Será que cérebros cultivados em laboratório estão sofrendo?

Por , em 24.10.2019
Image by Raman Oza from Pixabay

Cientistas estão preocupados que mini cérebros ou “organoides” cerebrais criados em laboratório possam estar sofrendo. Esse alerta deve ser entregue, na segunda-feira, por pesquisadores do Green Neuroscience Lab, em um dos maiores encontros anuais de neurociência do mundo.

Para eles, mesmo que o uso de organoides possa representar chance de estudo de grande variedade de questões relativas à saúde humana, se houver possibilidade de sofrimento as atividades devem ser cessadas.

Embora não existam provas de que um mini cérebro tenha se tornado consciente ou senciente, os pesquisadores consideram o risco muito alto para dar continuidade ao uso dessa alternativa. As bolhas de tecido são feitas de células-tronco e, embora tenham o tamanho de uma ervilha, alguns desenvolveram ondas cerebrais espontâneas, semelhantes às observadas em bebês prematuros.

Para os autores, entre eles o diretor do Centro de Direito e Biociência da Universidade Stanford, na Califórnia, Hank Greely, os organoides ainda não são suficientemente sofisticados para provocar preocupações imediatas, mas as diretrizes devem começar a ser discutidas.

Porque usar esse método

Os mini cérebros são uma possibilidade para os cientistas estudarem o desenvolvimento e condições neurológicas em algo mais semelhante ao cérebro humano, do que os modelos animais. Os organoides têm sido usados pra investigar esquizofrenia e autismo, além de tentar compreender porque os bebês desenvolvem cérebros pequenos quando infectados pelo Zika vírus ainda no útero.

Foram desenvolvidos mini cérebros cada vez mais complexos, mesmo que ainda não tenha sido possível atingir a complexidade do cérebro humano. Em estudo recente, pesquisadores de Harvard mostraram o desenvolvimento de rica diversidade de tecidos. Organismos cultivados por oito meses desenvolveram redes neurais que despertaram com atividade, além de apresentar resposta ao receber luz.

Embora Greely duvide que alguém tenha chegado a esse ponto, a preocupação maior é se houver motivos para acreditar que os organoides têm reação de aversão aos estímulos pelos quais passam, como sentir dor. [Futurism, The Guardian]

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