Associação controversa entre um gene e depressão é confirmada por nova análise

Por , em 6.04.2011

Desde que descoberta, a variação do gene 5-HTTLPR já teve todo tipo de reputação. Estudos indicaram que o gene predispunha as pessoas à depressão, enquanto outras pesquisas não encontraram nenhuma ligação consistente entre o gene e a condição.

Agora, uma nova análise, a mais completa até a data, que incluiu 54 estudos sobre a relação entre depressão e o gene, descobriu evidências bastante fortes de que há realmente um efeito produzido pela variação.

O gene 5-HTTLPR foi descoberto em meados da década de 1990. Ele codifica uma proteína que transporta o neurotransmissor serotonina (uma substância química conhecida por estar envolvida na depressão) de sinapses, e as retorna para os neurônios para ser reutilizada na sinalização cerebral.

Em 2003, ficou famoso quando pesquisadores descobriram que uma versão curta do gene parecia tornar as pessoas menos resistentes ao estresse e, portanto, mais propensas à depressão.

Uma versão mais longa do gene (composta de mais pares de base, ou duas moléculas de nucleotídeos que se sentam em frente uma da outra em fitas complementares de DNA), por outro lado, parecia aumentar a resiliência.

Dezenas de estudos se seguiram. Alguns confirmaram a ligação e alguns não conseguiram encontrar uma conexão. Em 2009, um segundo grupo de pesquisadores analisou 14 estudos que tentaram replicar a descoberta original. A análise não mostrou nenhuma evidência de conexão entre o gene e a depressão.

Segundo os pesquisadores, os 14 estudos analisados foram uma amostra limitada, tendenciosa. O novo estudo usou uma técnica estatística diferente para analisar 54 estudos sobre a relação entre o gene variante, estresse e depressão.

Quando todos os estudos foram levados em conta, a maior descoberta é que existe uma interação pequena, mas significativa, entre o gene, estresse e depressão. As pessoas com o alelo curto são mais vulneráveis ao stress.

Os cientistas também descobriram que os estudos que foram mais abrangentes na coleta de dados, entrevistando os participantes cara a cara, por exemplo, mostraram de forma mais clara a relação com a depressão.

O tipo de estresse também pareceu importar. Pessoas com o gene curto que sofreram abuso ou maus-tratos na infância eram mais propensas à depressão do que as pessoas com o gene curto que foram expostas a estressores mais tarde na vida, ou de curto prazo.

O estudo deve “fechar o capítulo” sobre a controvérsia do 5-HTTLPR. Quando os pesquisadores tentaram revisar apenas os 14 estudos analisados no documento de 2009, eles também obtiveram um resultado negativo. Isso sugere que foi uma amostra enviesada.

Com a conexão entre o 5-HTTLPR, estresse e depressão reconfirmada, o estudo deve se voltar para os mecanismos pelos quais o estresse pode alterar a atividade do gene. Os pesquisadores ainda não sabem como os vários aspectos do meio ambiente estão interagindo com este gene para criar a mudança de comportamento.

Os cientistas também lembram que o 5-HTTLPR é apenas uma parte do quebra-cabeça da depressão, e é provável que outros genes possam dizer mais sobre como a doença se desenvolve. [LiveScience]

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