12 fotos de natureza que podem ser falsas, possivelmente cruéis
Fotos de sapos com guarda-chuvas improvisados e de lagartos fazendo poses de Kung Fu têm um apelo inegável, mas podem ser fruto de um trabalho pouco honesto de exploração animal: em artigo publicado no site Weibo, traduzido para o inglês pelo fotógrafo Jenn Wei, um analista (cujo nome infelizmente não descobrimos) apontou possíveis indícios de que fotos de “flagras da natureza” que fazem sucesso na internet foram forjadas.
O sapo e o guarda-chuva
O fotógrafo Penkdik Palme diz que este sapo passou meia hora debaixo de uma folha para se abrigar da chuva, rendendo o belo conjunto de imagens acima.
Não é explicado, porém, por que a folha que aparece na última foto é diferente. Outro questionamento: se sapos precisam manter a pele umedecida, por que ele tentaria se proteger da chuva? Além disso, a chuva está aparentemente uniforme demais, um indício de que teria sido forjada com um regador. Por fim, as manchas vermelhas no corpo do sapo são possíveis indícios de que foi ferido e manipulado até ficar nas posições desejadas pelo fotógrafo.
O sapo que manda um recado
Supostamente, o fotógrafo Shikhei Goh passou horas seguindo este sapo, que eventualmente virou para trás e mostrou os dedos do meio, em um gesto quase humano – pelo menos é o que foi dito em uma matéria publicada em março no jornal The Sun.
O analista da Weibo, porém, não está totalmente convencido quanto à veracidade do relato. Em primeiro lugar, essa espécie de sapo (Agalychnis callidryas) não é natural da Indonésia, mas da América Central e da América do Sul – seria preciso comprar o animal em uma loja especializada.
O mais estranho, porém, é a pose: “Suspeito que Shikhei tenha usado um fio para forçar o sapo a posar na foto, para depois removê-lo com Photoshop”, conta o analista. Veja uma simulação:
O sapo lutador
“Gosto de insetos e animais, e acho interessante observá-los. Quando este sapo desloca seu centro de gravidade para a esquerda, ele levanta sua perna direita. É rápido como um raio e foi embora em um piscar de olhos, mas graças a Deus consegui captar”, relata Shikhei Goh. Outra simulação mostra, porém, que o movimento talvez não tenha sido tão rápido (e nem mesmo natural).
Lagartos dançarinos e sapos modelos
“Captá-los é difícil porque eles não param de se mover. Mas os movimentos desses camaradas são como uma dança. Parece que um deles está executando um chute de Kung Fu”, comenta Goh. O analista rebate: “Qualquer um que tenha criado um desses animais sabe que eles não posariam assim nem que usassem ecstasy. Todos eles contam com uma ajuda de fios”.
De carona com um caracol
Em entrevista publicada em junho pelo Daily Mail, o fotógrafo Uda Dennie contou como conseguiu captar a sequência acima: “Foi desafiador, e tive que esperar por um momento único. O mais importante é ter paciência, [pois] às vezes pode levar horas para captar o momento. Eu fiquei realmente surpreso quando vi o bebê sendo carregado pela mãe em sua concha – nunca tinha visto esse tipo de comportamento”.
A primeira coisa que chamou a atenção do analista foi o fato de que os dois caracóis na foto (“mãe e bebê”, segundo o fotógrafo) são de espécies diferentes – ambas terrestres, porém. A segunda é que “o caracol não iria ativamente cruzar um rio; seus tentáculos se retrairiam ao entrar em contato com a água. Assim, ele procuraria uma rota alternativa”, aponta. Tudo leva a crer que não se trata de um rio, mas de uma fina camada de água, fotografada de um ângulo que favoreça o reflexo e dê a impressão de profundidade.
Aranha sobre as águas
As imagens acima foram capturadas pelo fotógrafo amador Nunu Rizani e divulgadas no jornal Daily Mail em outubro de 2012. Supostamente, a aranha começou a brincar na poça d’água que se formou sobre uma mesa de mármore no quintal de Rizani.
“Uma aranha normal caminha com cautela, e essa aí está semi-submersa”, avalia o analista. “Brincar” dificilmente estaria nos planos da aranha, nesse caso.
O caracol e o sapo
De acordo com o fotógrafo Lacy Sebastian, o caracol acima levou oito minutos para passar sobre o sapo preguiçoso.
Mais uma vez, o analista não se convenceu: “Caracóis são lentos, mas não tanto! A julgar pela foto, o caracol estava se movendo o mais rápido que podia e poderia passar sobre o sapo em 15 segundos, talvez até mesmo em 10”. Já o aparente cansaço do sapo pode ser consequência de vários minutos de manipulação por parte do fotógrafo em busca do ângulo certo.
Passageiro folgado
Nessas fotos, tiradas pelo fotógrafo Nordin Seruyan, houve uma “inversão de papéis”: desta vez, foi o sapo que subiu no caracol. Uma cena quase certamente forjada.
Camaleão na hora do almoço
“Eu estava andando por um gramado. De repente, interrompi a caminhada porque vi esse belo camaleão escalando uma longa folha. O camaleão viu esse grilo por perto e de repente usou a língua para capturar a presa”, contou o fotógrafo Shikhei Goh (sim, ele de novo), em entrevista divulgada no Daily Mail em outubro de 2012.
Para o analista, a ideia de Goh ter encontrado o camaleão durante uma caminhada na Indonésia soa estranha, já que essa espécie é nativa de Madagascar. O grilo, por sua vez, poderia muito bem ter sido comprado em uma loja onde era vendido como isca viva.
Libélula x tempestade
Goh ganhou uma competição de fotografia da National Geographic com a imagem acima. “Eu estava tirando fotografias macro como sempre, naquela vez. Tinha outros temas em mente e não havia notado essa libélula. Quando me preparo para fotografá-la, a tempestade se aproxima. Eu estava em dúvida se deveria continuar fotografando, mas a iluminação estava incrível. Assim, decidi continuar e o resultado foi fantástico”.
“Tempestade, luz e vento forte, e uma libélula que se recusava a desistir: quatro elementos não relacionados se juntando é algo muito raro”, diz o analista. “Nota: Uma cauda levantada é um mecanismo de defesa; significa que o animal está em estado de choque”.
Grande tensão num mundo pequeno
“Os trabalhos do fotógrafo indonésio Fahmi Bhs são conhecidos por suas histórias e ele cria tensão dramática de maneira hábil, o que é visualmente interessante”, avalia o analista do Weibo. Infelizmente, essas belas imagens podem ser fruto de manipulação.
As formigas carregadoras
Formigas da espécie Oecophylla smaragdina são fortes, mas carregar sementes da maneira retratada nas fotos acima não é natural. Ainda assim, essas imagens, capturadas pelo fotógrafo Eko Adiyanto, renderam ao autor um lugar entre os finalistas de um concurso de fotografia da Smithsonian Magazine – na categoria “Mundo Natural”.
Por fim, fica a reflexão: “Acredito que eles representem apenas uma minoria dos fotógrafos indonésios, mas o dano causado é difícil de medir”, conclui o analista. “Ganhar prêmios e lucros por meio de fraude e de abuso de animais não é justo com os verdadeiros fotógrafos da natureza”.
“Eles deveriam capturar a verdadeira essência da vida selvagem, não forçar os pobres animais a segurar um guarda-chuva, dançar ou fazer poses de Kung Fu. Nós acreditamos na verdadeira natureza, não em fotos fabricadas e posadas às custas dos direitos dos animais”. [Within the Chronicle’s Frame; Gizmodo]
9 comentários
Oque eu não entendo, é que todos ficam “óh, abuso de animais para fotografias”, e até agora nada para as modelos, que as vezes são obrigadas a usar drogas para uma boa foto. Não sei bem como o “mundo da arte” funciona, mas creio que é quase isso. Mas também é uma grande injustiça com animais.
não só a falsidade me irrita mas tanbem os sinais de maus tratos.
Não digo que todas são verdadeiras mas eu aj vi muitas coisas fantásticas na natureza.Se eu fotografasse diriam que é mentira kkk tudo tem q ser filmado hoje em dia aff
Bacana a materia! Na foto “O PASSAGERIO FOLGADO”, da para se notar claramente na penultima e ultima foto que os sapos são de especies diferentes se observar bem, posso ate ter me enganado, mais me deu essa nítida impressão!
a diferença da cor do sapo pode ser explicada pela diferente iluminação, mas a diferença nos padrões das conchas me parecem mostrar caracóis diferentes (podem ser da mesma espécie, mas veja como as “listras” da concha do caracol da foto 1 tem um padrão paralelo ao corpo do animal, enquanto da foto 2 tem um padrão mais perpendicular…. e a espiral da foto 2 tbm parece escura, da foto 1 mais branca…
Lamentável tal atitude…
Eles não são nem de perto fotógrafos, são apenas charlatões com uma câmera no pescoço….
A última foto, provavelmente, foi invertida… E aqueles fios… Não fazem sentido, por exemplo, no “sapo lutador” se amarrássemos as 3 patas dele, a tendência seria que ele ficasse totalmente no ar, não com a outra esticada… Enfim, não sou especialista, mas acho que muitas podem ser reais apesar da coloração artificial;
lembro que a foto da libélula ganhou um prêmio.
nossa e sera que no comcurso ninguem percebeu isso , pobres animais sao usados por animais estupidos que se acham superiores