5 fatos bizarros que podem mudar como você vê o cristianismo
Estudiosos do cristianismo têm bastante dificuldade em dizer as coisas com certeza, visto que tudo ocorreu há muito tempo, e as evidências são confusas. No entanto, existem alguns fatos bizarros sobre a religião que não são muito mencionados hoje em dia, como:
5. As mulheres desempenharam um grande papel na história da Igreja, mas foram apagadas dela
Você pode achar estranho ver uma mulher com um papel importante na igreja, mas não foi até o século 12 que as mulheres desapareceram completamente do altar, de acordo com Gary Macy, professor de teologia na Universidade de Santa Clara (EUA). A menstruação aparentemente foi um fator decisivo, conforme os líderes católicos implementaram leis de pureza a partir de escrituras hebraicas.
De acordo com um artigo do Chicago Tribune, Phoebe foi uma mensageira confiável do Apóstolo Paulo, e parcialmente responsável por ajudar a estabelecer um dogma padronizado. Nunca ouviu falar dela? Não é surpreendente.
Outras mulheres, como Paula, Marcela e Fabíola, foram a força motriz por trás de projetos de serviços sociais que organizaram a religião, como mosteiros, conventos e hospitais para os mais desfavorecidos, mas ninguém sabe seus nomes.
Ainda outra mulher com grande papel para o cristianismo foi Santa Helena, mãe do primeiro imperador cristão, Constantino, que construiu grandes igrejas em Roma, França, Jerusalém e Belém.
Essas pioneiras tinham uma parcela muito grande de seguidores nas primeiras congregações religiosas. Pesquisadores também estão dizendo que muitos dos primeiros diáconos foram mulheres.
Só não sabemos disso ou lemos sobre isso em nenhum lugar porque, em algum ponto da história, conforme o cristianismo tornou-se mais estável, também passou a ser mais machista. Como em 1 Timóteo 2:12: “Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.”
Logo, sacerdotisas e estudiosas religiosas foram sendo banidas, embora ainda servissem em algumas funções tão tarde quanto em 1300.
4. O debate sobre circuncisão é antigo
Hoje, o debate sobre a circuncisão tem mais a ver com questões de suade. No passado, a briga era sobre a obrigação de se fazer isso perante Deus. De fato, a polêmica existe há milênios.
Nos primeiros anos da religião cristã, a tensão era entre judeus e não judeus. Os judeus insistiam que um bom cristão deveria ter apenas 90% de um pênis, enquanto outros achavam que aqueles outros 10% faziam diferença.
A razão para a controvérsia é que os cristãos inicialmente se apoiavam fortemente no Antigo Testamento e costumes judaicos, mas, conforme o tempo passou, eles começaram a virar as costas para tais escritos. Sem surpresa, a circuncisão se tornou uma das práticas cada vez mais questionadas.
Para tornar as coisas ainda mais confusas, Jesus (que foi certamente circuncidado) supostamente conseguiu dar apoio a tradição judaica da circuncisão como parte do dever de todo homem hebraico (Mateus 5:17) e se opor a circuncisão (O Evangelho de Tomé, dizer 53) como não sendo útil, ou os homens já nasceriam circuncidados.
Eventualmente, São Paulo interveio para esclarecer a questão em sua carta aos Gálatas. Sua abordagem foi simples: cristãos judeus poderiam manter a circuncisão se quisessem, porque era parte de sua história e tradição. No entanto, não poderiam forçar cristãos não hebraicos a realizar a prática, afinal de contas, o fato de Jesus ter morrido por nós na cruz não parece muito relacionado com o fato de ter um prepúcio ou não.
3. As bizarras ágapes
No início do cristianismo, alguns seguidores tomavam parte em uma festa chamada ágape. Também conhecida como “festa do amor”, era uma refeição que os cristãos dos primeiros séculos faziam juntos, uma espécie de banquete de confraternização.
Referências a tais refeições aparecem em 1 Coríntios 11: 17-34, na Carta de Santo Inácio de Antioquia aos Esmirnenses, onde o termo “ágape” é usado, e numa carta de Plínio, o Jovem, a Trajano. Mais tarde, o Concílio de Laodicéia de cerca de 363-64 proibiu que igrejas celebrassem a tal festa.
As ágapes eram para ser reuniões de paz e devoção, mas como toda boa festa, às vezes saíam do controle. Ou seja, o motivo – religião –era esquecido, e o banquete virava apenas uma ocasião para comer e beber, ou para ostentação por parte dos membros mais ricos da comunidade (que devoravam tudo antes dos menos afortunados chegarem), como aconteceu em Corinto, o que levou a críticas do apóstolo Paulo: “Quando se reúnem, não é a Ceia do Senhor que vocês comem, por que cada um de vocês vai em frente sem esperar por qualquer outra pessoa. Um permanece com fome, outro se embriaga. Vocês não têm casas para comer e beber? Ou será que desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm?”.
No Norte de África, Santo Agostinho escreveu de celebrações religiosas bêbadas em cemitérios, e uma seita alexandrina particular usou essa “festa do amor” como um pretexto para se envolver em orgias.
Assim, tais ágapes caíram em desuso por volta do terceiro século, dando lugar a uma Eucaristia menos entusiasta.
2. Um cara odiado pela Igreja propôs a divisão do Antigo e Novo Testamento que usamos até hoje
Antes de Marcião de Sínope (ou Marcion), a Bíblia cristã tal como a conhecemos não existia. Não havia segregação conhecida entre o “Velho” (judeu) e o “Novo” (cristão) Testamentos. Era tudo apenas centenas de diferentes histórias, livros e evangelhos espalhados.
Marcião era membro de uma seita e queria canalizar suas opiniões em uma obra de aparência oficial. Ele queria separar os escritos do cristianismo em dois testamentos, uma vez que tal divisão ia de acordo com sua teoria: Marcião acreditava que a divindade do que viriam a ser os textos do Antigo Testamento era um deus-criador completamente diferente e mais maléfico do que o salvador do Novo Testamento. Ou seja, o deus do Velho Testamento era basicamente o diabo.
Marcião fez uma tentativa premeditada de eliminar todos os vestígios do pensamento judaico pré-Jesus de sua nova Bíblia. Sua organização dos testamentos foi extremamente minimalista. Obviamente, nem todos gostaram da ideia. No entanto, a ação de Marcião mostrou à Igreja antiga a urgência do desenvolvimento de um cânon bíblico. Logo, para acabar com sua influência, ele foi excomungado, e um Novo Testamento rival que rebatia a posição de Marcião, embora mantivesse a sua estrutura geral, foi proposto. Em outras palavras, a Igreja achou que o cidadão era um louco por propor dois Deuses diferentes, mas a separação que ele fez dos textos bíblicos foi posteriormente adotada pela própria e utilizada a partir de Tertuliano, sofrendo alterações, claro.
1. No começo do cristianismo, as visões de Jesus eram muito diferentes
Três séculos depois que Jesus morreu, quando o imperador Constantino reconheceu o cristianismo como uma religião, ela ainda era apenas uma coleção de seitas e ideias concorrentes.
A verdadeira natureza de Jesus era fonte de muito debate. Invisibilidade, levitação, curas milagrosas, indestrutibilidade e várias outras superpotências estilo X-Men foram vistas como atributos necessários para enfatizar que Jesus poderia ter escapado de um encontro com o crucifixo se quisesse, mas estava destinado a morrer em vez disso, para redimir a humanidade e tudo o mais. Uma das noções mais espirituosas era de que Jesus era um metamorfo que podia mudar sua aparência à vontade, porque possuía um corpo de energia superpoderoso que apenas parecia ser humano.
Existiu até uma seita gnóstica chamada de Carpocracianismo que representava Jesus Cristo como um ser bissexual, praticamente libertino.
(In)felizmente, a fase experimental de Jesus não durou muito. Embora o conceito da Santíssima Trindade ainda fosse um trabalho em andamento, apenas alguns bispos tinham realmente poder. Em 325 aC, no Concílio de Nicéia, o imperador mandou botar ordem na coisa toda e determinar a doutrina “oficial” do cristianismo.
Tendo decidido (provavelmente arbitrariamente) no que a Igreja acreditava, ela logo começou a perseguir qualquer um que discordasse do que ficou combinado entre os coleguinhas. Massacres ocorreram. Ou ocorrem, você escolhe. [Cracked]
10 comentários
Tá e quais foram as fontes que vc utilizou?
5. Ainda (segundo muitos afirmam) tivemos uma mulher que foi papa, a papisa Joana. A igreja nega. Seria mais um mito?
“Em 325 aC, o imperador mandou determinar a doutrina “oficial” do cristianismo.”
325 anos ANTES do suposto nascimento de cristo?
325 DC, certo? hehe.
E outra coisa, só pra matéria não ficar em descrédito (pois gostei muito).
No penúltimo parágrafo não seria 325 dC e não aC?
Muito interessante, mas não existe um erro ali no primeira linha do quarto fato? não seria “saúde” e não “suade”?
Bom texto, mas achei ele um pouco “tendencioso” e forçado em alguns momentos. Uma coisa desnecessária.
É por que não está incensando o cristianismo. Já notei que todos os textos que não falam maravilhas do cristianismo são considerados “tendenciosos” por algumas pessoas.
O Concílio de Niceia ficou como sendo antes de Cristo (aC), quando obviamente é o contrário.
Olá, Natasha. Curto muito os artigos do Hypescience. No entanto, às vezes me chateio com certa falta de cuidado em alguns textos.