A IA ajuda a revelar a história da origem antiga das cores das flores

Por , em 4.02.2024

Um estudo inovador realizado por especialistas da Universidade Monash aplicou modelos digitais para desvendar a ligação histórica entre abelhas e a evolução da coloração das flores. Publicado nos “Proceedings of the Royal Society B”, este trabalho desenvolveu representações virtuais das primeiras plantas floridas de dezenas de milhões de anos atrás, examinando a forma como elas eram percebidas por polinizadores como abelhas e pássaros.

O pesquisador principal, o Professor Associado Alan Dorin, que também atua como Diretor da Instalação NativeBee+Tech na Faculdade de Tecnologia da Informação da universidade, destacou que insetos como as abelhas já haviam aprimorado a capacidade visual para se orientar em meio a elementos naturais, como pedras e folhagens, antes mesmo do surgimento das primeiras plantas com flores.

Nas palavras de Dorin, “Nossas análises confirmaram que as flores primordiais adotaram tonalidades mais vivas para se destacarem em meio a ambientes mais monótonos, atraindo assim os polinizadores ancestrais.”

Para verificar se a evolução visual das abelhas acompanhou a de seus antepassados, a equipe realizou experimentos com a percepção de cores das abelhas modernas, comparando-a com ambientes antigos simulados.

Dorin complementou: “Levando em conta a longa história geológica da Austrália, utilizamos dados do espectro de cores da natureza australiana, abrangendo desde Cairns até a ponta sul de Victoria, para recriar paisagens da era Mesozoica, que data de 252 milhões a 66 milhões de anos atrás.”

O Professor Associado Adrian Dyer, cientista especializado em visão e coautor da pesquisa, do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina, Enfermagem e Ciências da Saúde da Monash, afirmou que este estudo é o primeiro a demonstrar de forma robusta como a percepção visual das abelhas, tanto antigas quanto atuais, influenciou a evolução das cores das flores.

Dyer explicou, “O fato de as abelhas modernas, assim como seus ancestrais, terem receptores de cores ultravioleta (UV), azul e verde ajuda a entender por que muitas flores atuais exibem cores comuns como o amarelo em suas pétalas, atendendo às capacidades visuais das abelhas.”

Os resultados dessa pesquisa são esperados para ampliar a compreensão sobre a polinização de plantas na atualidade e impulsionar áreas como a agricultura avançada e estudos sobre polinização eficiente de culturas.

Além disso, o estudo traz à tona a complexa interação entre a evolução das espécies vegetais e seus polinizadores. A seleção de cores vibrantes pelas flores não é apenas uma questão de estética, mas uma estratégia evolutiva crucial para a sobrevivência dessas espécies. À medida que as abelhas desenvolveram sua percepção de cores, as plantas se adaptaram para se tornarem mais atraentes a esses importantes agentes polinizadores.

Essa dinâmica evolutiva ressalta a importância da biodiversidade e da conservação das espécies polinizadoras. À medida que enfrentamos desafios ambientais no presente, entender essas relações históricas entre plantas e polinizadores pode oferecer insights valiosos para a preservação de ecossistemas e a sustentabilidade agrícola.

Portanto, esse estudo não apenas fornece informações cruciais sobre a história evolutiva das plantas e abelhas, mas também destaca a necessidade de proteger esses polinizadores essenciais. A pesquisa da Universidade Monash abre portas para um melhor entendimento das interações ecológicas passadas e oferece diretrizes para práticas futuras em agricultura e conservação ambiental. [Phys]

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