Contraceptivos acabam com seu desejo sexual. Veja qual faz o menor estrago

Por , em 28.01.2020

Talvez isso já tenha acontecido com você: muitas mulheres reclamam de baixa libido quando começam a usar algum método contraceptivo, especialmente a pílula anticoncepcional.

Infelizmente, diversas formas de controle de natalidade de fato afetam o desejo sexual – esse é um efeito colateral possível devido a alteração da composição hormonal natural do corpo.

Mas calma; nem tudo está perdido. Usar um método contraceptivo não significa que você terá necessariamente uma diminuição na vontade de fazer sexo, bem como existem opções que não afetam tanto seus hormônios.

Abaixo, confira informações que podem te ajudar a entender melhor o que impacta seu desejo sexual e como fazer uma escolha segura e confortável para você.

Individual

De acordo com a ginecologista e obstetra Ashley Brant, da Cleveland Clinic (EUA), nem toda forma de contraceptivo hormonal irá afetar sua libido.

“A maioria dos estudos sugere que menos de 5% das pessoas sob controle de natalidade experimentam uma diminuição no desejo sexual, o que significa que a maioria das mulheres que usam contraceptivos não percebe diferença. Algumas notam uma melhora no desejo sexual enquanto usam o controle de natalidade. Isso pode ser porque estão menos preocupadas em engravidar”, explica a médica.

É difícil saber quem terá uma experiência negativa com o uso de contraceptivos e quem não terá. No entanto, é mais provável que você sinta efeitos se já possuir alguma variação no desejo sexual conforme seu ciclo menstrual progride.

“As mulheres que já experimentam essas flutuações [no desejo sexual] em resposta à variação hormonal podem estar mais propensas a sofrer alterações mais visíveis quando começam a tomar um contraceptivo oral, em comparação com as mulheres que não observam essas alterações no decurso do ciclo menstrual”, esclarece Alex Polyakov, diretor do Royal Women’s Hospital em Melbourne, na Austrália.

Hormônios, para que te quero?

Dito isto, tomar qualquer forma de contraceptivo hormonal – como a pílula, o adesivo, o anel, a injeção, o implante e o DIU hormonal – pode ter um impacto no seu desejo sexual.

Segundo Dana Shanis, ginecologista, obstetra e cofundadora do V Health and Wellness (EUA), os neurotransmissores responsáveis pelo nosso humor, incluindo nossa libido, possuem receptores hormonais que regulam sua liberação e métodos contraceptivos hormonais podem afetar esse processo, embora isso varie muito de indivíduo para indivíduo.

Alguns métodos possuem um risco menor justamente porque contém menos hormônios. Por exemplo, um DIU que contenha progesterona pode ter um efeito menor no desejo sexual do que uma pílula contraceptiva oral combinada (que contém uma combinação de dois hormônios para eliminar a ovulação). Isso porque a quantidade de hormônio absorvida é menor, além de normalmente não haver supressão da ovulação, e portanto haver a manutenção do ambiente hormonal normal do corpo.

A “mini” pílula também contém apenas progestina, então provavelmente tem um impacto menor no desejo sexual. A pílula combinada é mais comum e mais eficaz, no entanto.

Sem hormônios

Se você não quiser utilizar um método contraceptivo que “bagunce” com os neurotransmissores do seu organismo, existem algumas opções sem hormônios, como o DIU de cobre, a camisinha, o diafragma, o espermicida e a abstinência.

Brant alerta, porém, que esses métodos, exceto o DIU e a abstinência, são menos eficazes para prevenir gravidez, então é preciso utilizá-los com precaução.

Desejo sexual: complexo e largamente psicológico

Vale observar também que o desejo sexual não é afetado apenas por hormônios. Aliás, a libido é em grande psicológica, de forma que vai muito além do método contraceptivo escolhido.

“Por exemplo, se você usar um DIU de cobre, cólicas e aumento do sangramento podem torná-la menos propensa a querer sexo. Se você usa uma opção de controle de natalidade com menor eficácia, como preservativos, também pode ficar menos inclinada a querer sexo”, disse Polyakov.

Traumas e outras condições mentais também são conhecidos por afetar a libido. O desejo sexual pode ser impactado por medicamentos antidepressivos, por exemplo.

Paciência, observação e diálogo

Uma vez que você escolher um método contraceptivo, observe se e como ele afeta seu desejo sexual. Você pode – e deve – optar por outro método caso reconheça efeitos negativos, de diminuição no desejo sexual a enxaquecas, por exemplo.

Uma vez que fizer a troca, contudo, deve demorar algumas semanas para as alterações nos neurotransmissores voltarem ao normal.

“Como a pílula também pode afetar o fluxo sanguíneo na vagina e no clitóris, às vezes também afeta o processo de excitação e a capacidade de atingir o orgasmo. O retorno do fluxo sanguíneo geralmente ocorre dentro de duas semanas”, explica Shanis.

De acordo com a médica, a masturbação pode acelerar este processo.

Por fim, caso você esteja experimentando alguma diminuição no desejo sexual, pode ser interessante conversar com seu parceiro e discutir com ele tanto mudanças no método contraceptivo quanto outras opções para aumentar a libido do casal. O diálogo é muito importante para criar intimidade, o que por sua vez tem um impacto enorme no desejo sexual. [HuffPost]

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