A contagem de esperma caiu 50% nos homens do Ocidente

Por , em 26.07.2017

Durante décadas, os cientistas têm alertado que a contagem de esperma entre homens ocidentais está caindo.

No que é agora o maior e mais abrangente estudo do tipo, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel) e da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai (EUA) apresentaram provas convincentes em apoio a essa afirmação.

O estudo mostrou que a contagem de esperma caiu mais de 50% em apenas quatro décadas.

Meta-análise

Os pesquisadores realizaram uma meta-análise de 185 estudos com mais de 40 mil indivíduos publicados entre 1973 e 2011, documentando um declínio de 52,4% na concentração de esperma e de 59,3% na contagem total de espermatozoides entre os homens que vivem na América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia.

Os mesmos declínios não foram observados entre homens que vivem na América do Sul, Ásia e África, onde foram realizados menos estudos.

Tanto a contagem total de esperma como a concentração de esperma são boas medidas da capacidade reprodutiva masculina. Os homens utilizados nesses estudos não foram escolhidos por causa de problemas de fertilidade suspeitos.

De forma alarmante, a taxa de declínio não parece estar diminuindo. A inclinação foi “íngreme e significativa”, mesmo quando a meta-análise foi restrita a estudos realizados após 1995.

Fortes evidências

Os cientistas começaram a notar que algo estava errado com as contagens de esperma humano em 1992, mas a questão permaneceu controversa devido a pesquisas pouco convincentes.

“Estudos anteriores usaram tamanhos de amostra menores, enquanto nosso estudo foi três vezes maior que o feito em 1992”, explicaram Hagai Levine, autor principal do estudo, e Shanna H. Swan, coautora, ao portal Gizmodo. “Isso nos permitiu medir e avaliar de forma confiável tendências em subgrupos”.

Outros problemas com a pesquisa anterior incluíram critérios de triagem ruins ou insuficientes, falta de controle de qualidade e métodos estatísticos limitados – todos os quais foram abordados no novo estudo, de acordo com os pesquisadores.

“Desenvolvemos um protocolo muito detalhado, todos os nossos estudos selecionados foram examinados por dois pesquisadores de forma independente, tivemos um processo rigoroso de controle de qualidade e usamos métodos de meta-regressão de última geração não disponíveis em 1992”, concluíram.

Estilo de vida

O esperma reduzido pode ser resultado de influências ambientais, incluindo exposição a produtos químicos nocivos no útero, exposição a pesticidas e fatores de estilo de vida, como tabagismo, obesidade e estresse.

Não surpreendentemente, baixas contagens de esperma também estão associadas à redução da fertilidade.

Na nova análise, os pesquisadores avaliaram a confiabilidade das estimativas para fatores que poderiam explicar o declínio, como idade, tempo de abstinência e seleção da população estudada. Ao fazê-lo, conseguiram confirmar o que já era suspeito há algum tempo.

“A diminuição da contagem de esperma tem sido uma grande preocupação desde que foi relatada há vinte e cinco anos. Este estudo definitivo mostra, pela primeira vez, que esse declínio é forte e contínuo. O fato de que é visto nos países ocidentais sugere fortemente que produtos químicos estão desempenhando um papel causal nessa tendência”, argumenta Swan.

Problema

Por enquanto, as explicações para o fenômeno são apenas especulação. Os cientistas realmente não sabem o que está causando a diminuição na contagem de esperma, mas este estudo sugere que o estilo de vida ocidental pode ter algo a ver com isso.

Levine e Swan recomendam que análises futuras investiguem partes do mundo não cobertas por esta última análise.

Apesar disso, não estamos nem perto de uma crise de fertilidade. Claro, os dados mostram uma tendência, mas isso não garante que ela vá continuar no futuro. De qualquer forma, para o crescente número de casais que não conseguem conceber, isso já é um problema sério. [Gizmodo]

1 comentário

  • Leticia Bispo Silva:

    Não só os animais,os seres humanos também correm risco de serem extintos. Chumbo trocado não dói.

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