Como os Rudolphs da vida real conseguem descansar o suficiente: Dormindo enquanto mastigam!

Por , em 23.12.2023

Às vésperas da véspera de Natal, um evento crucial para o Papai Noel e Rudolph, que se envolvem em uma notável maratona noturna para distribuir presentes, surgem questionamentos sobre os hábitos de sono das renas reais ao longo do ano.

Uma pesquisa recente divulgada no periódico Current Biology sugere que a chave para a administração do sono das renas pode envolver multitarefa, conforme esclarecido por um grupo de cientistas. O ambiente singular do Ártico, caracterizado por escuridão contínua ou luz perpétua no inverno e no verão, representa um desafio para as renas, de acordo com Gabi Wagner, neurocientista do Instituto Norueguês de Pesquisa em Bioeconomia e coautora do estudo.

As renas exibem atividade intensificada durante a curta estação de crescimento no verão, alimentando-se principalmente de uma variedade de alimentos, como líquens, ervas, cogumelos e plantas. Por outro lado, no inverno, quando a comida escasseia, sua atividade diminui. Pesquisadores, liderados por Wagner, tentaram explorar quando e como as renas dormem, especialmente durante o período abundante de alimentação no verão.

Em uma abordagem pioneira, a equipe, incluindo Melanie Furrer, neurocientista da Universidade de Zurique, observou a atividade cerebral das renas enquanto dormiam. Métodos de gravação não invasivos, envolvendo a colocação de eletrodos na pele das renas em vez de implantes invasivos no cérebro, foram utilizados durante monitoramento contínuo no verão, outono e inverno.

Contrariando as expectativas, o estudo revelou que as renas mantêm uma duração consistente de sono ao longo do ano. Furrer especulou que a ruminação, o processo de mastigar o cud, poderia desempenhar um papel nesse padrão de sono. Analisando as ondas cerebrais da ruminação, Furrer descobriu semelhanças com o sono profundo não REM. Curiosamente, quanto mais as renas ruminavam, menos sono profundo necessitavam.

As descobertas sugerem que a ruminação nas renas serve a um propósito duplo – facilitar a digestão e proporcionar uma oportunidade para o sono. Esse comportamento multitarefa garante que as renas adquiram o sono essencial de que precisam, mesmo durante períodos de atividade intensificada.

Menno Gerkema, um cronobiologista aposentado não envolvido na pesquisa, expressou entusiasmo pelas implicações do estudo, sugerindo potenciais caminhos para uma exploração mais aprofundada do comportamento animal.

As revelações do estudo estão alinhadas com o conhecimento tradicional dos Sámi, povo indígena da Noruega que pastoreia renas há séculos. Wagner, que colabora com a comunidade Sámi, enfatizou que os dados fisiológicos agora apoiam a compreensão de longa data de que as renas precisam de tranquilidade para se alimentar, ruminar e obter o descanso necessário tanto para a extração de energia quanto para a recuperação cerebral.

Reconhecendo a importância desse aspecto biológico, Wagner defende a alocação de pastagens que acomodem a necessidade das renas de mastigar cud e experimentar um sono profundo, mesmo durante os dias prolongados de verão, quando as festividades de Natal ainda estão longe. Essa abordagem visa não apenas a preservação das renas, mas também a promoção de práticas sustentáveis e respeitosas com a natureza, em sintonia com a sabedoria acumulada ao longo de gerações pelos povos indígenas. [NPR]

Deixe seu comentário!