Pessoas deprimidas não conseguem diferenciar emoções

Por , em 14.10.2012

Um surpreendente estudo da Universidade de Michigan (EUA) sugere que pessoas clinicamente deprimidas têm dificuldade em diferenciar entre emoções negativas, como raiva e culpa.

O estudo foi publicado na revista Psychological Science. A pesquisadora do departamento de psicologia da Universidade e principal autora da pesquisa, Emre Demiralp, disse que queria investigar se as pessoas com depressão clínica tinham “medidores” emocionais informativos, ou seja, se experimentavam emoções com o mesmo nível de especificidade e diferenciação que as pessoas saudáveis.

106 pessoas com idades entre 18 e 40 anos participaram do estudo, metade das quais foram diagnosticadas com depressão clínica.

Por sete a oito dias, os participantes gravaram suas emoções em 56 momentos aleatórios do dia, identificando como se sentiam com base em sete emoções negativas: tristeza, ansiedade, raiva, frustração, vergonha, nojo e culpa, e quatro emoções positivas: alegre, animado, alerta e ativo, usando uma escala de um (nada) a quatro (muito).

Durante o estudo, os participantes descobriram que, quando experimentavam duas emoções ao mesmo tempo, era desafiador distinguir entre as emoções negativas.

Os cientistas analisaram a tendência de cada participante em reportar emoções múltiplas (por exemplo, revoltado e frustrado ao mesmo tempo) e, de acordo com sua metodologia, quanto mais emoções foram relatadas em conjunto, menos a pessoa diferenciava essas emoções.

Eles também descobriram que pessoas clinicamente deprimidas diferenciavam menos emoções negativas do que as saudáveis.
Notavelmente, eles não encontraram a mesma diferença entre os grupos para as emoções positivas: pessoas com e sem diagnóstico de depressão clínica foram igualmente capazes de diferenciar entre emoções positivas. Demiralp acredita que as emoções positivas servem como um “mecanismo de enfretamento” para lidar com as emoções negativas em pessoas deprimidas.

Segundo ela, a distinção entre as diversas experiências emocionais afeta diretamente a forma como os indivíduos lidam com as pressões da vida, por isso, ser incapaz de diferenciar certas emoções pode levar uma pessoa a escolher uma ação que não é adequada.

“É difícil melhorar sua vida sem saber se você está triste ou irritado com alguns de seus aspectos”, defende Demiralp. “Imagine que você não tem um medidor que indique o nível de gasolina do seu carro. Seria difícil saber quando parar para abastecer, não?”.

Esses resultados indicam que ser específico sobre as emoções negativas pode ser uma coisa boa. “Poderia ser melhor evitar pensar que você está se sentindo ruim ‘no geral’. Seja específico. É raiva, vergonha, culpa, ou alguma outra emoção? Isso pode ajudar a contornar o seu problema e melhorar sua vida. É um dos nossos grandes objetivos investigar abordagens para facilitar este tipo de inteligência emocional em larga escala na população”, conclui Demiralp.[MedicalXpress, DNA]

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