Bebês acalmam imediatamente depois de serem pegos no colo
Novas mães aprendem rapidamente que os bebês se acalmam quando são pegos no colo e balançados. Agora, esse conhecimento popular tem apoio cientifico: pesquisadores japoneses dizem que essa resposta calmante é na verdade um conjunto coordenado de reações envolvendo o sistema nervoso, motor e cardíaco da criança.
“É muito difícil para os adultos relaxarem tão rapidamente”, disse a dra. Kumi Kuroda, neurobióloga e principal autora do estudo publicado na revista Current Biology. “Eu acho que é específico da fisiologia infantil”.
O estudo
Os cientistas usaram eletrocardiogramas para medir e monitorar os batimentos cardíacos de 12 bebês humanos saudáveis no berço, longe da mãe e quando eram carregados. Também fizeram o mesmo com filhotes de ratos.
Eles descobriram que tantos os batimentos cardíacos das crianças quanto dos filhotes diminuíam quase que imediatamente assim que eles eram carregados. Os pesquisadores trabalharam com bebês menores de 6 meses, e a resposta mais forte foi vista naqueles com três meses ou menos.
No caso dos filhotes de ratos, foi preciso apenas um segundo para o ritmo cardíaco cair. Em bebês humanos, demorou cerca de três segundos.
Por fim, os pesquisadores afirmam que a mãe não é a única pessoa que pode ter esse efeito calmante. “Nós também fizemos alguns estudos preliminares com os pais e avós”, contou. “E, basicamente, eles podem ter o mesmo efeito”.
Mamíferos moles
O mesmo tipo de reação tem sido visto, informalmente, em muitos outros mamíferos. “Leões às vezes carregam os filhotes pela boca, e sabe-se que eles parecem muito relaxados, com os olhos fechados”, disse a dra. Kuroda. “Mas ninguém tinha medido essa resposta infantil até agora”.
Segundo os pesquisadores, essa calmaria pode fazer mais do que salvar a sanidade dos pais. Bebês mamíferos em “transe” têm melhores chances de sobrevivência, já que carregar criaturinhas se contorcendo é um trabalho difícil, e as mamães se saem melhor com bebês relaxados.
“A ideia faz sentido”, disse o pediatra John Harrington, que não estava envolvido com a pesquisa. “Se você está fugindo de um predador, você quer seu filho encolhido contra o seu peito e tranquilo”.
Em um experimento com os ratos, os pesquisadores drogaram ou anestesiaram os filhotes para que eles não pudessem sentir que estavam sendo carregados. Neste caso, os animais não relaxaram tanto. Mães que transportavam bebês se contorcendo, por sua vez, levaram mais tempo para voltar ao ninho do que as mães segurando filhotes calmos.
No entanto, especialistas dizem que mesmo os comportamentos que têm a mesma aparência podem ter finalidades diferentes em espécies diferentes. “É legal traçar paralelos, mas temos que ter cuidado ao generalizar os estudos em animais para seres humanos”, adverte Rebecca Pillai Riddell, da Universidade de York em Toronto (Canadá).
Já a dra. Kuroda diz que, tanto em humanos quanto em ratos, as respostas dos bebês parecem ser uma forma de colaborar com suas mães. “Ser carregado é necessário para a criança, por isso ela coopera com a mãe”, argumenta.[NYTimes, ScienceNews]