Coca-Cola: o mercado de bebidas com infusão de cannabis deve ganhar mais um sabor

Por , em 18.09.2018

De olho no crescente mercado de bebidas de cannabis, a Coca-Cola está planejando uma possível entrada que expandiria as ambições da maior fabricante mundial de refrigerantes.

A empresa anunciou seu interesse na segunda-feira (17), afirmando estar em conversação com a empresa canadense Aurora Cannabis Inc. para desenvolver bebidas infundidas com canabidiol (CBD), a substância química não psicoativa encontrada na maconha.

A maconha recreativa se tornará legal no Canadá em 17 de outubro. A Coca-Cola está correndo para se juntar a outras empresas de cervejas e cigarros para testar esse comércio no país.

Para todos os gostos

Coca-Cola e Aurora, em declarações separadas, disseram que estavam interessadas em bebidas infundidas com canabidiol, mas não comentaram detalhes. As ações da Aurora subiram 17%, enquanto as da Coca-Cola subiram ligeiramente.

Bebidas com CBD não “dão barato”, mas provavelmente visam aliviar a inflamação, dor e cólicas.

Os produtos de CBD seriam diferentes daqueles produzidos pelos fabricantes de álcool, destinados a gerar uma sensação através do uso do tetrahidrocanabinol (THC), o principal produto químico psicoativo da maconha.

As fabricantes de cerveja Constellation Brands, Molson Coors e Heineken já atuam nesse mercado. Por exemplo, a cerveja artesanal da Heineken, Lagunitas, lançou recentemente o Hi-Fi Hops, uma espécie de água tônica com sabor de cerveja infundida com THC e CBD.

Produtos mais saudáveis

A Coca-Cola busca um segmento de rápido crescimento que se encaixa bem na sua área de produtos funcionais de bem-estar. Recentemente, a empresa lançou um sabor novo no Brasil, a Coca-Cola Plus Café Espresso, com 40% mais cafeína e 50% menos açúcar em relação à Coca-Cola original.

“As bebidas THC provavelmente ficam melhores com os fabricantes de cerveja, e talvez a CBD se encaixe melhor com a Coca-Cola, em termos de manter a tendência de saúde”, disse o analista da Liberum, Nico von Stackelberg.

Há um crescente interesse do consumidor no CBD, uma vez que suas propriedades servem bem como ingredientes de uma bebida de recuperação esportiva. Aliás, produtos como Gatorade podem se interessar pelo novo mercado canadense também.

Além de Aurora, as empresas de cannabis Tilray e Aphria também são alvos de parcerias com grandes companhias que querem explorar esse negócio na América do Norte.

Economia

O Canadá é a primeira grande economia a legalizar a maconha recreativa. Vários estados dos EUA já legalizaram a cannabis, mas a substância continua proibida pela lei federal.

As vendas nos mercados legais dos EUA devem quase triplicar em 2020, de US$ 5,4 bilhões em 2015 para US$ 16 bilhões, segundo a Euromonitor International. Além disso, a Constellation indicou que a maconha pode valer US$ 200 bilhões em 15 anos.

O canabidiol é uma das centenas de moléculas encontradas na maconha e contém menos de 0,1% do THC. Não causa intoxicação. Já existem bebidas com CBD disponíveis em alguns mercados, feitas por marcas como Dirty Lemon, Sprig e Kickback. Explorar esta substância traz pouco risco de reputação para a Coca-Cola. [Reuters, G1]

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