Gigantesco crânio de boto antigo é descoberto na Amazônia

Por , em 31.03.2024
Aldo Benites-Palomino, paleontólogo responsável pela descoberta do fóssil em 2018, examinando-o cuidadosamente, acompanhado de uma representação de Pebanista yacuruna habitando as águas escuras da Amazônia. Crédito da foto: R Salas-Gismondi/J Bran
Aldo Benites-Palomino, paleontólogo responsável pela descoberta do fóssil em 2018, examinando-o cuidadosamente, acompanhado de uma representação de Pebanista yacuruna habitando as águas escuras da Amazônia. Crédito da foto: R Salas-Gismondi/J Bran

Pesquisadores no Peru fizeram uma descoberta impressionante: o esqueleto fossilizado de um boto de rio gigante. Essa espécie, que mediria cerca de 3,5 metros de comprimento, teria abandonado o mar há 16 milhões de anos, migrando para os rios da Amazônia peruana. Nomeada Pebanista yacuruna, essa descoberta é a maior de sua espécie já registrada.

Aldo Benites-Palomino, o principal pesquisador do estudo publicado na Science Advances, enfatiza que o achado aponta para o perigo de extinção dos botos de rio atuais. Estima-se que eles podem desaparecer nos próximos 20 a 40 anos. A espécie recém-descoberta fazia parte da família Platanistoidea, prevalente nos oceanos entre 24 e 16 milhões de anos atrás.

Durante uma expedição ao Rio Napo em 2018, Benites-Palomino, na época um estudante universitário e agora doutorando na Universidade de Zurique, encontrou um fragmento da mandíbula do boto. Inicialmente, pensou-se que o fóssil estava relacionado ao boto rosa do rio Amazonas, mas análises revelaram que ele era de um tipo diferente, com parentes mais próximos no sudeste da Ásia.

Aldo Benites-Palomino, junto a outros paleontólogos, realizando escavações em um sítio geológico com 13 milhões. Fotografia: John J Flynn

Marcelo R. Sánchez-Villagra, diretor do departamento de paleontologia da Universidade de Zurique, considerou o achado notável e singular. Ele apontou que, apesar de várias descobertas de formas gigantes na região, esse foi o primeiro boto dessa categoria a ser identificado.

Além do seu tamanho impressionante, o fóssil se destaca por não ter relação com os botos de rio atuais. O estudo, que foi atrasado devido à pandemia, traz à luz o desafio enfrentado pelos botos de rio, incluindo aqueles parentes vivos mais próximos do fóssil, ameaçados pela urbanização, poluição e mineração. Tais fatores já levaram à extinção do boto do rio Yangtze.

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