Sua vida é feliz ou significativa?

Por , em 24.02.2014

Uma pesquisa da Universidade de Stanford (EUA) explorou as principais diferenças entre uma vida de felicidade ou significativa. Segundo os estudiosos, ainda que as duas coisas sejam semelhantes, existem diferenças dramáticas e não devemos subestimar o poder de uma vida com significado. “A busca de sentido é uma parte fundamental daquilo que nos torna humanos”, concluíram.

Em um estudo publicado na revista “Journal of Positive Psychology”, Jennifer Aaker, Escola de Graduação em Administração da instituição, e seus colegas encontraram respostas sobre a vida na forma como as pessoas gastam seu tempo e nas experiências que cultivam. “A felicidade está ligada a ser um recebedor ao invés de um doador”, conta a estudante, explicando que uma vida significativa se baseia exatamente no inverso desta operação, em doar mais do que se recebe.

Os pesquisadores entrevistaram 397 pessoas ao longo de um mês, examinando suas escolhas, crenças e valores, assim como se elas pensavam que suas vidas eram significativas ou felizes. Eles encontraram cinco principais diferenças entre significado e felicidade:

  • Conseguir o que você quer e o que você precisa: enquanto satisfazer desejos era uma fonte confiável de felicidade, não tinha nada a ver com um senso de significado. Por exemplo, as pessoas saudáveis ​​são mais felizes do que as pessoas doentes, mas não falta significado na vida de pessoas doentes.
  • Passado, presente e futuro: a felicidade diz respeito ao presente, já o significado tem é um elo entre passado, presente e futuro. Quando as pessoas gastam seu tempo pensando sobre o futuro ou o passado, suas vidas se tornam mais significativas e menos felizes. Desta forma, quem passa mais tempo pensando sobre o aqui e o agora é mais feliz.
  • Vida social: conexões com outras pessoas são importantes tanto para o sentido quanto para a felicidade. Mas a natureza dessas relações é o que as diferem. Relacionamentos profundos – como a família – aumentam o significado, enquanto passar o tempo com os amigos pode aumentar a felicidade, mas tem pouco efeito sobre a significação. Passar tempo com os entes queridos envolve discutir problemas ou desafios, enquanto os momentos com os amigos podem simplesmente promover bons sentimentos sem muita responsabilidade.
  • As lutas e tensões: vidas altamente significativas têm muitos eventos e questões negativas, que podem resultar em infelicidade. Criar os filhos pode trazer alegria, porém também está ligado ao estresse elevado e nem sempre à felicidade. Embora a falta de estresse possa fazer alguém ser mais feliz – como quando as pessoas se aposentam e não tem mais a pressão das demandas de trabalho -, ela diminui o propósito.
  • Identidade pessoal: se felicidade é sobre conseguir o que se quer, então dar sentido à vida é sobre expressar e definir a si mesmo. Uma vida de significado é mais profundamente ligada a um sentido pessoal valorizado e um propósito no contexto mais amplo da vida e da comunidade.

Assim, é possível encontrar sentido na vida e ser infeliz ao mesmo tempo. Aaker aponta que este tipo de vida tem recebido menos atenção nos meios de comunicação, que recentemente têm se concentrado em como cultivar a vida feliz. Exemplos de vidas altamente significativas, contudo não necessariamente felizes, podem incluir enfermeiros, funcionários do serviço social ou até mesmo ativistas.

A vida infeliz, mas significativa, envolve compromissos difíceis e pode ser caracterizada por estresse, luta e desafios. No entanto, ainda que por vezes estejam infelizes em determinado momento, essas pessoas – ligadas a uma sensação maior de propósito e valor – fazem contribuições positivas para a sociedade.

Felicidade sem significado, por outro lado, é caracterizada por uma vida relativamente superficial e muitas vezes auto-orientada. Neste caso, observa o relatório, as coisas vão bem, as necessidades e desejos são facilmente satisfeitos e confusões desafiadoras ou difíceis de resolver são evitadas. É aí que o ditado “dinheiro não compra felicidade” pode estar enganado; ele deveria dizer “dinheiro não compra significado”.

A vida significativa orienta as ações passadas através do presente e para o futuro, dando um senso de direção. Ela oferece formas de valorizar tanto coisas boas quanto ruins e nos dá justificativas para aquilo que aspiramos. Indo de atingir nossos objetivos até pensar sobre nós mesmos de uma forma positiva, este estilo de vida é consideravelmente diferente da mera felicidade. “As pessoas têm fortes desejos internos que moldam suas vidas com propósito e foco – qualidades que, no final das contas, compõem uma experiência exclusivamente humana”, conclui Aaker. [Medical Xpress, Scientific American]

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