Encontradas surpreendentes diferenças entre a conectividade dos cérebros masculino e feminino

Por , em 4.12.2013
As imagens acima são de cérebros masculinos, e as abaixo femininos

Um novo estudo da Universidade da Pensilvânia (EUA) descobriu diferenças marcantes na conectividade neural de homens e mulheres, que podem explicar algumas crenças sobre as diferenças comportamentais entre os gêneros.

O estudo, liderado por Ragini Verma, em conjunto com Ruben C. Gur e Raquel E. Gur, concluiu que os cérebros masculinos têm mais conexões dentro dos hemisférios, enquanto que os cérebros femininos são mais bem conectados entre os hemisférios. Isso sugere que o cérebro dos homens é mais bem estruturado para facilitar a conectividade entre a percepção e a ação coordenada, e o das mulheres facilita a comunicação entre seu lado analítico e sua intuição.

“Esses mapas nos mostram uma gritante diferença e complementaridade na arquitetura do cérebro humano, que ajuda a fornecer uma base neural potencial de por que os homens se destacam em determinadas tarefas, e as mulheres em outras”, disse Verma.

As imagens acima são de cérebros masculinos, e as abaixo femininos

As imagens acima são de cérebros masculinos, e as abaixo femininos

A pesquisa

Verma e seus colegas analisaram a conectividade cerebral em 949 indivíduos (521 mulheres e 428 homens) com idade entre 8 a 22 anos usando tensor de difusão (DTI). DTI é uma técnica de imagem à base de água que pode rastrear e destacar as vias que conectam as diferentes regiões do cérebro, criando uma espécie de “mapa” de todo o órgão.

Os pesquisadores descobriram que as mulheres exibem uma maior conectividade na região supratentorial do cérebro, que contém o córtex, a maior parte do órgão, entre os hemisférios esquerdo e direito. Os homens, por outro lado, exibem maior conectividade dentro de cada um dos hemisférios.

O oposto prevaleceu no cerebelo, a parte do cérebro que desempenha um papel importante no controle motor. Homens exibiam uma maior conectividade inter-hemisférica, e mulheres uma maior conectividade intra-hemisférica.

Isso pode explicar certas tendências de comportamento femininos e masculinos. Por exemplo, em média, os homens são mais propensos a aprender e executar melhor uma única tarefa, como andar de bicicleta ou navegar direções, enquanto as mulheres têm memória superior e mais habilidades de cognição social, tornando-as mais bem equipadas para realizar multitarefas e criar soluções para trabalho em grupo.

Em outras palavras, as conexões masculinas provavelmente dão aos homens um sistema eficiente de ação coordenada, já que o cerebelo e a parte frontal do cérebro trabalham juntos, ligando percepção e ação, e as conexões femininas provavelmente facilitam a integração dos processamentos sequenciais e de análise do seu hemisfério esquerdo com os processamentos espaciais, intuitivos e de informações do lado direito.

No entanto, é importante ressaltar que os resultados não se aplicam a homens e mulheres individuais, e sim a uma média geral da população. “Cada indivíduo pode ter parte de homens e mulheres em si”, explicou Verma, referindo-se aos padrões de conectividade observados.

Idade faz diferença

Os cientistas observaram apenas algumas diferenças de gênero na conectividade em crianças menores de 13 anos. As diferenças foram mais acentuadas em adolescentes de 14 a 17 anos e em jovens adultos com mais de 17 anos. Estas diferenças ficaram menor com a idade, com as mulheres mais velhas mostrando conexões mais amplamente distribuídas por todo o cérebro, e não apenas no lobo frontal.

Os resultados são consistentes com um estudo de comportamento realizado ao mesmo tempo, que demonstrou diferenças entre os sexos. As mulheres superaram os homens em testes de atenção, palavras, memória e cognição social. Eles tiveram melhor desempenho em velocidade de processamento espacial e sensório-motor. Essas diferenças foram mais pronunciadas na faixa dos 12 a 14 anos de idade.

“É bastante impressionante quão complementares os cérebros de homens e mulheres são”, disse o Dr. Ruben Gur. “Mapas detalhados do cérebro não só nos ajudarão a entender melhor as diferenças entre como homens e mulheres pensam, mas também nos darão mais detalhes sobre as raízes das doenças neurológicas, que são muitas vezes relacionadas ao sexo [por exemplo, autismo é mais predominante em homens]”.

Os próximos passos da pesquisa são quantificar como as conexões neurais de um indivíduo são diferentes das da população; identificar quais conexões neurais são específicas e comuns em cada um dos sexos, e ver se os resultados de ressonâncias magnéticas funcionais se alinham com os encontrados no estudo.

Vale ainda notar que, quando se trata de conexões cerebrais, essas ligações podem mudar ao longo da vida, em resposta à experiência e aprendizagem. Métodos científicos podem ser úteis para identificar as diferenças entre os grupos, mas muitas vezes é difícil de interpretar essas diferenças em termos biológicos. [MedicalXpress, LiveScience, io9]

4 comentários

  • Carla Mattei:

    Por isso que as mulheres se saem melhor em artes em geral e dança, enquanto os homens tendem a ter um senso de orientação melhor e navegação (incluindo direção).

  • engvictorh_10:

    Existe apenas DOIS tipos de ‘diferenças de conectividade entre o cérebro MASCULINO e FEMININO’. O resto, é gambiarra.. (:

    • Gilvani Mendonça:

      “Cada indivíduo pode ter parte de homens e mulheres em si”, explicou Verma, referindo-se aos padrões de conectividade observados.

    • Gilvani Mendonça:

      “Vale ainda notar que, quando se trata de conexões cerebrais, essas ligações podem mudar ao longo da vida, em resposta à experiência e aprendizagem.”

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