A Maior Reator de Fusão Nuclear do Mundo Acaba de Entrar em Funcionamento

Por , em 4.12.2023
JT-60SA. (Institutos Nacionais para Ciência e Tecnologia Quântica, QST/AFP)

Na sexta-feira passada, o Japão deu um passo significativo no campo da energia nuclear ao inaugurar o maior reator experimental de fusão nuclear em operação do mundo. Esta tecnologia, ainda em fase de desenvolvimento, é vista por muitos como uma possível solução para as necessidades energéticas futuras da humanidade.

Diferentemente do processo de fissão utilizado nas usinas nucleares atuais, onde um núcleo atômico é dividido, a fusão nuclear consiste na união de dois núcleos atômicos. Este método promete ser uma fonte de energia mais segura e sustentável.

O reator JT-60SA tem como missão principal investigar a praticabilidade da fusão nuclear como uma fonte de energia segura, escalável e livre de carbono, que produza mais energia do que a necessária para sua operação.

Localizado em Naka, ao norte de Tóquio, o reator tem seis andares de altura e é composto por uma câmara em forma de toroide, conhecida como “tokamak”. Esta câmara é projetada para conter plasma aquecido a temperaturas extremas de 200 milhões de graus Celsius (360 milhões de graus Fahrenheit).

Este projeto é uma colaboração entre a União Europeia e o Japão e atua como um precursor do ITER (Reator Experimental Termonuclear Internacional), uma instalação ainda maior em construção na França.

O objetivo destes projetos é replicar o processo de geração de energia do sol, fundindo núcleos de hidrogênio para formar hélio, liberando energia na forma de luz e calor.

Apesar de enfrentar desafios como excesso de orçamento, atrasos e problemas técnicos, os pesquisadores do ITER buscam alcançar o objetivo final da tecnologia de fusão: a geração de mais energia do que é consumida na sua produção.

Sam Davis, vice-líder do projeto JT-60SA, afirmou que este reator contribuirá significativamente para o avanço da energia de fusão. Ele destacou o envolvimento de mais de 500 cientistas, engenheiros e mais de 70 empresas da Europa e do Japão no projeto, conforme mencionado durante a inauguração.

Kadri Simson, Comissário de Energia da UE, elogiou o JT-60SA como o tokamak mais avançado do mundo, marcando um momento importante na história da tecnologia de fusão. Simson ressaltou o potencial da fusão para se tornar um componente essencial na matriz energética global na segunda metade do século.

Um marco na tecnologia de fusão, o ganho de “energia líquida”, foi alcançado em dezembro passado no National Ignition Facility do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, que abriga o maior laser do mundo.

A instalação americana utiliza um método diferente do ITER e do JT-60SA, conhecido como fusão por confinamento inercial, onde lasers de alta energia são direcionados simultaneamente para um pequeno cilindro contendo hidrogênio.

O governo dos EUA considerou este desenvolvimento como um passo fundamental para alcançar uma fonte de energia limpa e inesgotável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis que emitem carbono, contribuem para as mudanças climáticas e causam instabilidade geopolítica.

Ao contrário da fissão, a fusão é considerada livre do risco de acidentes nucleares catastróficos, como o ocorrido em Fukushima, no Japão, em 2011, e espera-se que gere muito menos resíduos radioativos do que as usinas nucleares atuais, segundo os defensores dessa tecnologia. [Science Alert]

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