Descoberta nova partícula exótica que é uma forma inteiramente nova da matéria

Por , em 11.04.2014

Você deve se lembrar do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), o acelerador de partículas responsável por uma das mais incríveis descobertas da ciência, e em particular da física: o bóson de Higgs.

Não cansado de procurar novas partículas, o acelerador continua funcionando, e agora encontrou o que parece ser uma forma inteiramente nova da matéria: uma nova classe de partículas subatômicas, ou hádrons exóticos.

Uma série de experimentos no LHC, no laboratório CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), confirmou que uma nova partícula chamada Z(4430) existe, e que é a melhor evidência até agora de uma nova forma de matéria chamada “tetraquark”.

Quarks são partículas subatômicas que se combinam para formar toda a matéria. Em pares, formam mésons; em trios, prótons e nêutrons. Tetraquarks é uma hipotética combinação de quatro quarks, e Z(4430) é um exemplo do que esse conjunto formaria. Mas, até então, ninguém sabia ao certo se Z(4430) realmente existia ou não.

Não restam muitas dúvidas agora: os pesquisadores do CERN descobriram 4.000 das partículas, o que significa que Z(4430) é real. No entanto, mais pesquisa precisa ser feita para compreendermos definitivamente se Z(4430) é, com 100% de certeza, um tetraquark, e exatamente o que isso significa para nós.

A descoberta

O LHC, com 27 quilômetros de circunferência, possui quatro grandes detectores. Você provavelmente já ouviu falar do ATLAS e do CMS, responsáveis pela descoberta do bóson de Higgs, mas existem também o ALICE (que estuda plasma quark-glúon) e o LHCb (que estuda a relação estranha entre matéria e antimatéria).

Hádrons, tais como prótons e nêutrons, são feitos de quarks. O LHC, como o próprio nome indica, colide prótons uns aos outros em energias muito altas, quebrando-os em quarks.

Historicamente, existem apenas dois tipos de hádrons – bárions, que consistem em três quarks, e mésons, que consistem em dois quarks. Agora, o LHCb sugere a existência de um terceiro tipo de hádron, exótico: o tetraquark.

A partícula aparentemente composta de quatro quarks levou o nome oficial de Z (4430), o que significa que tem uma massa de 4430 MeV (1 MeV é 1 milhão de elétrons-volt), ou cerca de quatro vezes maior que a de um próton.

O futuro

Além da descoberta, não parece haver muito a se dizer – ninguém parece entender completamente o significado deste achado ainda. Mas o estudo dessa nova partícula, bem como de outras, vai melhorar muito em breve.

No início de 2015, o LHC terá quase o dobro de poder de colisão, o que os cientistas esperam que lhes permita investigar mais profundamente o bóson de Higgs, a teoria da supersimetria e outras descobertas.

O LHC deve estar de volta em ação e pronto para esmagar prótons com energia de até 13 teraelétrons-volts (TeV, ou trilhões de elétrons-volt), ou seis vezes mais o poder de qualquer outro acelerador de partículas. [Gizmodo, ExtremeTech]

2 comentários

  • Alexandre Souza Carvalho:

    Só espero que nenhum desses experimentos haja uma coisa tão nova pra eles que possa afetar a integridade física de toda humanidade .

    • Cesar Grossmann:

      Alexandre, é complicado de acontecer alguma coisa tão drástica. Veja bem, o que o LHC faz é acelerar partículas e colidir elas contra outras partículas. Só isso. Mas quando uma estrela explode, ela consegue acelerar partículas iguais ou semelhantes a velocidades muito maiores que o LHC, e estas partículas vem colidir com outras partículas aqui na Terra (em todos os lugares, na verdade).

      Se era para acontecer alguma coisa tão drástica, a Natureza já teria produzido esta coisa há muito tempo.

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