu rosto e rido de sua miséria.

Mas ao invés de ser frio e calculista, McAllister pediu desculpas à sua vítima, sugerindo que eles se tornassem amigos.

Seu pedido foi gentilmente atendido, de forma que, em seu leito de morte, o jovem anteriormente sequestrado foi seu único conforto.

1. Sobrevivente do genocídio faz caridade com o homem que cortou sua mão e matou sua filha

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Você pensou que a gente já tinha chegado ao fundo do poço? Pois muito bem.

O que seria necessário para que você estendesse a mão para alguém que não só cortou a sua outra mão fora, como também é o responsável pelo assassinato de sua filha?

Resposta: Alice Mukarurinda

O cara que atacou Mukarurinda era um homem chamado Emmanuel Ndayisaba, um ex-colega de escola que mal se lembrava dela.

Quando o genocídio de Ruanda começou, em 1994, Ndayisaba foi um dos que comprou a briga. Ele foi recrutado com a tarefa de exterminar os tutsis, como Alice Mukarurinda.

Ndayisaba e seus irmãos atacaram Mukarinda e outros tutsis de forma brutal. Quando veio atrás dela com um facão, Alice Mukarinda ergueu a mão direita para bloquear a lâmina e foi recompensada com uma amputação. Outros hutus se juntaram no ataque e mataram sua filha, a sangue frio.

Anos depois, Ndayisaba saiu pedindo desculpas às famílias de suas vítimas, uma vez que era um pouco tarde para pedir desculpas para as próprias vítimas. Foi quando encontrou Alice Mukarurinda, muito viva.

Ndayisaba finalmente encontrou coragem para se ajoelhar diante dela e implorar por seu perdão. A mãe sofrida, então, pensou sobre sua decisão por duas semanas com a ajuda de seu marido, e acabou absolvendo seu agressor. Ao longo do tempo, os dois não se tornaram apenas amigos, mas sim parceiros.

No 20º aniversário do genocídio, Mukarurinda e Ndayisaba trabalharam lado a lado como tesoureira e vice-presidente, respectivamente, de uma organização que constrói casas para os sobreviventes. Foi um final justo que eles se tornaram aliados, ao invés de inimigos. [cracked]

2 comentários

  • Lucas Pereira:

    Estar focado em resultados antigos e em cicatrizes, vingar-se e ficar por cima, sempre fazem de você menos do que você é.

  • Cesar Grossmann:

    Alguém disse que odiar alguém é beber veneno e esperar que o outro morra.

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